17 de dezembro de 2025
EXCLUSIVO

Edílson quebra o silêncio sobre Máfia do Apito: ‘Sofro até hoje’

Por Marcos Eduardo Carvalho | Taubaté
| Tempo de leitura: 16 min
Reprodução
Edílson foi banido do futebol por causa do escândalo da 'Máfia do Apito'

Chama o VAR.
Após 20 anos, o ex-árbitro de futebol Edílson Pereira de Carvalho, 62 anos, quebra o silêncio e abre o jogo sobre a ‘Máfia do Apito’ em entrevista exclusiva a OVALE.

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Edilson, que é de Jacareí e hoje mora em Taubaté, ficou nacionalmente conhecido por seu envolvimento no escândalo conhecido como ‘Máfia do Apito’, esquema de manipulação de resultados no futebol brasileiro.

“Hoje, em 2025, estou psicologicamente ruim, pela burrada que eu fiz. Se arrependimento matasse, eu já estava morto há tempos. Já coloquei a arma umas três vezes na minha cabeça. Bate essa tristeza até agora”, disse ele.

O escândalo de manipulação de resultados de partidas levou à anulação de 11 jogos do Campeonato Brasileiro de 2005, apitadas por ele em uma era pré-VAR. A história vai ser tema de documentário e o ex-árbitro está na justiça para tentar barrar a exibição.

Em 2023, Edílson recebeu uma proposta da Join Comunicação Jornalística, do Rio de Janeiro, para gravar um documentário sobre sua história, sua carreira e as polêmicas da Máfia do Apito.

O ex-árbitro fechou contrato de R$ 50 mil com a produtora e que não recebeu o total do valor. Em entrevista exclusiva ao OVALE, ele disse que a empresa de comunicação ficou devendo R$ 11 mil e, além disso, outros R$ 10 mil extras que haviam sido prometidos ‘de boca’.

Ainda segundo Edilson, esse pagamento seria parcelado, com R$ 3.000 mensais. No entanto, nas palavras do ex-árbitro, a empresa parou de pagar em maio de 2025. Em seguida, ele foi convidado para participar de duas entrevistas, uma no YouTube do Cartoloucos e outra no programa do Benjamin Back, e aceitou.

Porém, a produtora alegou que Edílson teria quebrado o contrato e que não poderia dar entrevista antes de o documentário, em três episódios, ir ao ar em setembro de 2025, quando a Máfia do Apito completa 20 anos.

“Mas quem quebrou o contrato primeiro foram eles, por não me pagarem as parcelas, por dizerem que estava difícil naquele momento”, disse ele.

Então, Edílson entrou na Justiça, com um advogado de São José dos Campos, e passou a cobrar R$ 1 milhão previsto na cláusula de quebra de contato, além dos R$ 11 mil e mais R$ 10 mil que alega que teria que receber. A ação corre na Justiça do Rio de Janeiro.

Além disso, o ex-árbitro entrou com recurso para que o documentário não vá ao ar até que a pendência seja resolvida. “A gente contava com esse dinheiro, esses R$ 3.000, pois, eu não estava trabalhando. Aí a gente faz contas, compra as coisas para casa e conta com aquele valor todo mês”, disse ele durante a entrevista presencial realizada em um shopping de Taubaté.

A reportagem entrou em contato, por email, com a da Join Comunicação Jornalística e ainda aguarda um retorno. O espaço segue aberto para o outro lado.

A seguir, confira a entrevista concedida pelo ex-árbitro a OVALE.

Em 2023 você gravou um documentário, sobre sua vida, e hoje está em litígio com a produtora. Me conta um pouco dessa história.

Essa história começou em 2023, quando vieram me procurar em Jacareí, e perguntando onde eu morava. Um falava que era Caçapava, outro São Sebastião. Me ligaram e, na verdade, estou há nove anos em Taubaté, onde me casei, no segundo casamento. Marcamos encontro no shopping, conversamos muito sobre o documentário, se passaram 20 dias e eu fechei contrato com eles.

