Acusada de dopar o ex-marido com medicamentos controlados para roubar sua fortuna, estimada em R$ 50 milhões, uma empresária de São José dos Campos admitiu a falcatrua em áudios enviados para outra mulher, que denunciou o caso à polícia.
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As gravações levaram o Ministério Público a formalizar uma denúncia contra ela ao TJ-SP (Tribunal de Justiça de São Paulo), em julho de 2024. O caso repercute em todo o país.
A mulher tem 55 anos e foi casada por 27 anos com o próprio primo, que morreu no ano passado, aos 75 anos. De milionário com investimentos em imóveis, terrenos, prédios e fazendas, ele acabou a vida com apenas a aposentadoria, equivalente a um salário mínimo por mês.
Elimara de Carvalho, ex-mulher de Benedito Amaral, é conhecida em São José como uma empresária de sucesso, frequentadora de academias e ativa nas redes sociais, onde compartilha sua vida. Agora, ela pode virar ré por enganar, dopar e roubar a fortuna do ex-marido. O filho dele denunciou o caso.
A principal prova do MP são os áudios que Elimara para uma amiga, que acabou enviando as gravações para a polícia. Ela disse que foi ameaçada pela empresária. “Ela disse que cortaria a minha mãe”, contou a amiga à Record.
Nos áudios, Elimara confessa ter tirado todo o dinheiro de Benedito. O relacionamento de ambos terminou em 2017, mas ela continuou a manter contato com ele.
“Meu ex, assim, é bobado. tanto é que eu tomei todo o dinheiro do meu ex. Como que você acha que eu consegui tomar o dinheiro do meu ex? Como/”, diz a empresária na gravação.
Ela admite ter usado um medicamento, que ela chama de “desgraçada maldita dos infernos”, para fazer com que ele assinasse diversos documentos transferindo seus bens para a ex-mulher. Dessa maneira, dopando Benedito, ela tirou tudo dele. “Ele foi assinando tudo para mim sem saber”, disse ela.
Em outro trecho, ela disse: “Vou pedir para ele assinar o contrato Ele já não tá nem escrevendo, mas eu levo ele no cartório e ele reconhece a firma dele”. E completa: “Porque ele já não tá nem conseguindo escrever mais. Ele só dá uns rabisquinhos só”.
De acordo com a denúncia, Elimara teria usado medicamentos psicotrópicos, como o Zolpidem, por longo período, para conseguir dopar e roubar a fortuna do ex-marido.
O Zolpidem é um medicamento hipnótico utilizado para tratar distúrbios do sono. Em doses elevadas, pode causar desorientação, amnésia temporária e delírios, além de convulsões. Quando associado a outras substâncias depressoras do sistema nervoso, pode ser fatal.
O filho de Benedito foi atrás dele e o encontrou em uma casa. Ele estava deitado numa cama, usando fralda e delirando, resultado de uma intoxicação pelo remédio controlado.
Na residência, o filho encontrou duas cuidadoras, supostamente contratadas por Elimara, que teriam sido responsáveis por administrar os remédios. Ele levou o pai ao hospital, onde Benedito permaneceu internado por um mês na UTI. Após a alta, Benedito foi morar com o filho.
A essa altura, Elimara já havia transferido todos os bens do empresário para si, deixando Benedito com apenas o valor de sua aposentadoria, equivalente a um salário mínimo por mês.
Em 2023, debilitado pelos remédios e com o sistema imunológico comprometido, Benedito contraiu meningite bacteriana e faleceu em 5 de setembro. O filho fez várias denúncias à polícia contra Elimara, mas as investigações não avançaram por falta de provas.
Os áudios se tornaram as novas evidências que mudaram o caso, e Elimara acabou denunciada pelo Ministério Público. O caso segue tramitando na justiça.
Benedito nasceu em Cruzeiro, no Vale do Paraíba, e mudou-se para São José dos Campos na vida adulta. Nos anos 1980, ele passou um período no Iraque, onde trabalhou ensinando militares a operar tanques de guerra adquiridos do Brasil.
Durante essa época, Benedito acumulou uma boa quantia em dinheiro, recebendo salários entre R$ 15 e R$ 20 mil mensais, além de um adicional de 350% por risco de vida.
De volta ao Brasil, ele abriu uma loja de compra e venda de carros e investiu em imóveis, como terrenos, prédios e fazendas, acumulando uma grande fortuna.
Na época, Benedito era casado com a mãe de seu filho, Fabrício Camargo, mas iniciou um caso com sua prima, Elimara. Após o divórcio em 1991, ele oficializou a união com Elimara, em um casamento com comunhão universal de bens.
O casal se separou oficialmente em 2017, mas continuou a manter contato. Benedito já desconfiava que Elimara tinha interesse em sua fortuna, mas a divisão de bens não foi realizada no momento da separação, o que o filho dele acredita ter sido parte de uma estratégia da mulher.
Casais que optam pela comunhão universal de bens têm até 10 anos para realizar a partilha após o divórcio.
A partir dessa reaproximação, Elimara começou a transferir os bens de Benedito para seu nome, levando toda a fortuna do ex-marido.