27 de dezembro de 2025
MORTE DE CRIANÇA

Caso Bryan: 'A escola demorou a notar a gravidade', afirma a mãe

Por Xandu Alves | Taubaté
| Tempo de leitura: 3 min
Reprodução
Bryan e a mãe

Equilibrando-se entre a vida de mãe de crianças pequenas, esposa e também de filha que auxilia a mãe, em tratamento de câncer, Juliana Ceconi, 33 anos, encara a suprema tragédia da morte do filho de 9 anos, Bryan Schroll.

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Filho mais velho da família, Bryan morreu no último dia 8, um dia após passar mal na escola municipal José Sant’Anna de Souza, na Chácara Flórida, em Taubaté. Fazia dois anos que o menino estudava na unidade.

Os pais de Bryan registraram um boletim de ocorrência e a Polícia Civil investiga o caso. A Prefeitura de Taubaté informou ter disponibilizado as imagens das câmeras da escola para os investigadores. Os pais também puderam ver as imagens.

Bryan passou mal na escola, na sexta (7), e a direção avisou a mãe horas depois. Ele foi levado para a casa, não melhorou e foi encaminhado à UPA do Cecap. O quadro agravou e Bryan foi transferido de ambulância para a UTI (Unidade de Terapia Intensiva) pediátrica do HMUT (Hospital Municipal Universitário de Taubaté). Durante o atendimento, a criança não resistiu e morreu às 3h30 de sábado.

“O final poderia ter sido diferente. Acho que a escola demorou a notar ou não deu a gravidade que o caso exigia”, disse a mãe do menino.

Na escola.

Bryan passou mal após o almoço na escola, que é de tempo integral, e a direção avisou a mãe às 15h24, segundo informou Juliana. Após ver as imagens do filho passando mal na escola, ela acha que o aviso deveria ter sido dado mais rapidamente.

“Ele foi para a aula de educação física e o coleguinha da sala falou que ele chegou avisando que estava com dor de cabeça. Ele disse que meu filho não caiu, mas falou para o professor que estava com dor”, contou a mãe.

O filho não foi dispensado da aula e, depois da educação física, segundo Juliana, Bryan saiu “escorando no alambrado da quadra, agonizando de dor”. “Deu para ver nitidamente pelas imagens que ele estava com dor”.

“Eu nunca vi aquela cena do meu filho daquela forma, porque ele já teve dor como toda criança, de cabeça, de ouvido. É uma criança saudável, fazia esportes, era alegre e feliz, mas também ficava doente. É normal. Mas naquele momento, se eu tivesse visto, ele não estava brincando. Ele estava com muita dor”, disse a mãe.

Demora.

Ela acredita que a escola poderia ter dado mais atenção ao caso de Bryan. Um dos pontos levantados por Juliana, que já prestou depoimento à Polícia Civil, é que ela poderia ter sido avisada com mais rapidez, assim que o menino reclamou de dor.

“Na imagem, ele põe a mão na cabeça, coloca a todo o momento, ele se tortura com a dor na cabeça. A gente viu na filmagem”, afirmou.

Segundo Juliana, o filho foi deixado sentado no pátio da escola, na cadeira da refeição, sem a supervisão de um adulto.

“E lá ele ficou. Eles demoraram para me comunicar sobre a dor do Bryan, não deram ênfase na situação. O Bryan não teve o acompanhamento de um adulto em momento nenhum", disse.

"E ninguém prestou o primeiro atendimento de tirar a temperatura, porque se visse que ele estava com uma hipotermia, é um alarme. Se tivesse aferido a pressão dele, também veriam que ele estava com a pressão baixa. Eu só tive acesso a essas informações aqui em casa quando ele chegou depois de começar a evoluir o quadro dele”, contou a mãe, que é socorrista.

Morte.

A certidão de óbito de Bryan indica que ele teve hemorragia intracraniana (cerebelo) e AVC (Acidente Vascular Cerebral). Foi coletado material para exame toxicológico.

Um diagnóstico inicial feito sobre o menino aponta “intoxicação por outras substâncias que atuam primariamente sobre o aparelho gastrointestinal”. O caso segue em investigação pela Polícia Civil.

A Prefeitura de Taubaté informou que a família de Bryan teve acesso a todas as imagens gravadas pelas câmeras no período em que o menino esteve na escola. A administração municipal colabora com a investigação e informou que aguarda a conclusão do trabalho policial.