Então, começaram a me pagar por mês e, neste documentário, falavam da minha vida desde criança, até acontecer tudo o que aconteceu comigo em 2005, aquele episódio triste por minha exclusiva culpa, não fui forçado a nada. E assim foi desde março de 2023 até maio de 2024, que me pagassem um valor de R$ 3.000. Mas, em maio, quando venderam o documentário, deveriam me pagar o restante, que era R$ 11 mil, e começaram a pisar na bola comigo, não querendo me pagar.

E eu sabia que eles tinham recebido o valor total da Ancine. Nesse tempo, aparecer o Benjamin Back e o Cartoloucos, para dar entrevista, com R$ 5.000 de um e R$ 5.000 de outro. Mas, eu não podia dar entrevista, pois, eu era exclusivo da Join Comunication. E isso eles receberam em maio o valor total de R$ 2,8 milhões da Anvisa e não queriam me pagar esse valor irrisório de R$ 11 mil e mais R$ 10 mil que iriam me pagar de ‘boca’. Não me pagaram e depois me culparam que eu dei entrevista, que foi em agosto.

Então, quem quebrou o contrato primeiro foram eles. E, como eles quebraram, eu dei as duas entrevistas e, até hoje, em junho de 2025, não pagaram. Em dezembro de 2024, coloquei esses três produtores e duas produtoras do Rio de Janeiro na Justiça. Quem quebrasse o contrato primeiro, teria que pagar R$ 1 milhão, e agora cobramos esse contrato, que eles quebraram primeiro. E está correndo na 52ª Vara do Rio de Janeiro.

Quando aceitou fazer o documentário, imaginava essa dor de cabeça? Se arrepende?

No começo não, pois, estava desempregado em março de 2023. Poxa, R$ 50 mil dividido em R$ 3.000 todo mês, líquido, estaria ótimo para mim. Mesmo assim, estava fazendo uns bicos. Mas, a dor de cabeça que viria pela frente de eles quebrarem o contrato e expondo minha vida, do jeito que foi, não falando da máfia do apito, destruindo minha vida e até pagando para amigos meus em Jacareí falando mal de mim. Eles não têm que destruir a minha vida, não matei ninguém, nunca usei droga, nem cigarro eu fumo. Eu só errei em 2005, de 2005 para baixo, não teve nada de errado. Então, chamei o advogado e fiz o processo.

Já se passaram quase 20 anos dessa história da Máfia do Apito. Você ainda sofre com isso, paga por isso?

Sim, eu sofro psicologicamente, sonho. Não na rua, pois, poucos homens me conhecem, a molecada então... para me conhecer, tem que ter 45 anos ou mais e poucos me olham. Nunca sofri nenhum abuso de apontar o dedo, de xingamento, muito menos agora, depois de tantos anos. Mas sofri mesmo naquele tempo, em 2006, na verdade, quando comecei a sair na rua e arrumar emprego. As moças que faziam entrevista, não me conheciam, me aprovavam na carteira, para começar a trabalhar, eu ia na fábrica, passava um ou dois dias e já me mandavam embora.

Quando chegavam na fábrica, eram dois, três, quatro dias, me discriminavam 100% e me mandavam embora por ser aquele árbitro de 2005. Eu sofri muito, financeiramente, minha esposa, minha filha. Mas, hoje, em 2025, estou psicologicamente ruim, pela burrada que eu fiz. Se arrependimento matasse, eu já estava morto há tempos. Já coloquei a arma umas três vezes na minha cabeça. Bate essa tristeza até agora.

Por que saiu de Jacareí para Taubaté?

Em 2013, me separei da Márcia, minha antiga esposa. Financeiramente, degringolou a minha vida. Antes, era muito dinheiro que entrava, apitava jogo todo final de semana. Era R$ 10 mil em uma semana, trabalhando em um jogo. Além de fazer o que amava, ganhava todo esse dinheiro, merecidamente. E minha esposa não soube, nos momentos ruins, no ápice, em 2013, ela resolveu se separar. Deixei minha casa com elas e fui morar com minha mãe, de mais de 90 anos. E fui trabalhar com empilhadeira, logística.

