18 de dezembro de 2025
OPINIÃO

Tarifa de energia sobe 177% em 14 anos

Por Fernando Salgado | engenheiro eletricista
| Tempo de leitura: 2 min
Tarifa de energia sobe 177% em 14 anos

O aumento de 177% na tarifa de energia elétrica para consumidores do mercado regulado, entre 2010 e 2024, é um dado que não pode mais ser ignorado. O levantamento da Associação Brasileira dos Comercializadores de Energia (Abraceel), divulgado nesta segunda-feira (9), mostra que a tarifa média saltou de R$ 112 para R$ 310 por megawatt-hora (MWh) nesse período.

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Esse crescimento está 45% acima da inflação acumulada no mesmo intervalo, que foi de 122% segundo o IPCA. Ou seja: mesmo considerando o aumento geral de preços no país, a energia elétrica se tornou proporcionalmente muito mais cara para quem permanece no mercado regulado. É um cenário preocupante, especialmente para residências e pequenos comércios, que sentem diretamente esse impacto no orçamento mensal.

Enquanto isso, o mercado livre de energia mostra um caminho oposto. Nele, o reajuste foi de 44%, com o preço de longo prazo subindo de R$ 102 para R$ 147/MWh — um aumento 64% abaixo da inflação oficial. Essa diferença fala por si. É um indicativo claro de que a liberdade de negociação pode ser uma ferramenta eficaz para controlar custos e garantir previsibilidade.

Como engenheiro eletricista, vejo nesses dados um alerta e, ao mesmo tempo, uma oportunidade. O levantamento da Abraceel destaca o que muitos consumidores ainda não sabem: existem alternativas mais eficientes e vantajosas. A ampliação do acesso ao mercado livre precisa ser mais do que pauta técnica — tem que entrar no debate público.

Nos últimos meses, esse movimento começou a ganhar tração. A Aneel abriu consulta pública e aprovou medidas como a Migração de Carga Simplificada, que deve começar a valer em julho de 2025. Também está em desenvolvimento a regulamentação do Open Energy, que permitirá o compartilhamento seguro de dados de consumo, estimulando a concorrência no setor.

Essas ações são um passo na direção certa. Mas não bastam sozinhas. É preciso ampliar o entendimento sobre como o modelo atual penaliza parte significativa da população — e por que abrir o mercado é, cada vez mais, uma questão de justiça tarifária e eficiência econômica.

A Abraceel tem sido uma voz importante nesse debate, ao defender a ampliação do mercado livre como alternativa real para mitigar a alta nas tarifas e promover a competitividade no fornecimento de energia. E esse debate precisa, urgentemente, sair das planilhas técnicas e entrar nas decisões estratégicas de quem consome — e paga caro por isso.