Pesquisa é foto, eleição é filme.
E o ritmo das cenas, gravadas em smartphones e postadas em redes sociais, é parecido com um Grande Prêmio de Fórmula 1. Quer ver?
No dia 4 de junho, após a divulgação de pesquisa por OVALE, começou a ser definido o grid de largada da corrida ao Paço Municipal de São José dos Campos. Na pole position, o levantamento mostrou o ex-prefeito Eduardo Cury (PL), com vantagem de até 18,4 pontos percentuais para o atual prefeito, Anderson Farias (PSD), ampliando a vantagem sinalizada um ano antes, em pesquisa de 13 de maio de 2023.
Na sequência, a pesquisa mostrou Wagner Balieiro (PT) e Dr. Elton (União) na segunda fila, com Toninho Ferreira (PSTU) e Prof. Wilson Cabral (PDT) fechando o grid.
De lá para cá, passados 80 dias, o que mudou? No último dia 16, foi dada a largada oficial para a campanha. Luz verde. Motores roncando e pé no acelerador! Certo?
Se Anderson e Dr. Elton demonstram ter acelerado, Cury parece estar com o freio de mão puxado.
A nova pesquisa OVALE, divulgada em 22 de agosto, mostra Anderson já no retrovisor de Cury, que tropeçou (ou derrapou) na estratégia adotada ao longo dos últimos 80 dias, uma tática que atingiu o seu ápice com ausência do candidato do PL no debate entre os candidatos a prefeito, realizado pela TV Band Vale nesta quarta-feira (21). Fato é que, agora, Cury e Anderson estão tecnicamente empatados, pela margem de erro. É roda a roda.
E o resultado não aconteceu à toa.
Em uma tentativa de cristalizar a pesquisa de junho, Cury submergiu, praticamente desapareceu da vista do eleitor, contrariando o modus operandi adotado por 10 entre 10 políticos. Há exemplos de políticos que só aparecem de quatro em quatro anos, mas candidato que some em ano eleitoral parece inédito. Não concedeu entrevistas, não esteve em sabatinas, não foi ao debate... traduzindo, não foi candidato.
A prometida análise dos gargalos da cidade, prometida em março, até aqui resumiu-se a uma tímida crítica à gestão Anderson, dizendo que São José está "andando de lado". Até aqui, da formação do grid à largada, a campanha de Cury parece é que andou para trás. Será que agora, com a nova pesquisa, o candidato do PL vai corrigir a rota? Emanuel Fernandes, que prometeu empenhar-se mais do que se fosse candidato, vai entrar na campanha? Quais são as propostas?
De junho até aqui, Cury deixou o PSDB e migrou para o PL, viu Emanuel se negar a ser vice, teve o "fogo amigo" de Valdemar Costa Neto, presidente nacional do PL, dizendo que Cury ganharia de "lavada" -- postura que, além de denotar salto alto, destoa da verve política de Emanuel e Cury. O candidato do PL teve ainda o impacto de reportagem de OVALE, em 2 de julho, que revelou que sua empresa recebeu R$ 300 mil do PSDB.
No entanto, a derrapada de Cury neste momento da corrida eleitoral deve-se, majoritariamente, ao fato dele ter se escondido do eleitor, de não ter se apresentado como candidato, ao contrário de seus adversários, principalmente Anderson e Dr. Elton, que têm nas redes sociais "turbos" para acelerar a campanha. Ambos mostram-se ainda muito mais conectados do que Cury.
Quer um exemplo trivial, mas que ajuda a entender? Nas redes, solidarizando-se à dor dos fãs, Anderson e Elton lamentaram a morte de Silvio Santos no último sábado, postando mensagens em seus feeds. E Cury? Nada.
Qual é a distância hoje entre Cury e Anderson? Cury e Dr. Elton? Isso a pesquisa responde. E qual a distância entre Cury e o eleitor?Anderson, que tem ainda a força da máquina, é quem mais avançou na corrida ao Paço, de acordo com a pesquisa, nesta largada. Dr. Elton também oscila positivamente. Os dois aproveitaram os 80 dias, desde a pesquisa de junho, ajustaram sua estratégia e ganharam espaço. Mas, afinal, a pesquisa mostra o que vai acontecer daqui até o fim da eleição? Não, ela é uma foto. Eleição, é um filme.
Com base na nova pesquisa OVALE, os candidatos e suas equipes de campanha, certamente, vão para o box, para recalcular a rota, redefinir a estratégia, calibrar os pneus e as propostas, consertar o motor.
Cury pode mudar de estratégia e recuperar a ampla vantagem que tinha? Anderson pode ultrapassar Cury nas próximas semanas? Dr. Elton pode se consolidar como uma terceira via? O horário eleitoral da rádio e TV, que começará no próximo dia 30, pode impactar os números? Teremos 2º turno em São José dos Campos após 28 anos?
Essas são questões que o eleitor, personagem central da democracia, que é quem empunha a bandeira quadriculada na reta final desta corrida, vai responder. Mas, como dizia José Abelardo Barbosa (1917-1988), o Chacrinha: "Quem não se comunica, se trumbica". Alô, Terezinha... uh-uh...