01 de setembro de 2024
ARTIGO

Nutrindo esperanças


| Tempo de leitura: 3 min

Para alimentar esperanças, parta do princípio de que, em tempos de eleição, todos podem candidatar-se. Direito constitucional. Antes, no entanto, procure conhecer as histórias. Veja quantos, depois, poderão deixar um rastro positivo junto ao povo. 
Não espere por projetos grandiosos. Pense na Educação, no bem-estar social, na saúde, no equilíbrio financeiro do município, no fazer diário, ao longo de quatro anos. Reveja o aceno de respeito e simpatia ao longo da vida, não em abraços demorados em vésperas de eleição.
Não diga haver candidatos. Saiba como escolher e em quem votar. A responsabilidade é de quem vota. Se insatisfeito com a gestão, culpará o eleito, sem recordar-se ter sido o eleitor o responsável por sua escolha. 
Pensar, portanto. Nestes tempos difíceis, difícil encontrar quem pense com correção e cuidado. Houve efetivo desvio do comportamento escolar e a falta de leitura, a ausência de pensamento crítico, o esfarelar-se de ideias comprometem – e muito! – decisões equilibradas.
Quem, dentre tantos, saberá tocar nos problemas que nos afligem sem buscar por seus próprios interesses ou pretender agradar a uns e outros? Quem saberá fazer o melhor por todos, com coragem e respeito?
Depois de estar em diferentes países e conhecer distintas maneiras de governar - poucas com princípios que permitiriam registro na história.  Os projetos parecem não sair do papel e não há quem tenha a coragem de intervir junto ao gestor indicando caminhos. Há, isto sim, espaço a apoiadores, incapazes muitas vezes, de oferecer ideias a governo desejoso de fazer história.
Tive a sorte de estar ao lado de servir governo municipal ao longo de seis anos. Feliz, ouvi dia deste ilustre comentarista político sobre o fato. Afirmou que este período da história do município estabeleceu linha divisória em seu desenvolvimento determinando, em benefício do povo, o antes e o depois.
Mais tarde, honrado, assessorei o govenador Franco Montoro. Por suas mãos perambulei pela América Latina. Em Quito, quando lá estive, pude recebê-lo em visita,  com sua esposa, valendo-me uma vez mais de suas orientações. O governador soube, como poucos, trabalhar de modo a atender necessidades sociais, preservar, compromissos com sua formação e com a honradez que a vida pública exige e oferecer à Educação algo que dignificasse seu mais ilustre servidor: o professor. 
Um e outro souberam dar crédito ao conhecimento, ao talento, às ideias, ao caráter e ao compromisso com valores irrefutáveis na escolha de auxiliares. 
Muitos destes auxiliares, na sua juventude, capazes de caminhar contra o vento, metáfora perfeita para o regime da época, sonhavam despontar para futuro notável. A serviço, anos passados, provaram isto ao lado de quem soube liderar. Naqueles anos, com coragem, vontade e fé, se ia “contra a corrente até não poder resistir”. Aplicou-se a prática em favor do povo.
Daí, pensar, na hora da escolha. Não se constrói a clareza de ideias e sua coerência com atos e atitudes, sobre métodos intransigentes e velozes, e sim em concepções e preceitos. Ela não se vale tão somente da lógica, seja ela formal ou informal, mas de noções mentais como nitidez, confiabilidade, precisão, importância, valor expressivo.
Falar em pensamento crítico, hoje, é, em geral, motivo de reprovação. Quando me ponho a pensar no comportamento social dos anos setenta, mesmo com o horror da censura, sinto que tudo se perdeu. Falta leitura, raciocínio lógico, olhos e mentes, oferecendo luz para discernir certo e errado. Bom e mau. Pensar, dando vazão a sonhos e à coragem. 
Quanto bem fizeram jovens nos setenta a nos alertar sobre o cipó de aroeira alimentando esperanças de que desse a volta sobre o lombo de quem mandou dar. Quanto estimularam mudanças naqueles anos difíceis dando ao sol novo brilho, renovando esperanças em cântico de liberdade!