Depois, comecei a namorar, em Caçapava, São José, não dava certo e arrumei essa namorada em Taubaté. Se passaram uns dois anos, minha mãe faleceu, já estava há três anos namorando, ela também viúva, sozinha. Então, porque não juntarmos e ela não aceitava se não fosse casar. E casamos na Igreja, ela fez questão disso. Vendi a casa da minha mãe, dividi com minha irmã e vim para Taubaté tentando emprego. E minha esposa atual estava perto de se aposentar. Agora, ela está aposentada e eu fazendo meus bicos no Mercado Livre e produtos que pessoal compra na internet. E três quatro vezes por semana, faço minhas vendas. Estamos muito bem casados, ela me acolheu na casa dela, com a cachorrinha e dá para comer nosso arroz com feijão.

Você voltaria a apitar?

Quase todos os dias, de manhã, eu dou minha corridinha no Jardim Independência, até aqui perto do shopping e estou muito bem fisicamente. Mas, a arbitragem, e isso é lei, é até 45 anos, 50 anos para árbitro Fifa. E, com essa idade, você é muito jovem e eu sempre cuidei, estou muito bem. Mas não voltaria apitar pela idade e, muito menos no amador. Já fui convidado, mas em primeiro lugar eu teria vergonha do que eu fiz. Ia ficar escutando as pessoas me xingando, com razão, em troco de R$ 300, 400. Não compensaria.

Em 2014, o Oscar Roberto Godoy (árbitro), me convidou para apitar showball, com jogadores da minha época, mas eu não quis. Muitos não iria nem para ver o jogo, iriam só para me ofender. Nem mexo mais com futebol, nem palestra. Não tenho a moral para fazer isso. Tenho a técnica, a experiência, mas para passar para outras pessoas, elas me olham de outra maneira.

Você sempre sonhou em ser árbitro? Até porque todo mundo quer ser jogador de futebol.

Logicamente, todo mundo quer ser jogador de futebol. Eu joguei no juvenil do São José, não juniores, na época do Tião Marino. Depois, fui para o juvenil do Santos, mas tinha o Tiro de Guerra em Jacareí, então, uma coisa ou outra. E foi passando o tempo, comecei a trabalhar em fábrica, mas aí comecei a jogar no amador em Jacareí. Mas, um dia faltou um árbitro e fui convidado para apitar. Eu era muito fã do Dulcídio Vanderley Boschillia, assistia aos jogos do profissional só para ver ele. Aí, faltou um árbitro, e o Nei da Liga me ofereceu R$ 100, em 1990, fui apitar sim, eu estava desempregado, lembro muito bem desse jogo.

Eu não sabia de regra muito bem, sabia o que todo mundo sabe, não tinha curso, mas todo mundo me conhecia, me respeitava e eu me saí bem. Acabou o jogo e todo mundo saiu me cumprimentando, dizendo que eu apitava melhor que muita gente. Então, fui convidado para apitar quatro jogos nos finais de semana, ia ganhar R$ 400, era muito dinheiro na época.

Em 1989, o Emidio Marques de Mesquita (ex-árbitro Fifa), estava dando curso de arbitragem em Jacareí. Não valia para nada, mas eu fiz e, desde então, eu fui fazer o curso na Federação Paulista. E, em 1991, fui subindo. Em 1993, em dois anos, estava apitando Taubaté e Jaboticabal, já na Intermediária (atual Série A-2).

E eu gostava muito, me dediquei e, em 1994, já apitei União São João e Corinthians, televisionado, tremendo. E ainda por cima era o Corinthians, um dos quatro de São Paulo, com jogadores famosos, que eu só via na televisão. Mas, achei muito mais fácil apitar a primeira divisão do que a Intermediária, mesmo sendo um pulo muito grande.

Ano passado você revelou que torce para o Corinthians. Atrapalha, para um árbitro, apitar jogo do time dele?

Olha, eu, meu pai, minha mãe e acho que, dificilmente alguém que mexe com futebol, ou que tenha jogado, não torça. Mas, eu sempre torci para o Corinthians. Mas, na televisão, na poltrona, eu nunca fui ao estádio ver jogo do Corinthians. Nem camisa do Corinthians eu tinha, mas antes já apitei infantil, juvenil, aspirantes e primeira divisão do Corinthians.

E nunca me passou pela cabeça ajudar o Corinthians. Nunca fui um torcedor fanático. Aliás, tenho uma estatística no meu computador em casa, que mais apitei derrotas do Corinthians, até nesse último jogo que fiz em 2005, contra o São Paulo. Isso é uma coisa da gente, se é profissional, é profissional. E eu fui toda a minha vida, e até hoje sou corintiano.

