Um crime brutal, inexplicável e que deixa duas crianças órfãs, além de sequelas numa família inteira.
O assassinato da vendedora Mariana da Costa Nascimento, 28 anos, que foi estrangulada e enterrada na zona rural de Taubaté, não pode ser esquecido. O crime aconteceu no começo de junho deste ano.
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O ex-namorado de Mariana foi preso e denunciado por feminicídio e ocultação de cadáver. Ele pode pegar até 40 anos de prisão, se for condenado.
Para acompanhar o caso, os advogados Fábio Gomes França e Larissa de Carvalho Sabino Silva atuam como assistentes de acusação. Eles foram contratados para acompanhar as investigações da Polícia Civil e o processo criminal.
Luiz Felipe da Silva de Moura, de 31 anos, ex-namorado de Mariana, foi denunciado pelo Ministério Público pelos crimes de feminicídio e ocultação de cadáver, com agravantes. Ele teve a prisão mantida pela Justiça e deve virar réu pelos crimes.
Na avaliação de Fábio, a investigação conduzida pela Deic (Delegacia Especializada de Investigações Criminais) de Taubaté foi “primorosa” e “determinante para o processo seguir com destreza”.
“Estamos trabalhando pelo processo para que [Luiz Felipe] seja condenado, para que o crime não fique esquecido e que ele acabe solto. Todos os dias estamos atuando e pedindo para ser mais rápido”, disse o advogado.
A investigação da Polícia Civil e da Polícia Científica, segundo os advogados, foi fundamental para formar convicção da participação de Luiz Felipe na morte de Mariana.
Inicialmente, ele chegou a confessar que havia matado e enterrado o corpo da ex-namorada. No entanto, após ser acompanhado por um advogado criminalista, ele mudou a versão em depoimento, admitindo apenas a ocultação do cadáver, crime com menor pena de prisão.
No entanto, explicou Fábio, laudo do IML (Instituto Médico Legal) aponta que Mariana foi estrangulada ao ser morta e depois enterrada. A análise contraria a tese da defesa de Luiz Felipe, que disse que ele teria encontrado Mariana já morta, pendurada em uma árvore, possivelmente com uma corda ou cadarço.
Ele alegou ter cortado o material e retirado o corpo dela, admitindo que enterrou o corpo com medo da represália dos parentes da ex-namorada.
“A defesa do autor foi baseada de que mulher estaria pendurada numa árvore, por corda ou cadarço, que ele teria cortado. A chegada do laudo do IML desqualifica a versão dele”, disse Fábio.
Segundo ele, o laudo aponta que a marca no pescoço da mulher tinha sinal de posição linear (em linha reta) e não na vertical, por trás das orelhas, que indicaria o suposto enforcamento.
“Isso desmonta a tese da defesa de excluir [Luiz Felipe] do feminicídio, o que daria 3 anos de pena [por ocultação de cadáver]. Estamos lutando para desqualificar e as provas são indiscutíveis", afirmou.
Segundo a advogada Larissa, o fato de Luiz Felipe ter contra si uma medida protetiva obtida por Mariana anteriormente é um agravante para a pena de prisão, caso ele seja condenado. O outro é que ela era mãe de duas filhas pequenas. “Ela tinha medida protetiva em desfavor dele e, no crime de feminicídio, isso é agravante e a pena pode ser aumentada em até um terço”.
Obter a condenação de Luiz Felipe, segundo Fábio e Larissa, extrapola o processo do caso de Mariana. Para eles, trata-se de responder à família da vendedora, mas também à comunidade: “A família e a sociedade clamam por justiça”.
“Queremos trabalhar no caso para conseguir a pena máxima. Que não seja [o crime] uma coisa que possa virar rotina. Que ele seja julgado de forma rápida e que sirva de exemplo para a sociedade”, disseram os advogados.
Na avaliação de Larissa, o crime repercute muito nas mulheres. “É um crime bárbaro. Mariana era mãe e tinha duas filhas pequenas, me tocou muito o caso dela, pois também sou mãe. Vamos lutar o máximo pela justiça. Não foi só um crime contra a Mariana, mas prejudicou toda a família dela, deixando as filhas órfãs”.
Fábio disse que Mariana tinha o projeto de ser enfermeira e o grande sonho de poder ajudar o próximo. “Ela queria se formar para cuidar de crianças e idosos, um trabalho social. Então, de certa forma, ele [Luiz Felipe] avança na destruição de um sonho, de um projeto de vida. Toda a família compartilhava desse sonho, além dos amigos”.
Segundo o advogado, Mariana era uma mulher “muito feliz, sonhadora e muito querida pelos amigos, que gostava de dançar, de cavalgada e de animais. O crime é uma situação devastadora”.
A defesa de Luiz Felipe ainda não foi localizada pela reportagem para se manifestar. O espaço segue aberto.