Um verdadeiro ‘arsenal’ é encontrado no rio Paraíba pelo pescador Edvaldo de Abreu da Silva Valério, 35 anos, o ‘Val’. Recentemente, em pescaria na região de Pindamonhangaba, ele encontrou nada menos do que cinco revólveres e um coldre.
Especialista em pesca magnética, o joseense já tirou dezenas de armamentos de rios e lagos da região, especialmente do rio Paraíba, apelidado por ele de ‘rio das armas’.
Val já pescou metralhadora, granadas, revólveres, facas, porretes, e itens gerais como bicicleta, ferro de passar roupa e até uma espada do século 16. Tudo pescado em rios e lagos da região.
Trata-se do hobby de Val, que é montador de drywall. Nas horas vagas, ele se dedica à pesca magnética, atividade feita com imãs para procurar objetos magnéticos submersos.
Em outra expedição recente, ele recuperou uma arma que havia sido roubada de um vigilante e jogada em um lago (veja abaixo).
Mas são as armas históricas e diferentes que fazem a alegria do pescador, como ele mesmo explica. “Quando achei essa espada, levei para uma especialista em antropologia para analisar. Ela me disse que era do século 16 e que deveria ter pertencido a algum dos bandeirantes que percorriam o rio Paraíba”, disse Val.
O hobby começou em 2020 quando Val conheceu na internet a pesca magnética. Ele resolveu tentar a atividade. Comprou os equipamentos básicos e lançou-se em um rio no Parque Interlagos, na região sul de São José dos Campos, onde morava.
Ali ele pescou sua primeira arma e os primeiros objetos da sua coleção. “A gente coloca o imã na corda, joga no rio e deixa a correnteza levar. Tem uma hora que gruda em algo lá embaixo, e aí você sabe que tem alguma coisa”, contou o pescador.
Entre os itens que ele retirou de rios, lagos e represas, estão uma arma Bereta, uma metralhadora em Santa Branca e a espada do século 16.
“A espada estava bem deteriorada, só a parte dela de bronze que estava inteira”, afirmou o pescador, que mora no bairro Novo Horizonte, na região leste de São José.
Em razão do trabalho, Val por vezes tem de reduzir a frequência com que faz a pesca magnética. Mesmo assim, ele tem encontrado objetos estranhos na região.
Segundo ele, em duas semanas pescando em Guararema ele retirou cerca de 200 toneladas de sucata das águas. As peças mais estranhas ele guarda em sua coleção, mas o grosso do material é vendido para reciclagem.
“Consegui fazer a festa de aniversário do meu filho, no final de maio [de 2023], só com o dinheiro da pesca magnética”, disse Val.
A atividade da pesca magnética acaba sendo um serviço público de limpeza de rios, lagoas e represas, em razão da quantidade de entulho que Val retira das águas. “Você fica surpreso com as coisas que acha lá na água”.
As armas que Val encontra nas pescarias, se não estiverem totalmente depauperadas, ele as leva para a Polícia Civil, para não ter nenhum problema com armamentos em casa.
“Quando vejo que a arma dá para limpar, arrumar e até vender, ou dá para ser usada, eu entrego para a polícia. Agora, tem umas garruchas que a gente pega que são bem velhas, bem antigas mesmo, e que não servem para mais nada. Aí, eu as guardo em casa, porque são relíquias”.
Val está planejando criar um espaço em sua casa para um pequeno museu das coisas que pesca na região. “Pretendo abrir um lugar, um espaço para juntar as coisas que eu guardo, para manter no melhor estado que puder”.
Um dos objetos que ele tirou da água e conseguiu restaurar foi um machado. “Recuperei o machado e ficou bem bonito. Eu o usei no meu serviço por um bom tempo, até que quebrou”, contou.
Segundo o pescador, quem quiser começar na pesca magnética tem que fazer um investimento em torno de R$ 170 a R$ 600 para comprar o imã, dependendo da potência do equipamento. Os materiais estão disponíveis na internet e em lojas especializadas.
Além do passatempo, Val conta que a pesca ajudou seu filho a superar um momento difícil na vida, como uma terapia.
“Ele melhorou 100% no contato com a natureza, com o rio. Ali não tem como a pessoa se estressar, na beira da ponte. É uma terapia legal”, disse Val, que abriu um canal nas redes sociais para divulgar suas aventuras.
Uma delas ele nunca mais vai esquecer. Contou o pescador: “Foi perto do [Jardim Nova] Detroit. Fomos eu e meu filho fazer uma pesca magnética. Tinha um saquinho preto na beira do rio boiando. Joguei meu imã e lá tinha um celular e vários pinos com drogas. Creio que um traficante tenha jogado ali”, disse Val, que levou o saco para a polícia.