13 de dezembro de 2025
MASSACRE NO VALE

Preso confessa ligação com massacre que matou dois do MST no Vale

Por Jesse Nascimento | Tremembé
| Tempo de leitura: 3 min
Reprodução
Prisão de Nero

A Polícia Civil de Taubaté realizou a prisão de Antonio Martins dos Santos Filho, conhecido como “Nero”, acusado de ser o mentor de um ataque que resultou em dois mortos e seis feridos no acampamento do MST (Movimento dos Trabalhadores Rurais Sem Terra) em Tremembé. O crime ocorreu na noite de sexta-feira (10), e foi motivado, segundo o próprio acusado, por uma disputa territorial dentro do assentamento.

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Logo após o crime, testemunhas e sobreviventes mencionaram o nome “Nero do Piseiro” como um dos envolvidos no ataque. Baseada nesses depoimentos iniciais, a Polícia Civil iniciou diligências para identificar e localizar o suspeito. Sistemas de inteligência foram utilizados, permitindo a identificação de “Nero” como Antonio Martins dos Santos Filho, nascido em Petrolina, Pernambuco, em 4 de maio de 1983.

Um dos sobreviventes, internado no hospital, reconheceu “Nero” como um dos autores do crime em um depoimento prestado às equipes da Deic (Delegacia Especializada em Investigações Criminais).

Após identificar o suspeito, equipes policiais obtiveram informações de que “Nero” estava escondido em uma residência localizada no bairro Santa Teresa, em Taubaté. O imóvel, situado em um terreno com várias casas, foi alvo de uma operação com viaturas descaracterizadas.

Os policiais avistaram “Nero” na casa da frente, que estava com a porta aberta. Ele foi abordado e, sem oferecer resistência, seguiu as instruções para se aproximar do portão. Durante a abordagem, os agentes encontraram um celular em sua posse e uma motocicleta Yamaha, de cor vermelha, estacionada no local. O veículo apresentava marcas de barro, reforçando a suspeita de que teria sido usado no ataque ao acampamento.

Depoimento.

Em depoimento, “Nero” admitiu ter ido ao local do crime acompanhado de Ítalo Rodrigues da Silva e outras pessoas cuja identidade ele afirmou desconhecer. Segundo o suspeito, a motivação foi uma disputa por um terreno no interior do assentamento. Contudo, ele negou ter realizado os disparos que causaram as mortes e ferimentos.

Além disso, “Nero” reconheceu uma fotografia de Ítalo Rodrigues da Silva, apontando-o como um dos autores do ataque. Ele revelou que Ítalo é filho de seu sobrinho, e confirmou que o mesmo também esteve presente no local.

Morreram Valdir do Nascimento, de 54 anos, o Valdirzão, considerado uma das principais lideranças do MST na RMVale, e Gleison Barbosa de Carvalho, o Guegue, que era assentado. Denis Carvalho, de 29 anos, irmão de Gleison, levou dois tiros na cabeça e está em estado grave. No sábado, o movimento chegou a confirmar a morte do jovem, mas a informação foi posteriormente corrigida.

Após a prisão de Nero foi convertida em preventiva. A moto utilizada no ataque, o celular do suspeito e uma blusa de moletom foram apreendidos como evidências. Diligências continuam em busca de Ítalo Rodrigues da Silva, que também foi reconhecido por testemunhas e pelo próprio “Nero”. A Polícia Civil representou pela prisão temporária de Ítalo, justificando a medida como necessária para o avanço das investigações.

Motivação.

Segundo “Nero”, a motivação do ataque foi uma disputa territorial. Contudo, a polícia ainda investiga a real extensão do envolvimento do acusado e a possível participação de outros indivíduos. A motocicleta apreendida e o celular do suspeito serão periciados para coletar mais evidências que possam esclarecer os detalhes do planejamento e execução do ataque.

A Delegacia Especializada em Investigações Criminais de Taubaté segue apurando o caso, com foco na identificação de todos os envolvidos. A Polícia Técnico-Científica foi acionada para realizar a análise das evidências, enquanto a equipe policial realiza novas oitivas de vítimas e testemunhas.

A prisão de Antonio Martins dos Santos Filho é considerada um passo importante no esclarecimento do caso, mas a polícia reforça que as investigações continuam para capturar outros envolvidos e trazer justiça às vítimas do ataque. A Polícia Federal também foi acionada para conduzir as investigações e o crime deve ser federalizado.