21 de dezembro de 2025
REVOLTA

'Minha filha gritava por ajuda', diz mãe de Agatha 

Jacareí
| Tempo de leitura: 3 min
Da redação
Reprodução
Lucimari e a filha Agatha

Uma tragédia abalou Jacareí nesta semana. Agatha Ayme Bagoto Ferreira, de apenas 21 anos, e seu filho, que se chamaria Yuri, morreram durante o processo de parto no Hospital São Francisco de Assis. A jovem, grávida de 41 semanas, chegou à unidade com dores, mas, segundo o relato da mãe, Lucimari Ferreira, houve negligência médica e demora no atendimento.

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O caso gerou comoção nas redes sociais e motivou a abertura de uma investigação policial. A Prefeitura de Jacareí, responsável pelo convênio com o hospital para atendimentos via SUS, informou que acionou o Comitê de Avaliação de Óbito Materno e Infantil para apurar os fatos.

Em entrevista emocionada ao SBT, Lucimari relembrou os últimos momentos ao lado da filha. Segundo ela, Agatha começou a sentir fortes dores por volta das 17h40 da última sexta-feira (21). Como a dor se intensificou rapidamente, a família acionou o Samu, que a levou até o Hospital São Francisco.

“Chegando lá, o médico disse que ela tinha pouca dilatação e não ouvia os batimentos cardíacos do bebê. A partir daí, começou uma série de demoras e falta de ação. A Agatha estava pálida, passando mal, vomitando, e ninguém fazia nada. Eu gritava por socorro”, afirmou.

Ainda de acordo com Lucimari, o exame cardiotocográfico, que verifica os batimentos cardíacos do feto, não chegou a ser feito. Quando a jovem foi levada para o exame de ultrassom, o bebê já estava sem vida.

A mãe afirma que a filha chegou a suplicar por uma cesariana. “Ela dizia: ‘Mãe, eu vou morrer. Fazem uma cesárea’. Mas o médico foi insensível, chegou a dizer que era ‘frescura’. Eu pedi uma cesárea, pedi socorro, mas ele ignorou.”

Lucimari também relata que alertou os médicos sobre a possibilidade de um descolamento de placenta, condição grave que ela própria já havia enfrentado em uma gestação anterior. “O médico disse que isso era mito, que genética não contava”, desabafa.

Em vídeo publicado nas redes sociais, o diretor clínico do Hospital São Francisco afirmou que a paciente foi vítima de uma condição rara conhecida como descolamento prematuro de placenta oculto, que provoca hemorragia interna e pode ser fatal.

Ele afirmou que Agatha foi encaminhada diretamente ao centro cirúrgico para uma cesárea de emergência, mas que, devido à gravidade do quadro, não foi possível salvá-la. “Ela recebeu toda a assistência necessária, com todos os recursos disponíveis. Infelizmente, foi uma fatalidade”, disse o médico.

Lucimari registrou boletim de ocorrência contra o hospital. De acordo com ela, o próprio delegado que recebeu o caso teria solicitado a troca do registro para um boletim criminal, devido à gravidade dos fatos narrados.

Ela também questiona a retirada do útero da filha durante o atendimento, o que, segundo a mãe, pode dificultar a investigação. “A placenta, o útero… tudo ali era prova. Eles tiraram isso da minha filha, e isso precisa ser apurado”, disse.

A família afirma que lutará por justiça até o fim. “Não posso mais salvar minha filha e meu neto, mas posso impedir que outras mães passem pelo que a Agatha passou.”


A Prefeitura de Jacareí informou, em nota, que aguarda o resultado da apuração do Comitê de Avaliação de Óbito para tomar providências. O hospital segue sendo investigado