06 de outubro de 2024
ENTREVISTA DA SEMANA

Entrevista com Ester Parreira, da agência House Criativa

Por Tisa Moraes | da Redação
| Tempo de leitura: 5 min
Divulgação
Ester Parreira

Comunicação pública e fé interior

Ela lidera, ao lado da irmã, a trajetória bem-sucedida da House Criativa, agência de publicidade especializada em órgãos públicos

Filha de um pedreiro e uma dona de casa, Ester Parreira, 47 anos, aprendeu em casa a ter sonhos e a dedicar-se aos estudos para conquistá-los. Formada em jornalismo, com empenho no trabalho e amor pela comunicação, ela lidera, ao lado da irmã, a publicitária Elisangela Barduzzi, a trajetória bem-sucedida da House Criativa Comunicação, agência de publicidade especializada em órgãos públicos, finalista do Prêmio Profissionais do Ano 2024, da Globo, na categoria Campanha Sudeste Interior.

No ano passado, a empresa fundada em 2007 já havia sido premiada no FestVideo, da Associação dos Profissionais de Propaganda de Ribeirão Preto. Nascida em Bauru, Ester comanda uma equipe de 23 profissionais que trabalham para empoderar com informações quem depende do serviço público.

Movida a desafios, a diretora de atendimento também é uma das poucas mulheres a coordenar campanhas eleitorais no Interior paulista. Casada com Edivan Araújo, coordenador financeiro da House, com quem teve Letícia e Larissa, 20 anos, e Lucca, 15 anos, ela também é líder de mídia na Igreja Palavra da Fé e grata por tudo que viveu até aqui.

Nesta entrevista, Ester relembra as lições recebidas na infância que moldaram seu caráter, fala de coragem, do ímpeto de sempre ir além e de como sua relação com Deus a ajudou a ser resiliente diante das dificuldades, inclusive ao enfrentar um câncer de mama, cujo tratamento foi encerrado ao mesmo tempo em que descobria a gravidez das filhas gêmeas. Leia os principais trechos.

JC - Que aspectos da infância a ajudaram a ser quem é hoje?

Ester - Minha mãe, Maria, era dona de casa e meu pai, Rui, um pedreiro extremamente talentoso e trabalhador, que teve oportunidades quando jovem, mas escolheu caminhos que o afastaram dos estudos, diferentemente de quatro dos seus cinco irmãos. Então, ele fez tudo o que pôde para que eu e minha irmã estudássemos e conquistássemos nossos sonhos, porque sabia que alguns erros dele o distanciaram de conquistas que estavam ao seu alcance. Crescendo nesta família, entendi que todo sonhador, embora deva ter humildade, também precisa de um pouco de ambição.

JC - Começou a trabalhar cedo?

Ester - Meu pai priorizou que a gente não trabalhasse até terminar o ensino médio. Depois, comecei como recepcionista em uma escola de música, na sequência em uma loja de roupas, até chegar à USC, aos 18 anos. Lá, trabalhei no laboratório de línguas e fui secretária de cursos do Centro de Humanas. Na época, a universidade oferecia bolsa de estudos a funcionários e me inscrevi no vestibular para jornalismo no ano em que o curso foi aberto. Passei e, no curso, desenvolvi atividades de comunicação para a USC, como um jornalzinho da terceira idade, releases sobre lançamentos de livros da editora, trabalhos na rádio Veritas e na TV USC. Nunca me vi fazendo só o que era exigido. Sempre quis ir além.

JC - Também foi assessora de imprensa, correto?

Ester - Quando abriu vaga na comunicação, a irmã (reitora) disse que eu estava pronta e fui, no terceiro ano de curso. Lá, fiquei até 2011. Simultaneamente, estagiei no JC de setembro de 2002 a fevereiro de 2003. Quando saí, decidi fazer exames para investigar um carocinho na mama e descobri um câncer, aos 26 anos. Iniciei o tratamento em maio no Hospital Amaral Carvalho e, na primeira quimioterapia, o câncer tinha desaparecido, mas fiz mastectomia pelo risco de haver células cancerígenas. Depois, confirmaram que não tinha nada mesmo na mama. Ainda fiz mais duas quimios vermelhas e recebi alta em novembro.

JC - Foi na mesma época em que ficou grávida?

Ester - Eu começaria a fazer radioterapia em dezembro, mas decidi não fazer porque não tinha nada na mama e iria me agredir à toa. Em janeiro de 2004, descobri que estava grávida desde novembro de gêmeas. A Letícia e a Larissa foram a resposta de Deus sobre minha cura para eu poder seguir adiante. Elas correriam risco de nascer com anomalias se eu tivesse feito radioterapia, ou seja, minha decisão garantiu a saúde delas. Segui, então, com meu trabalho na USC e comecei a fazer alguns trabalhos de assessoria de imprensa, que foram ganhando proporção maior.

JC - Foi quando a House nasceu?

Ester - Minha irmã abriu a House em 2007 para ter CNPJ e atender o Confiança. Eu trabalhava como redatora junto, mas, em 2008, decidimos empreender e, quando fechamos o primeiro contrato, eu já estava grávida do Lucca. Mudamos o nome da empresa para House Criativa e não paramos mais. Tivemos clientes como o Serve Todos, Superbom, Bigolin, Volkswagen, Ford, Lago San, empreendimentos imobiliários. Em 2013, a Elisangela propôs voltarmos nosso negócio para licitações e fomos nos preparar. No ano seguinte, assinamos nosso primeiro contrato com a prefeitura de Pitangueiras, para quem prestamos serviços de publicidade institucional até hoje, por meio da lei 12.232. Atualmente, temos contrato com nove prefeituras e duas Câmaras Municipais, para quem fazemos campanhas de informação, orientação, educação e prestação de contas. Em Bauru, somos a única agência com este perfil e também uma das poucas mulheres a coordenar campanhas eleitorais.

JC - São inspirações para outras mulheres.

Ester - A House veio da coragem de duas irmãs, já mães, que começaram do zero, e hoje conta com 23 profissionais. Ser mulher no mundo corporativo é um grande desafio, mas tive fé e me encontrei na comunicação pública. É gratificante esclarecer a quem depende do poder público sobre o acesso a serviços, divulgar, por exemplo, como fizemos para Jaboticabal em 2023, a abertura de um serviço de mamografia que vai fazer diferença na vida de muitas mulheres. Coloco amor em cada função que eu, como mulher, exerço e, neste sentido, fui abençoada por ter meu marido, que conheci em 1998, quando ele era garçom. O Edivan sempre esteve ao meu lado, dividindo responsabilidades em casa e o cuidado com as crianças, além de ter assumido a coordenação financeira da House.

O que diz a diretora:

'Entendi que todo sonhador, embora deva ter humildade, também precisa de um pouco de ambição'

'A Letícia e a Larissa foram a resposta de Deus sobre minha cura do câncer para eu poder seguir adiante'

'A House veio da coragem de duas irmãs, já mães, que começaram do zero'