Ex-prefeito de São José dos Campos, Eduardo Cury (PL) participou nesta quarta-feira (23) de uma entrevista na redação de OVALE, na qual falou sobre as suas propostas para a cidade.
Cury deveria ter debatido com o atual prefeito, Anderson Farias (PSD), mas o adversário não compareceu. "Considerando o momento eleitoral com a escalada de fake news, desinformação e mentiras publicadas em redes sociais, panfletos e outras mídias, para me atingir pessoalmente, prefiro não comparecer ao debate para manter a campanha em alto nível", afirmou Anderson, em nota enviada ao jornal.
Em resposta à nota, Cury disse que falou "verdades" na campanha e que apenas expôs os "problemas reais" da cidade, enquanto Anderson fez "ataques baixos" e uma campanha "vil". "É triste essa falta de coragem do prefeito Anderson, de não comparecer ao debate. E mais triste pela hipocrisia dos argumentos", afirmou o ex-prefeito. "Essa eleição talvez seja um desafio de caráter, e não de propostas".
A entrevista com Cury foi transmitida ao vivo no site de OVALE, além do Youtube e do Facebook. O candidato do PL foi sabatinado pelo editor-chefe Guilhermo Codazzi e pelo repórter especial Xandu Alves.
Sem a presença de Anderson para o debate, Cury fez perguntas para a cadeira vazia que havia sido reservada para o prefeito. "Você construiu zero UPAs [Unidades de Pronto Atendimento]. Você fez zero UBSs [Unidades Básicas de Saúde]. Isso é gestão? Como não conseguiu fazer isso, mesmo desviando R$ 500 milhões da previdência?".
Também se dirigindo à cadeira, Cury afirmou que, no atual governo, estão "sendo importados usuários de droga" para São José - o número, segundo ele, teria passado de 320. "Por que você [Anderson] permitiu que isso acontecesse?".
Cury disse que tanto ele quanto o ex-prefeito Emanuel Fernandes (PSDB) se sentem traídos por Anderson e pelo ex-prefeito Felicio Ramuth (PSD), atual vice-governador de São Paulo - anteriormente, os quatro eram do PSDB e integravam o mesmo grupo. "Eu me sinto primeiro traído e um pouco responsável. Se a gente soubesse que o Felicio ia abandonar o mandato [de prefeito em 2022], a gente nunca teria apoiado [a candidatura dele]", afirmou. "A minha divergência com o Felicio é porque ele abandonou o mandato. O Anderson, por falta de capacidade de discernimento, embarcou na do Felicio".
Cury disse que "Felicio abandonou a cidade, maquiou", e que "Anderson não tem capacidade, não tem liderança para enfrentar os problemas". "O Anderson não se mostrou capaz de enfrentar os problemas que São José tem. Não é um bom gestor".
O ex-prefeito afirmou que, pelo fato dos quatro terem sido aliados por tanto tempo, as pessoas "têm dificuldade" em diferenciar os dois grupos que existem hoje. "Há uma sensação de que tudo que existe foi o Anderson que fez. É mentira. Estão colhendo o que foi plantado lá atrás. E não estão plantando de novo", disse. "É importante nós sairmos candidatos para mostrar para a população que tem coisa errada", acrescentou. "Estão plantando uma bomba, que vai cair no colo do joseense, com a dívida que estão deixando".
Cury também criticou Anderson pelos ataques que diz ter sofrido na campanha. "Por que tanta mentira e por que tanto ataque pessoal à minha família? Por que tanto medo de perder a eleição? Estão escondendo alguma coisa?".
O ex-prefeito também comentou a pesquisa divulgada pelo jornal na última terça-feira (22), que mostrou Anderson com 50,2% e Cury com 35,3% das intenções de voto. "Claramente nós estamos tirando essa diferença. Como está a diferença hoje? Não sei. Mas vamos chegar domingo na frente do Anderson, para consertar a cidade".
Na área do transporte, Cury criticou a nova prorrogação dos atuais contratos por mais dois anos. O ex-prefeito disse também que o modelo proposto por Anderson, de alugar 400 veículos elétricos, não é viável, pois resultaria em uma tarifa entre R$ 9 e R$ 10. "O edital deles vai dar uma tarifa muito alta, e eles não têm coragem para voltar atrás".
O candidato do PL disse que os ônibus em operação hoje vivem "cheios" e são "velhos". "Vou fazer a concorrência no primeiro ano, e vou corrigir a Linha Verde", afirmou. "É possível melhorar muito o sistema atual, com transparência, sem corrupção". Cury prometeu ainda criar uma tarifa com desconto especial nos horários em que os ônibus não estiverem cheios. "Eu pretendo fazer essa redução, vou fazer esses estudos. Pode chegar a até 50% de desconto".
