Sendo de Bauru, não é preciso ser amante do samba de raiz para já ter ouvido falar do ‘Quintal do Bras’, formado por músicos cuja vertente mais forte era o partido-alto. Pois na madrugada deste sábado (21), morreu aos 69 anos o homem que literalmente abria as portas de casa para o ritmo e que, justamente por isso, batizou o conhecido grupo de sambistas da cidade. Paulo César Cunha, conhecido por Bras, sucumbiu nesta madrugada aos vários problemas de saúde que vinha enfrentando.
O quadro de saúde frágil em decorrência de um acidente vascular cerebral (AVC) piorou especialmente depois que o ferroviário perdeu o filho Marcos Paulo da Cunha, o Marcão do 'Quintal do Bras', há aproximadamente dois anos e meio. Na última terça-feira (17), por uma sucessão de problemas, Paulo foi internado e não se recuperou.
A despedida ocorre no centro velatório São Vicente do Jardim Redentor. O sepultamento está previsto para as 8h30 deste domingo (22), no Cemitério da Saudade. Ele deixa a filha Natália Maira da Cunha e a esposa Maria Aparecida Marcos da Cunha.
A família ficou conhecida por realizar aos domingos, no quintal de casa, no Núcleo Geisel, uma roda de samba, que ficou famosa. Muitos mencionavam o tal 'quintal do Bras', que, depois, batizou o grupo, ‘silenciado’ pela dor com a morte de Marcos. Antes da perda e dos problemas de saúde, Bras se ocupava do churrasco que reunia amigos para que pandeiro, cavaquinho e tamborim dessem o tom.
Fã de nomes como Beth Carvalho e Zeca Pagodinho, era apaixonado pela escola de samba Mocidade da Vila Falcão, da qual já foi dirigente. Também desfilava no Pé de Varsa. Bras era como um irmão para o ex-vereador Roque Ferreira, que morreu em 2020 durante a pandemia de Covid-19, em decorrência do vírus.
Neste sábado, a companheira de Roque, Tatiana Calmon, prestou uma homenagem ao amigo de mais de 40 anos. Na postagem em redes sociais, contou que Bras foi um apelido que veio de um ‘padrinho’.
“Um dia, o pai (dele) saiu e nunca mais voltou. Família era grande, passaram apuros com o sumiço. O 'padrinho' ajudou, dava servicinhos e este sim era Bras. E de tanto o Paulo estar sempre por perto, ficou conhecido como o Paulo do seu Bras e daí pro apelido grudar bastou um tempo... Temos histórias de greves, campanhas políticas, carnavais, algumas do período eleitoral são imbatíveis no riso", escreveu Tatiana.
Além da generosidade, Brás também era conhecido pela alegria. Hoje, no entanto, “a tristeza é senhora”.