Candidato à Prefeitura de São José dos Campos, Wagner Balieiro (PT) participou nesta quinta-feira (19), na redação de OVALE, da sabatina com os postulantes ao Paço Municipal.
As sabatinas com os candidatos a prefeito de São José ocorrerão até 24 de setembro, com início às 19h. As entrevistas terão uma hora de duração e serão transmitidas ao vivo pelo site de OVALE, além do YouTube e Facebook, com conteúdos adicionais no Instagram.
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Wagner Balieiro respondeu a perguntas do editor-chefe de OVALE, Guilhermo Codazzi, e do repórter especial Xandu Alves.
Durante a sabatina, Balieiro defendeu o legado do PT na cidade. O partido governou São José por duas vezes: de 1993 a 1996 com a Angela Guadagnin, e de 2013 a 2016 com o Carlinhos Almeida. Mas Angela não conseguiu eleger um sucessor do PT e Carlinhos foi derrotado ainda no primeiro turno na tentativa de reeleição. "A Angela saiu com mais de 80% de aprovação, mas naquela época não tinha reeleição", disse Balieiro, afirmando que Angela melhorou a situação financeira da Prefeitura, criou o Parque da Cidade e fez o Anel Viário e o Hospital Municipal - o que ele chamou de "quatro grandes conquistas".
Sobre Carlinhos, Balieiro afirmou que o ex-prefeito "fez o maior programa de regularização de São José e fez o Pinheirinho dos Palmares", mas que sofreu com a situação nacional do PT na época e com a falta de apoio na Câmara. "O Carlinhos participou de uma reeleição em um momento que estava muito difícil para o PT, até em nível nacional", disse. "[O Carlinhos] tinha minoria na Câmara. Isso trouxe sérias dificuldades, principalmente nos últimos dois anos".
Balieiro também negou que Carlinhos tenho "quebrado" a Prefeitura, como dizem os adversários. "São José nunca foi quebrada. Você tem momentos de altos e baixos na parte econômica", disse. "O valor que tem de dívida hoje, em São José, é muito maior do que tinha no governo Carlinhos".
O candidato do PT também afirmou que a desinformação nas redes sociais "contribui para a situação de desgaste [do partido] no país" e na cidade, mas disse acreditar que isso pode mudar. "A política é muito cíclica, a conjuntura vai mudando. Quem acreditava que o Lula seria de novo presidente? Acredito que isso possa acontecer também em São José dos Campos".
Balieiro também comentou o fato de ter recebido apenas 10,25% dos votos válidos na eleição para prefeito em 2020 (esse resultado foi o segundo pior da história do PT em São José, só ficando à frente do registrado em 1982, quando o candidato do partido teve 8,68% dos votos válidos) e do índice de rejeição registrado na pesquisa Ipec divulgada essa semana, que ficou em 41% (o maior, entre os seis candidatos). "A resistência não é ao meu nome. E mesmo assim, numa eleição polarizada, 40% [de rejeição] não é alto", disse. "Vou trabalhar mostrando como é o Wagner, o que o Wagner pensa para São José. Tenho certeza de que teremos um resultado melhor do que 2020, e de que temos chances reais de ir para o segundo turno".
Balieiro também explicou como pretende fazer para quebrar a resistência do eleitorado joseense - pesquisa divulgada por OVALE no mês passado apontou que 50,3% dos eleitores de São José afirmam ser de direita, 10,9% de esquerda e 24,2% de centro. Segundo o candidato, o eleitor sabe que ele "mantém uma coerência". "Eu sou do mesmo partido do presidente Lula. Eu sou do PT há 29 anos", disse. "Conhecendo nosso plano de governo e conversando com as pessoas que querem o melhor para a cidade, a gente está tentando furar essa bolha. A cidade está ganhando muito com o governo Lula. Como prefeito, quero ampliar parcerias com o governo Lula e fazer parcerias com o Tarcísio [de Freitas, governador] também".
Ao comentar a reprovação ao governo Lula em São José, que ficou em 68,8% na pesquisa divulgada pelo jornal em agosto, Balieiro apontou que o partido tem falhado na comunicação. "Acho que falta capacidade da gente falar melhor do governo Lula. Nós, da esquerda, somos muito ruins em rede social, muito ruins de demonstrar a informação do que o nosso próprio governo faz", disse. "Não que a nossa mensagem esteja errada. Nossa mensagem está correta. Mas talvez precisamos melhorar a forma de transmitir essa mensagem".
Questionado sobre o que fazer para garantir que os casos de corrupção em governos do PT não se repitam em São José, caso eleito, Balieiro afirmou: "Na maioria desses casos, os corruptos são do PP, PL, PSD, essa turma que está concorrendo contra mim. Se eu ganhar a eleição em São José, eles não vão estar comigo. Então, pode ter certeza que isso [os casos de corrupção] não vai acontecer [caso seja eleito]".
O candidato disse que, para evitar casos de corrupção, é preciso "radicalizar a transparência, o que não é feito hoje [na Prefeitura]". "A maioria desses escândalos são com pessoas de outras partidos. Isso é comprovado. Não estou aqui para ficar protegendo. Não tenho bandido de estimação", afirmou. "Qual partido tem mais corrupto na história do Brasil e nesse momento? O PL".
Balieiro também defendeu a retomada de projetos do governo Carlinhos, como o Programa Escola Interativa, que ficou marcado por problemas nos tablets, e o Hospital da Mulher, que teve uma primeira etapa inaugurada em 2016, mas não teve continuidade. Segundo o petista, o Hospital da Mulher não teve continuidade porque o sucessor de Carlinhos, o ex-prefeito Felicio Ramuth (PSD), "revogou a licitação". "É o mesmo projeto que o atual prefeito [Anderson Farias, do PSD] pegou agora e disse que vai fazer, depois de oito anos".