Na época da Máfia do Apito, você chegou a dizer que tinha muitas dívidas com bingos e que, por isso, aceitou a proposta dos apostadores para pagar essas dívidas. Como foi isso?

Olha, isso é uma invenção minha, porque não tem essa de você dever e segurar alguma coisa de maneira errada para cobrir sol com a peneira. Isso era mentira, até porque meu nome estava 24 horas por dia e eu tinha que jogar ‘bosta no ventilador’ como desculpa para o que eu fiz. Eu disse que estava devendo e, mesmo que tivesse devendo, não deveria ter feito algo mais errado. Não estava devendo, não.

E eu falava que eu não ia fazer os jogos para os apostadores e não fazia mesmo, mas embolsava o dinheiro, ganhei dinheiro sem esforço nenhum, R$ 21 mil, além dos R$ 5 mil de árbitro Fifa. Então, muitas vezes me deixei levar por isso e, quando a coisa não dava certo, quem perdia dinheiro era o apostador. Até então, tudo dava certo, mas não tem crime perfeito e descobriram.

Comecei em 2005, no Campeonato Paulista, no jogo Guarani x Corinthians. Mas teve um jogo Palmeiras e Santos, que ele apostou no Palmeiras e era para eu fazer resultado para o Palmeiras, e eu não fiz. O Santos ganhou, tinha um timaço. E eu deixe de ganhar R$ 20 mil nesse jogo. E teve um Santo André x Palmeiras, que ele perdeu mais um montante de dinheiro. Porém, quando dava certo, eu ganhava e os dois ganhávamos.

Você já disse, em entrevistas anteriores, que, na prática, não manipulou os 11 jogos anulados em 2005?

Sim, na verdade, as casas de apostas já estavam desconfiadas do meu nome e do apostador, que estavam sempre juntos. E, aí, cortaram o barato do Nagib Fayad, não deixaram mais ele apostar em jogos que eu apitava. Eu falava para colocar um amigo dele, esposa, mas o site não aceitava mais aposta alta no meu nome.

Desconfiou e só teve um jogo, Vasco e Figueirense, que ele disse não foi apostado, mas antes de começar o jogo foi apostado e depois do jogo ele me telefonou dizendo que não foi apostado e não deu dinheiro. Teve um pênalti que eu dei e não houve, mas era um lance interpretativo, e o Romário bateu o pênalti e fez o gol. Muitos árbitros dariam. Foi uma ‘meia falta’, mas não existe meia falta. E estava na minha cabeça ‘R$ 25 mil’, mas no final o Giba me telefona e diz que o site proibiu a aposta.

Você também já disse em entrevistas anteriores que existem várias maneiras de interferir no resultado de um jogo, como deixar de dar uma falta, enervar um jogador. É assim mesmo?

Pode funcionar desta maneira, mas hoje é muito mais difícil,pois, o VAR pega tudo o que você fala. Os árbitros são as pessoas que mais se desconfiam no Brasil e no mundo. E aqui, principalmente, desde 2005. Mas, desde então, não ouvi mais falar de árbitro manipular uma partida. Antes, era mais fácil: enervar um jogador, marcar ou deixar de marcar um pênalti. O futebol é interpretativo e, como é interpretativo, o árbitro faz o que quer no jogo, ele é o dono jogo. Depois, que pague as conseqüências da Federação.

Até hoje, o torcedor do Internacional lamenta ter perdido aquele título do jeito que foi (com os 11 jogos anulados). Afinal, o clube gaúcho foi o mais prejudicado naquele ano?

Não tenha dúvidas que o Internacional foi prejudicado, mas por questões próprias. O Corinthians obteve os quatro pontos (nos dois jogos anulados e remarcados) e o Internacional, que eu fiz um jogo contra o Coritiba, deu novamente o mesmo resultado, 3 a 2. Mas ele parece que empatou com o Goiás, não lembro, e deixou de ter essa pontuação, e jogam em cima de mim, se não fossem feitos esses  11 jogos, anulados pelo senhor Luiz Sveiter, do STJD.

