26 de dezembro de 2024
POLÍTICA

Flávio Paradella: a primeira impressão é a que fica?

Por Flávio Paradella | Especial para a Sampi Campinas
| Tempo de leitura: 5 min
Divulgação/PMC
Candidatos disputam quem vai ocupar o gabinete a partir de 2025

A campanha eleitoral na TV e no rádio começou, e as peças iniciais em Campinas revelaram uma qualidade de comunicação, edição e dinamismo das três candidaturas que possuem o direito de usar o chamado horário eleitoral gratuito (que, na verdade, de gratuito não tem nada).

Clique aqui para fazer parte da comunidade da Sampi Campinas no WhatsApp e receber notícias em primeira mão.

Nos 10  minutos de bloco, Pedro Tourinho (PT), Rafa Zimbaldi (Cidadania) e Dário Saadi (Republicanos) apresentaram suas candidaturas. Afinal, por serem figuras conhecidas, não precisam explicar de maneira tão incisiva quem são.

Quem esperava um “pega” logo de início foi surpreendido por um tom mais ameno das campanhas de oposição. Claro que os problemas foram abordados e a tecla da “mudança” foi pressionada, mas o clima, ao menos neste primeiro episódio, era de entusiasmo em começar a jornada.

Tourinho fez um primeiro programa com as características do PT, colocando o candidato na rua e citando os principais problemas da cidade: saúde, transporte e infraestrutura básica. Os temas foram balizados por depoimentos de moradores e usuários que certificam os apontamentos. A campanha deixou para outro momento a apresentação de propostas, investindo na imagem do presidente Lula, com falas de apoio à candidatura de Tourinho. No entanto, foi justamente com o presidente que a propaganda destoou, pois ele apareceu com uma feição cansada e até despenteado, talvez pela maratona de gravações das “palavras de apoio” para inúmeros candidatos aliados pelo país. Além disso, o aparente uso de “chroma-key” para colocar Tourinho ao lado de Lula não ficou legal.

Rafa Zimbaldi veio na sequência e surpreendeu ao começar sua “fala” em Libras, a Língua Brasileira de Sinais, com a vice, Raquel Rímoli, narrando as palavras. A propaganda pregou mudança e reafirmou que o governo atual faz parte de uma continuidade da gestão Jonas Donizette, com quase 12 anos no Palácio dos Jequitibás. O candidato, já de início, apresentou três propostas: o Poupatempo da Saúde (no Palácio da Justiça), o aumento do efetivo da Guarda Municipal para 2,5 mil agentes e a ampliação do período de atendimento das creches municipais até às 23h.

Apesar de tudo bem montada, a propaganda de Rafa me chamou a atenção por uma apresentação ao estilo do antigo PSDB, com um candidato sentado em um escritório explicando suas pretensões. Isso dá um tom de autoridade à fala, quase professoral, mas perde em dinamismo.

Para fechar, com quase seis minutos de um total de dez, veio o atual prefeito Dário Saadi. Em seu primeiro programa, Dário abriu as portas de sua casa para um café. Com muito mais tempo de TV, a campanha investe no lado humano, tentando mostrar que o candidato é um “amigo” e um “ser humano comum”. Depois disso, Dário destacou a administração da pandemia, as realizações de incentivos fiscais para a retomada econômica e as obras entregues durante o mandato. Ele finalizou seu programa com a estratégia de desarmar as críticas dos adversários, afirmando que não conseguiu realizar todas as demandas e que ainda há muita coisa a ser feita. Com isso, ele mesmo apresentou uma lista de compromissos: ampliar o modelo do Espaço do Amanhã para todas as creches, implementar o ensino integral em todas as escolas de ensino fundamental, realizar a licitação do transporte e melhorias nos terminais, além de asfaltar mais 14 bairros. Ah, e explorou a imagem e o apoio do governador Tarcísio de Freitas.

Uma narrativa insistente do atual prefeito, que o acompanha desde a pré-campanha, é o uso da pandemia de Covid-19 quase como uma “muleta” para tentar justificar atrasos. Todos passamos por momentos dramáticos durante a pandemia e fomos impactados de maneira inimaginável pela crise, mas ela não pode ser usada como carta na manga. Acredito que este é um ponto que pode desgastar a comunicação e ser explorado e rebatido pelos adversários.

Mais uma etapa foi iniciada, e como já disse anteriormente neste espaço, pode não parecer, mas a corrida é curta e não tolera tropeços.

Sem TV

Nas redes sociais, afinal o Novo não atingiu a cláusula de barreira para participar do horário eleitoral de TV e Rádio, o candidato Wilson Matos voltou a abordar, nesta sexta, a situação da região central de Campinas. Porém, já houve uma mudança no estilo, após a pesquisa Quaest/EPTV colocar a candidatura com 1% de intenção de voto.

Na postagem, Matos reclama da falta de estrutura do centro e as más condições dos banheiros públicos. Voltou a usar o exemplo do Estados Unidos, agora para abordar WCs e disse que vai emular o projeto aqui. E finalizou, lembrando os tempos de Coringa, indagando se o secretário (sabe-se lá qual) usa, na verdade o termo usado é bem chulo, o banheiro.

Debandada

Em mais um capítulo da novela, o União Brasil de Campinas registrou uma debandada em massa na noite desta sexta-feira. A reunião da executiva municipal terminou com a desfiliação de mais de 100 membros do partido.

O encontro foi conduzido pelo Presidente da Ceasa Campinas, Valter Greve, Presidente da Emdec, Vinicius Riverete, Secretário de Transportes, Fernando de Caires, Secretário de Habitação e Presidente da Cohab, Arly de Lara Romeo, e o Secretário de Governo, Michel Abrão. Todos do governo Dário Saadi, por sinal remanescentes da administração Jonas Donizette. Também na reunião, a figura central do vice-prefeito, Wanderley de Almeida, o Wandão.

O União Brasil enfrentou o dilema da executiva municipal ser Dário, mas a estadual definir apoio a Rafa Zimbaldi (Cidadania), com indicação da vice Raquel Rímoli e um aporte inicial de R$ 300 mil para a campanha de Rafa, de acordo com o sistema de prestação de contas do TSE (Tribunal Superior Eleitoral).

Apesar do esvaziamento, nada muda na disputa proporcional e toda a chapa de candidatos a vereador segue intacta.

Fator Jonas

O PSB de Campinas postou um vídeo do deputado federal e ex-prefeito Jonas Donizette com os dizeres “Jonas vem aí”. O principal nome da legenda na região será amplamente explorado na campanha proporcional, ou seja, para vereador. O PSB elegeu quatro vereadores em 2020 e, neste ano, possui a maior bancada ao lado do PL, com seis parlamentares.

O fator Jonas é a grande aposta da sigla, que busca fortalecer a campanha dos aliados e, novamente, conquistar o maior número possível de cadeiras no legislativo para garantir a hegemonia. No entanto, o cenário político mudou significativamente, e o PSB sabe que o desafio deste ano será maior, com uma disputa acirrada, onde candidatos que atualmente compõem a base estarão em uma competição no estilo “cada um por si”.