18 de dezembro de 2025
CASO SUSPEITO

Após morte de Bryan, mais uma criança passa mal em escola no Vale

Por Xandu Alves | Taubaté
| Tempo de leitura: 5 min
Reprodução
Bryan Schroll, 9 anos, morreu no último sábado após sentir mal-estar no dia anterior

Duas crianças passaram mal na mesma escola de Taubaté do menino Bryan Schroll, de 9 anos, que morreu no último sábado (8) após sentir mal-estar na unidade no dia anterior.

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Os três estudantes frequentam a escola municipal José Sant’Anna de Souza, no bairro Chácara Flórida, em Taubaté.

Bryan e um menino de 6 anos passaram mal na sexta-feira (7) e a outra criança, de 13 anos, na última segunda-feira (10). Os sintomas foram semelhantes: náusea, dor de cabeça, dor de barriga e vômito.

“Ele estava com muita dor na barriga [na segunda] e há alguns dias ele vem relatando que as fezes dele estão com uma gosma. Ele está comendo e bebendo na escola e não sabemos o que está acontecendo”, disse a mãe do aluno de 13 anos.

“Ontem [segunda] meu irmão foi buscá-lo pela manhã e ele estava passando mal e ele diz que a água é muito estranha na escola. Tem alguma coisa errada na escola por ter crianças passando mal desse jeito. Lá tem muito pombo, talvez possa ter alguma ligação”, completou.

Ela disse que foi comunicada de que o filho estava passando mal na segunda, por volta de 9h. “Pedi para meu irmão ir buscá-lo. Meu filho continuou passando mal na terça-feira, com náusea, boca salivando e mal-estar geral. Muita dor na barriga”.

A mãe disse que o filho reclamou da água fornecida na escola. “Ele reclama da água e que está vindo suja. Alguns anos atrás teve reunião na escola e também relatei sobre os pombos, que estão na escola. No pátio tem muita sujeira de cocô de pombo. Colocaram tela na escola, e não sei se resolveu”.

Outro aluno.

Já a criança de seis anos teve febre na escola e, ao chegar em casa, vomitou e sentiu dor de cabeça. “A escola enviou mensagem por volta de 16h10 da sexta informando que meu filho não estava se sentindo muito bem e estava com febre, e uma foto com o termômetro marcando 38.1”, disse a mãe.

Ela contou que após o vômito, o filho foi medicado e ficou deitado o restando do dia, “reclamando um pouco de dor de cabeça”.

“Na madrugada de sexta para sábado ele teve uma febre baixa, foi medicado e no sábado passou o dia todo bem, ativo, brincando e comendo normalmente. A noite teve uma febre de 38 também, foi medicado e não teve mais nada e está bem graças a Deus”, contou a mãe.

Bryan.

Os sintomas dos dois meninos são parecidos com os de Bryan, cuja mãe também foi avisada pela direção da escola. Juliana Ceconi, 33 anos, que é socorrista, disse que o filho estava pálido, com dor de cabeça e náuseas.

Ao retornar para casa, ele deitou e reclamou de mais dores. Antes de tomar um medicamento, vomitou uma substância esbranquiçada com pequenos pontos escuros.

Ao notar que Bryan estava piorando, Juliana levou o filho até a UPA (Unidade de Pronto Atendimento) do Cecap. Com o agravamento do quadro, o menino foi transferido de ambulância para a UTI (Unidade de Terapia Intensiva) pediátrica do HMUT (Hospital Municipal Universitário de Taubaté). Durante o atendimento, a criança não resistiu e morreu às 3h30 de sábado.

Juliana disse que o filho sempre foi saudável, praticava esportes e que a morte dele pode estar relacionada a algo que ele ingeriu.

“Meu filho sempre foi muito saudável. Na sexta ele estava muito feliz, como sempre. A gente precisa descobrir de onde surgiu isso, porque não aconteceu do nada. Se ele foi envenenado, vamos descobrir”, afirmou a mãe.

As mães das outras duas crianças que passaram mal procuraram OVALE após ler o relato de Bryan no site do jornal. Elas lamentaram profundamente e disseram que estão preocupadas com a morte do menino.

“Estamos cogitando levar meu filho ao médico, para explicar a situação, mas já passou alguns dias e não sei se ajudaria em algo”, afirmou a mãe do menino de 6 anos.

A avó da criança cobrou um levantamento da escola de quantas crianças passaram mal. Ela disse que essa avaliação deve ser comunicada aos pais e responsáveis.

“Pode ser uma coincidência, mas é bom ficarem em alerta. Pode ser que tenha mais crianças [que passaram mal]. Mas a escola também tem essa informação, se mandaram mensagem pra buscar as crianças. A obrigação deles era depois do caso saber como estavam”, afirmou a avó.

Outro lado.

Procurada pela reportagem, a Prefeitura de Taubaté ainda não comentou sobre esse terceiro caso de aluno passar mal na escola José Sant’Anna de Souza. O espaço segue aberto.

No caso da segunda criança, a prefeitura confirmou que o aluno foi enviado para casa, com um quadro febril. “O procedimento da escola é avisar os responsáveis para que possam buscar as crianças em caso de mal-estar”, disse a prefeitura, em nota.

A escola municipal José Sant'Anna de Souza possui 470 alunos matriculados, do 1° ao 9° ano. “As unidades escolares possuem um livro de registro para esse tipo de ocorrência”, completou a gestão.

Sobre a morte de Bryan, em nota anterior, a administração municipal lamentou profundamente a perda do menino, aluno do sistema municipal do ensino.

“Devido às características do caso e de não haver definição conclusiva sobre as causas, o corpo foi levado ao IML (Instituto Médico Legal) para necropsia e o caso passa a ser investigado  pela Polícia Civil. A Prefeitura de Taubaté deseja força à família, e reforça todos os esforços para esclarecimento do caso.”