25 de dezembro de 2025
MATRIZ DE ENERGIA

CNPEM destaca que Brasil deve liderar mercado de hidrogênio verde

Por Flávio Paradella | Especial para a Sampi Campinas
| Tempo de leitura: 2 min
Divulgação/EDP
Estudo do Instituto de Campinas aponta potencial do país na produção de H2V.

Um estudo do Centro Nacional de Pesquisa em Energia e Materiais (CNPEM) detalha como o Brasil pode se tornar um dos principais produtores mundiais de hidrogênio verde, aproveitando vantagens ambientais únicas. A pesquisa foi publicada pela revista científica Applied Energy.

O hidrogênio verde é obtido por eletrólise da água, quando a separação entre hidrogênio e oxigênio utiliza energia renovável, resultando em baixíssima emissão de carbono. A tecnologia é considerada estratégica para setores de difícil descarbonização, como transporte de longa distância, siderurgia e indústria química.

Segundo o levantamento, o Brasil tem condições privilegiadas graças à matriz elétrica composta por cerca de 90% de fontes renováveis e à capacidade de armazenamento de energia nas hidrelétricas. Essa combinação permite atender à exigência internacional do “matching horário”, que determina a produção do hidrogênio exatamente nas horas de geração renovável, garantindo o caráter verde do combustível.

“A realidade brasileira é muito diferente de países que ainda dependem fortemente de combustíveis fósseis. Aqui a energia renovável predomina, e os reservatórios funcionam como gigantescas baterias, o que nos permite pensar em regras diferenciadas de temporalidade”, afirmou Carlos Driemeier, pesquisador que liderou o estudo.

O trabalho também aponta que, embora fontes como solar e eólica tenham emissões durante a fabricação dos equipamentos, o impacto ambiental é muito inferior ao de fontes fósseis. “Mesmo considerando todo o ciclo de vida dos equipamentos, a emissão do hidrogênio verde por energia eólica é de cerca de 1 kg de CO? por 1 kg de hidrogênio, contra 11 kg no método tradicional de reforma do gás natural”, destacou o pesquisador Mateus Chagas.

Outro achado relevante é que as longas distâncias de transmissão de energia elétrica no Brasil não comprometem o baixo nível de emissões do hidrogênio produzido, o que favorece sua viabilidade mesmo em polos industriais afastados das fontes geradoras.

A próxima etapa da pesquisa será calcular os benefícios econômicos da produção nacional de hidrogênio, considerando esses diferenciais. A expectativa é que o Brasil possa oferecer hidrogênio de baixo carbono a preços competitivos, tanto no mercado interno quanto no comércio internacional.