15 de julho de 2025
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GUERRA COMERCIAL

Redução temporária de tarifas entre EUA e China impacta Jundiaí

Por Redação |
| Tempo de leitura: 3 min
Imagem Ilustrativa / Internet
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Redução de tarifas entre potências globais gera impactos diretos na indústria e comércio exterior de Jundiaí

A cidade de Jundiaí já começa a sentir os reflexos do recente acordo entre Estados Unidos e China, que prevê a redução temporária das tarifas recíprocas entre os dois países por um período de 90 dias. A medida, que diminui as tarifas americanas sobre importações chinesas de 145% para 30% e as tarifas chinesas sobre produtos dos EUA de 125% para 10%, cria um novo cenário de oportunidades e desafios para a economia local.

Segundo dados de 2024 do Comex Stat, Jundiaí exportou US$ 14,6 milhões para a China, enquanto importou US$ 1,62 bilhão, sendo os principais produtos importados máquinas, equipamentos eletrônicos, insumos industriais e bens de consumo. As exportações, por sua vez, incluem eletrônicos, instrumentos de precisão, alimentos e itens agropecuários.

Para o diretor de Comércio Exterior do CIESP Jundiaí, Marcio Julio Ribeiro, o momento exige atenção redobrada por parte das empresas da cidade. “O importante é a gente perceber que esse processo ainda está se desenrolando. Não temos certeza de como tudo isso vai evoluir, até porque as mudanças são constantes”, afirma.

Um dos efeitos imediatos apontados por Marcio Julio é o aumento do custo logístico. “Especialmente no transporte aéreo, 60% das mercadorias da China para a nossa região vêm por meio dos Estados Unidos. Com a redução dos voos nesta rota, o espaço para transporte se torna escasso e o frete tende a aumentar”, explia.

Além disso, ele alerta para um efeito contraditório no abastecimento. Em um primeiro momento, a dificuldade de exportação para os EUA pode gerar maior disponibilidade de produtos chineses, o que pode representar descontos para alguns clientes. Por outro lado, esse cenário seria temporário e, para boa parte das empresas locais, como as do setor eletrônico, esse benefício pode sequer se concretizar. “Muitas importações são intercompany, ou seja, feitas pela mesma empresa que tem operações na China e aqui. Nesse caso, a demanda já é ajustada internamente, sem espaço para barganhas de mercado”, diz.

Jundiaí abriga importantes multinacionais que atuam diretamente na importação de componentes eletrônicos da China. O setor tecnológico, assim como o automotivo e têxtil, está entre os mais afetados pelas mudanças no cenário internacional.

O ambiente atual exige que as indústrias adotem estratégias mais robustas. Uma delas é a diversificação de fornecedores. “Empresas que antes importavam exclusivamente da China agora buscam alternativas na Índia, Europa e até no Brasil, aproveitando o conceito de nearshoring, ou seja, comprar de países mais próximos do ponto de consumo”, explica Marcio Julio Ribeiro.

Apesar dos riscos, também há oportunidades. A desaceleração econômica da China, resultado da queda nas exportações para os EUA, pode impactar negativamente a demanda por produtos brasileiros. Por outro lado, abre espaço para o Brasil como fornecedor alternativo para o mercado americano. Para isso, no entanto, é preciso investir em competitividade e adaptação aos padrões internacionais.

Diante de tantas incertezas, a orientação para as empresas é de cautela e planejamento estratégico. “A grande palavra nesse processo é imprevisibilidade. Não sabemos até onde isso vai e como será a configuração futura. As indústrias precisam acompanhar de perto e ter um plano bem estruturado de custos e competitividade. É também um momento para o governo brasileiro atuar na melhoria do custo Brasil e facilitar o acesso das empresas ao mercado global”, conclui.

Em paralelo, a Prefeitura de Jundiaí tem reforçado as relações internacionais com a China, mantendo acordos com cidades-irmãs como Tai’an, Rugao, Lanxi e Gaoyou, visando fomentar o comércio, inovação e cooperação técnica e cultural. A administração municipal também atua em conjunto com a InvestSP, buscando atrair investimentos estrangeiros e promover a internacionalização de empresas locais.