Ela já defendeu os principais times de vôlei do Brasil, foi bicampeã da Superliga, tricampeã da Copa do Brasil e bicampeã do Sul-Americano de Clubes, além de alcançar três finais consecutivas com o Sesi Vôlei Bauru. Mas a principal conquista da ponteira Kasiely Clemente, de 31 anos, ainda está por vir — fora das quadras. Em entrevista ao JC, ela revelou exclusivamente o desejo de ser mãe em breve e contou que já está se preparando psicologicamente para um novo ciclo de vida, depois de encerrar a carreira. Além da vontade de engravidar, ela também celebra o momento atual, cursando graduação em nutrição.
A paranaense de Nova Aurora, que deu suas primeiras manchetes aos 6 anos de idade, completou um ano na equipe bauruense, onde é um dos destaques. Ela já defendeu também Pinheiros, Brasília, Rio do Sul, Sesc-RJ, Minas e Praia Clube. Fora das quadras, possui outro gosto que poucos conhecem: a música. Os dedos de Kasiely, que hoje executam ataques e bloqueios, também tocaram teclado na infância.
JC - Como foi sua infância, o que gostava de fazer?
Kasiely - Minha infância foi praticamente toda dentro de um ginásio de esportes. Comecei na escolinha de vôlei. Minha irmã jogava também. Então, ou eu estava treinando ou a assistindo, torcendo para me chamarem nos treinos das "mais velhas". Fora das quadras, fiz cinco anos de aulas de teclado. Mas hoje não toco mais como antes (risos).
JC - Quais foram suas principais influências no esporte?
Kasiely - Minha irmã, sem dúvida. Comecei a praticar por vê-la jogar. Só que ela parou aos 18 anos e optou por fazer faculdade. Minha família sempre me influenciou positivamente, com muito apoio. Fizeram de tudo para tornar realidade meu sonho de seguir carreira.
JC - Como foi esse início na modalidade?
Kasiely - Meu time era da minha cidade, Nova Aurora, e meu primeiro técnico foi o Sandoval. Foi ele quem me ensinou basicamente tudo. A manchete que hoje me permite jogar em alto nível foi ele quem moldou. Sempre fui muito competitiva e descobri isso logo no início — eu ficava muito brava quando perdia, chorava muito (risos).
JC - Do que você precisou abdicar na vida pessoal por causa da carreira?
Kasiely - O início é sempre difícil. A gente precisa abrir mão de muita coisa para seguir esse sonho e tem que jogar bem para ser vista e subir de patamar. É uma cobrança diária para ser sempre perfeita. Ficar longe da família é a primeira coisa que acontece quando se segue carreira no esporte, principalmente para quem mora no interior. Também abri mão de fazer faculdade, porque nessa rotina é quase impossível se dedicar 100% às duas coisas. Hoje faço nutrição e estou amando.
JC - Você é muito família. Fale mais sobre essa relação.
Kasiely - Eles sempre me apoiaram nas minhas decisões. Perdi meu pai, David, em 2020. Foi repentino, um choque! Até hoje não sei como consegui voltar a jogar e ficar longe da minha mãe, Sylvia, da minha irmã, Chaiany, e dos meus sobrinhos, Danilo, Henzo e Murilo. Somos muito próximos. Mas a vida segue!
Meu namorado, Jefferson, também me apoia demais. Se pudesse, iria a todos os jogos, mas ele também é jogador (de basquete) e a rotina dele não permite. Mas ele acompanha tudo.
JC - Sobre o desejo de ser mãe: vamos vê-la grávida em breve?
Kasiely - Quero terminar minha faculdade e engravidar em breve. Dizem que a mulher sente quando é a hora de ter um filho, e acho que a minha está chegando. Penso nisso com frequência. Não sei se vou jogar por muito tempo ainda. Tenho me programado financeiramente e psicologicamente para esse momento. Acredito que esteja próximo.
JC - E o que mais gosta de fazer fora do voleibol?
Kasiely - Adoro ficar em casa e, quando saio, não vejo a hora de voltar. E o curso de Nutrição me ajuda a me desligar um pouco do vôlei.
JC - Para fechar: como avalia sua campanha pelo Sesi Bauru? O time escreve uma linda história na cidade.
Kasiely - Tem sido uma delícia jogar no Sesi. Foi uma das temporadas mais leves da minha carreira. A estrutura é de outro mundo. Arrisco dizer que é uma das melhores em que já joguei. A torcida é maravilhosa, sempre nos apoiando, independentemente do resultado. Isso não tem preço.
O grupo é muito trabalhador, junto com nossa comissão técnica, que foi sensacional. Apesar de o título não ter vindo, o time está de parabéns pela entrega desde o primeiro dia.