Cury também criticou o atual prefeito pelo atraso em obras. "Total falta de controle. O Anderson não tem aptidão para gerir a coisa pública", disse. "Se você tem dinheiro para fazer duas obras, você não começa 10 obras", acrescentou. "Ele já não tinha dinheiro, claramente estava dando calote. Como começa um monte de obra sem dinheiro?". O ex-prefeito disse que vai concluir todas as obras iniciadas por Anderson, como Via Jaguari, Sebastião Gualberto e Ponte Minas Gerais. "Todas as obras dele que estão em andamento eu vou terminar".
Sobre a dívida de cerca de R$ 500 milhões com o IPSM (Instituto de Previdência do Servidor Municipal), Cury disse que "o calote é tão grande, a bomba é tão grande, que não resolve em quatro anos", e que Anderson "está dando calote na previdência para financiar o resto". O candidato do PL afirmou ainda que, pela situação financeira, o prefeito não teria condições de cumprir as promessas que tem feito na campanha. "Se ele cumprir a palavra, quebra a Prefeitura em seis meses. É um estelionato eleitoral".
Na área da saúde, Cury deu nota 1 para Anderson. "Quantas UPAs ele construiu? Zero. Quantos bairros ganharam UBS nova? Zero. Quantos hospitais ele trouxe? Zero. Faltou dinheiro? Não. Ele deu calote", afirmou. "A nota para ele, na saúde, não pode ser mais do que 1". O ex-prefeito prometeu expandir o Hospital Municipal, de forma vertical, e afirmou que "provavelmente São José vai precisar de mais uma UPA". "O Anderson se preocupou com obras que davam impacto eleitoral, e se esqueceu da saúde". Também falou sobre o projeto São José Feliz. "Eu vou criar o maior programa de saúde mental do Brasil".
Na área da educação, prometeu aumentar o número de vagas de creches em período integral. "Houve uma expansão em vagas em meio período. Mas deixaram de lado a expansão de vagas em tempo integral. Na zona norte, a última creche construída fui eu. Não construíram uma creche em 12 anos", disse. "A educação na minha época era melhor do que hoje. Éramos a melhor educação do Brasil".
Na área da segurança, Cury aposta no Guardião Digital. "É um aplicativo no qual a câmera do seu celular estará ligada à central de monitoramento", disse. "Com isso, nós podemos imediatamente mandar uma viatura", acrescentou. "É um sistema barato de fazer. A gente está estimando de R$ 3 milhões a R$ 4 milhões". O ex-prefeito também aproveitou o tema para criticar Felicio, que trocou o nome do COI (Centro de Operações Integradas) para CSI (Centro de Segurança e Inteligência). "É um marketing que não tem tamanho. Um ego que não tem tamanho".
Sobre os dependentes químicos nas ruas, afirmou que "a cidade de São Paulo tem obrigação de cuidar de seus cidadãos", e que "todo usuário de São José terá tratamento". "Eu não vou deixar essa festa de usuários de drogas na rua. Quem não quiser ter tratamento, não vai ficar na rua". Também prometeu combater os 'fluxos'. "Não permitirei fluxo ou qualquer tipo de distúrbio que incomode as pessoas de bem".
Cury afirmou que irá fazer a fase 2 do Parque Tecnológico, para atrair empresas da economia digital. "Talvez sejam necessários novos prédios. O Parque Tecnológico de hoje funciona muito bem. O que quero é que a gente expanda o parque para uma nova dimensão". O ex-prefeito culpou as últimas duas gestões pela desindustrialização da cidade, afirmando que as últimas três multinacionais que se instalaram em São José foram no governo dele. "Faz 12 anos que a cidade está dormindo na atração de grandes investimentos". O candidato do PL disse ainda que irá estimular a implantação de novas empresas na área do antigo Pinheirinho, com a criação de um polo empresarial. "Aquela área é a maior área plana dentro da área urbana para São José, para empresas. É um desperdício aquela área sem uso".
Na área da habitação, disse que irá apostar em conjuntos menores. "Não vou fazer mega conjuntos. Se tiver que fazer 1.000 casas, vou fazer cinco conjuntos de 200. É um pecado colocar as pessoas mais pobres na Cochinchina. Aí não tem escola, não tem UBS. Eu só vou fazer dentro da malha urbana, onde já existe infraestrutura".
Também prometeu descentralizar os serviços da Casa do Idoso para outros bairros. "As atividades da Casa do Idoso são um sucesso, o que a gente precisa é compartilhar um pouco mais".
Cury também afirmou que, caso eleito, pretende implantar propostas que haviam sido feitas por Dr. Elton (União), que ficou em terceiro lugar no primeiro turno e, no segundo turno, apoia o ex-prefeito - entre esses projetos estariam um pronto socorro odontológico e um serviço de resgate para animais. "Quem é de São José sabe o que está acontecendo", disse. "Eu sei que pessoas que trabalham com o Anderson estão constrangidas com o que está acontecendo".
Cury disse que, comparado ao ano de 2012, quando deixou o Paço, hoje ele é "mais experiente", "pensa um pouco mais para fazer as coisas" e "tem mais conhecimento sobre a máquina". Afirmou que, caso seja eleito, não pretende concorrer a um segundo mandato consecutivo em 2028. "Não faz parte do meu plano ser candidato a reeleição".