26 de dezembro de 2024
POLÍTICA

Flávio Paradella: A tática de Rafa na linha de chegada

Por Flávio Paradella | Especial para a Sampi Campinas
| Tempo de leitura: 4 min
Divulgação
Rafa segue otimista e chega à reta final confiante de que estará no segundo turno

O candidato Rafa Zimbaldi (Cidadania) segue otimista e chega à reta final confiante de que estará no segundo turno, apesar da desvantagem em pesquisas recentes de intenção de voto. Não vai ser nada fácil. O deputado estadual, que disputa pela segunda vez a prefeitura de Campinas, foi sabatinado na Rádio Transamérica Campinas, nesta terça-feira, 1º de outubro.

A poucos dias da eleição municipal, Rafa aposta no revés sofrido pelo adversário Dário Saadi (Republicanos), que teve o registro cassado por suposto abuso de poder político.

"Ele literalmente tem usado a máquina pública, e o que a gente tem feito é mostrar o nosso trabalho, seguindo uma eleição bastante propositiva", afirmou Zimbaldi nesta manhã.

Falando em propostas, uma das principais desde o início da corrida eleitoral é a implantação do Poupatempo da Saúde, um centro de especialidades e exames com o intuito de agilizar e zerar filas de atendimento. Nesta reta final, o projeto se expandiu, e agora são duas unidades prometidas: uma no Centro, no prédio do Palácio da Justiça, e outra na região do Ouro Verde, no Horto Shopping, ao lado do terminal de transportes do distrito.

Questionado sobre como viabilizar não só a obra, mas também o custeio de funcionários para o atendimento, o candidato afirmou que a cidade tem recursos e possíveis parceiros.

"Primeiro, é concurso público, que nós precisamos realizar. E é importante dizer: às vezes as pessoas perguntam, 'mas tem dinheiro para isso?' Tem sim, nós temos um orçamento de R$ 9,34 bilhões, o segundo maior do estado de São Paulo. Estamos com o orçamento comprometido com folha de pagamento em 35%. Pela Lei de Responsabilidade Fiscal, podemos chegar até 51%. Além disso, vamos trazer parceiros, como a Unicamp, por meio da Funcamp, e realizar essas contratações", afirmou.

Zimbaldi também mencionou a proposta de construir um novo hospital municipal na região do Campo Grande. "Para atender a população lá, seria próximo ao próprio pronto-socorro. Mas, primeiro, precisamos fazer funcionar aquele pronto-socorro (UPA Campo Grande). Funcionaria da mesma forma, buscando parceiros como a PUC, que está ao lado. A PUC é média e alta complexidade, ela não pode ficar de porta aberta. Seria importante termos ali um pronto-socorro estruturado na região do Campo Grande com um hospital para dar retaguarda."

O candidato também criticou as tentativas da atual administração de realizar uma nova licitação do transporte público em Campinas. O contrato dos ônibus foi considerado irregular em 2015 e, desde a gestão de Jonas Donizette (PSB), a prefeitura tenta lançar um novo edital, mas esbarra na justiça ou na falta de interessados, como aconteceu no pregão do ano passado.

"A gente sabe que as licitações feitas são para não dar certo, é para não serem realizadas. Elas são tão fechadas que nenhum concessionário vai querer participar. Ao meu ver, isso é proposital, porque estamos há 20 anos sem licitação em Campinas para manter um grupo empresarial aqui", disse Zimbaldi.

Ainda sobre o setor, o candidato ironizou o financiamento pelo PAC para a compra de ônibus elétricos para o sistema de transporte. A liberação de recursos prevê a aquisição de 256 ônibus elétricos e outros 256 convencionais, que serão destinados aos permissionários do sistema alternativo. Apesar de o dinheiro estar liberado, a gestão ainda não definiu como os veículos serão adquiridos e repassados aos eventuais concessionários.

"Isso aí é história para inglês ver, Flávio. Não vai dar certo. Como é que a prefeitura vai comprar ônibus e colocar na mão de um concessionário? Quem vai ficar responsável pela manutenção desse ônibus? Ele é muito caro. Não tem como. A prefeitura vai comprar e passar para o concessionário? O concessionário vai pagar essa dívida? Ele não vai entrar nessa", destacou.

Momento confuso

Os três principais candidatos têm insistido na confusa situação eleitoral em Campinas, após a cassação do registro de Dário. De fato, a campanha do atual prefeito sofreu um revés e ainda aguarda o recurso, porém, com a apresentação da discordância, a decisão perde efeito, e o prefeito segue concorrendo.

No entanto, a comunicação dos rivais insiste na tecla do "prefeito cassado" e, inclusive, passa a sugerir que votar em Dário seria votar nulo. Na entrevista desta manhã, Rafa Zimbaldi afirmou que "quem vota em candidato cassado estará anulando o voto".

Logo, o prefeito foi às redes sociais para afirmar que "não é bem assim", tentando explicar que sua candidatura está mantida, com nome e foto na urna. É verdade, pois o próprio TSE garante esse direito enquanto o recurso estiver em trâmite.

Por outro lado, a campanha do prefeito também joga com a confusão, publicando uma postagem sobre a "Vitória de Dário na Justiça Eleitoral". A postagem não menciona a reversão da cassação do registro nem nenhum fato relacionado a isso, mas quem vê rapidamente pode imaginar que se trata desse episódio. E não é. Até o momento, nenhum novo passo foi dado, e integrantes do núcleo do prefeito não esperam uma decisão de segunda instância antes do primeiro turno.

Comunicação, informação, desinformação e muita confusão.