Mas, eu culpo muito mais um árbitro, Márcio Resende de Freitas, que apitou no Pacaembu Corinthians e Internacional, que houve um pênalti escandaloso no jogador Tinga, do Inter, que o goleiro do Corinthians, Fabio Costa, levantou o jogador com uma tesoura, que era para cartão vermelho. Além de não marcar, ainda expulsou o atleta do Inter, que ficou com um a menos.

Pouca gente fala desse jogo. E eu culpo muito mais esse árbitro, nada de manipulação, que interpretou erroneamente, que a manipulação de resultados da Máfia do Apito. E, em 2005, eu torci até para o Internacional ser campeão, para não jogar tudo nas minhas costas. Falaram até que eu ganhava dinheiro do Kia Joorabchian (investidor iraniano do Corinthians naquele ano). Mas isso era tudo uma grande besteira.

Hoje, a gente tem as bets, casos de Bruno Henrique, Bruno Paquetá. O futebol hoje se tornou propício para esse mercado de apostas?

Pois é, no meu tempo, tínhamos uma ou duas casas de apostas. Agora, temos mais de 30 e outras 50 querendo legalizar. Um rapaz disse recentemente que não acredita em futebol, pois, nessas apostas, os jogadores são manipulados. Aí, eu disse que ele está enganado e nem me conhece como árbitro. E, muito pelo contrário, pois a Federação e as bets prestam muita atenção nos jogadores e nos árbitros.

Na minha opinião, hoje não tem árbitros que fazem manipulação, mas jogadores sim. Bruno Henrique, Lucas Paquetá, milionários, ricos. Ricos e burros de tomarem cartões amarelos para favorecer parentes e estão até para serem banidos do futebol. E tomara que isso aconteça. Eu fui banido do futebol. Porque eles não? Os jogadores vão continuar jogar e tomando cartão amarelo, fazendo falta. E os apostadores poderão continuar, ou talvez não, fazendo as manipulações. E favorecer a si próprio e alguns familiares, como é o caso desses dois. Eles teriam que ser banidos, para dar exemplo aos demais. Eu fui banido e não manipulei mais.

Falando em VAR, o que você acha da tecnologia?

O VAR veio para ajudar e, no começo, eu gostei muito. O os rapazes do VAR,alguns, nunca apitaram, nunca vestiram um uniforme. Alguns sim, alguns não. Eu vejo hoje e acompanho a escala do VAR, eles não têm experiência. Os juízes do VAR estavam mais tímidos e só chamavam naquelas jogadas ‘olha, você errou mesmo’. Hoje não, estão chamando por qualquer coisa, eles estão tomando, na minha opinião, o apito do árbitro do campo.

Estão se aparecendo mais que o árbitro, e não deveriam aparecer. O VAR também erra e está mais atrapalhando, na minha opinião, do que trabalhando. E o árbitro, no caminho da revisão, pensa assim: ‘se me chamou é porque eu errei. E se eu mudar de opinião, fico fora da escala’. E ficar fora da escola, hoje, custa R$ 11 mil a menos. Então, ele acompanha o VAR e toma atitude errada, depois de agir certo dentro de campo.

Você ainda assiste futebol? Acompanha as notícias?

Assisto futebol, não gosto de assistir futebol feminino, mas assisto. Gosto do futebol bem jogado, como hoje em dia do Flamengo, do Palmeiras e do meu time do coração, o Corinthians. Não gosto de ver o futebol europeu, gosto dos jogos daqui. E gosto de ver os árbitros que eu conheço, não pessoalmente, mas pela televisão. Mas eu não perco uma partida de futebol. Adoro assistir futebol e vejo que o VAR poderia e deveria melhorar muito.

Mas, eu prefiro o futebol de antigamente, sem o VAR, mais interpretativo. E fica nisso. ‘Ah, mas o juiz roubou’. Ele não roubou, ele errou. Hoje não, o VAR erra e o juiz também erra, são dois erros que não deveriam acontecer. A arbitragem deveria ser 100%, mas hoje não é e nem com o VAR, que é uma máquina. Mas, quem comanda essas máquinas são humanos, os árbitros que nunca entraram em campo. Porém, não deixo de assistir futebol. E muitos árbitros que hoje estão na Fifa, no meu tempo não estariam jamais. Não chegam aos pés do que era há 20 anos, de forma alguma.