Balieiro afirmou que o Escola Interativa pode "aproveitar os avanços tecnológicos" na educação, mas que pretende apostar também em outras medidas para a área, como valorização dos professores, construção de novas escolas, ampliação do número de creches em período integral e redução do número de alunos por sala de aula. "O Ideb em São José caiu em 2023, pela primeira vez na história".
Ainda na área da educação, defendeu a criação do Pé de Meia Municipal, inspirado no programa federal que visa evitar a evasão escolar. Nesse programa federal, os alunos do ensino médio recebem R$ 200 por mês. No programa municipal, o valor seria o mesmo, mas para estudantes de baixa renda do nono ano do ensino fundamental. Segundo Balieiro, a estimativa é atender de 1.000 a 1.500 alunos. "A gente vai utilizar os recursos que virão do aumento de verbas para a educação, do aumento do Fundeb".
Balieiro, que foi secretário de Transportes no governo Carlinhos, criticou duas das vitrines do atual governo na mobilidade urbana: a Linha Verde e a ponte estaiada. Sobre a Linha Verde, disse que os ônibus "rodam vazios" e que irá ampliar o traçado. "Eu vou continuar a Linha Verde da Rodoviária Nova à Cambuí, para carros e ônibus. A ideia é fazer as duas faixas de carro e a faixa de ônibus". Afirmou também que irá ampliar os corredores de ônibus, que são necessários para reduzir o tempo de viagens. "O ônibus não pode ficar no congestionamento com o carro. Todas as obras novas que vamos fazer terão corredor de ônibus".
Sobre a ponte estaiada, que custou mais de R$ 60 milhões, afirmou que a obra foi mal projetada. "Fizemos a primeira ponte do mundo para passar por baixo. Todo mundo passa por baixo da ponte", disse. "A Justiça mostrou que tem problema na ponte. Tem obras complementares que precisam ser feitas. Temos que criar alternativas de trânsito para [o motorista] não ir para a ponte e para não ir para a rotatória. Eu fiz gravação lá esses dias. Dá para andar [a pé em cima da ponte] em alguns momentos".
Ainda na área do transporte, afirmou que a proposta de implantar a tarifa zero é viável e que, para isso, usaria os R$ 3 bilhões que a atual administração prevê gastar para alugar 400 veículos elétricos por 15 anos. "Com 10% [disso], R$ 320 milhões, vamos comprar esses ônibus, os mesmos 400 ônibus. O EURO6, que é 80% menos poluente do que os atuais", disse. "Com o restante, os outros R$ 2,7 bilhões que querem gastar com aluguel de ônibus, vamos implantar gradualmente a tarifa zero. Com o mesmo gasto do atual prefeito, vou implantar gradualmente a tarifa zero".
Sobre o impasse na comunidade do Banhado, disse que "o prefeito atual adora fazer conflito", mas que a ideia de retirada das famílias "não funcionou" e deve ser abandonada. "[No governo Carlinhos] saíram do Banhado as famílias que queriam sair". "Vou trabalhar com a lógica de regularizar [a comunidade], de implantar o parque e de fazer a ligação da Via Norte com a Via Oeste pelo fundo do parque".
Balieiro também criticou a atual administração pela dívida com o IPSM (Instituto de Previdência com o Servidor Municipal) - desde 2021, a Prefeitura deixou de repassar mais de R$ 500 milhões para o instituto. O candidato do PT afirmou que, mesmo assim, é possível revogar a contribuição de 14% dos aposentados e pensionistas, o que diminuiria a arrecadação do IPSM e aumentaria ainda mais a necessidade de repasses da Prefeitura. "A gente vai ter que trabalhar o instituto arrecadando mais. Temos que fazer justiça com os trabalhadores da Prefeitura. Não foram eles que causaram o problema".
Segundo Balieiro, os problemas financeiros do IPSM foram provocados pelos governos dos ex-prefeitos Emanuel Fernandes (PSDB) e Eduardo Cury (PL), que reduziram a alíquota de contribuição patronal, e pelo governo Felicio, no qual a Prefeitura passou a usar o rendimento do IPSM para abater dos repasses devidos ao próprio instituto. "Eles causaram esse problema no instituto e estão colocando o servidor para pagar essa conta".
Para aumentar a arrecadação do IPSM, Balieiro sugeriu medidas como a locação de terrenos ociosos da Prefeitura. "Tem muita coisa que dá para trabalhar de alternativas com relação a isso", afirmou. "[A dívida da Prefeitura com o IPSM] é um passivo que a gente precisa resolver com urgência, senão daqui a pouco vai prejudicar os serviços para a população".
Na área da segurança, prometeu contratar mais guardas municipais para se adequar à legislação que determina 0,2% de agentes para cada habitante. "São José está muito longe de ter 1.400 guardas". Disse que também vai ampliar o número de câmeras de monitoramento na cidade e melhorar a iluminação pública.
Na área da saúde, afirmou que irá construir uma UPA (Unidade de Pronto Atendimento) na região leste e um posto de atendimento 24h na área do antigo Próvisão, e implantar o conceito de hospital-dia no Hospital Municipal. "O hospital-dia trabalha com a lógica da pessoa entrar, fazer o pré-operatório e a cirurgia no mesmo dia, e fazer o pós-operatório em casa. Em vez de a pessoa ficar sete dias internada, vai ficar um dia".