Com o registro de todas as cinco candidaturas à prefeitura de Campinas, qualquer cidadão tem acesso às documentações, lista de bens e outras informações no site da Justiça Eleitoral. Uma importante característica desses bancos de dados é receber de cada postulante ao cargo e disponibilizar o Plano de Governo para o município, detalhando as diretrizes e intenções do que o candidato pretende implantar.
Todos os cinco candidatos entregaram seus planos, mas é espantoso, e beira o desleixo, o material do prefeito e candidato à reeleição Dário Saadi (Republicanos). É inacreditável que uma campanha que reúne a força de um grupo há anos no poder da cidade e com 12 partidos coligados tenha apresentado um documento de apenas duas páginas, com 10 tópicos e justificativas rasas sobre o que pretende fazer em cada área.
Para ser justo, o documento na Justiça Eleitoral tem o título "PRINCIPAIS PONTOS DO PLANO DE GOVERNO DÁRIO 25-28" e dá a entender que o plano real está sendo elaborado. No entanto, é um contraste absurdo quando comparado aos outros candidatos, que enviaram um material robusto e organizado para ser conferido pelos eleitores.
Vale ressaltar um ponto importante: não estou analisando a viabilidade ou a credibilidade das propostas apresentadas. Este é um relato da apresentação montada por cada candidato.
Rafa Zimbaldi (Cidadania), por exemplo, registrou uma proposta de governo com 81 páginas, incluindo análises de áreas, ideias de soluções e avaliações dos setores. Pedro Tourinho (PT) apresentou um material de 19 páginas, mais analítico e crítico, mas com proposições para segmentos do poder público. O candidato do Novo, Wilson Matos, também colocou à disposição um material mais elaborado, com 18 páginas de propostas. Inclusive o PCO, último a registrar a candidatura, com Angelina Dias na cabeça de chapa, entregou um plano de seis páginas, que demandou mais tempo de elaboração do que o apresentado pelo atual prefeito.
Sinceramente, é inadmissível que uma candidatura desse porte, à reeleição e para uma cidade da magnitude de Campinas, inicie a corrida eleitoral com um erro como esse. É criar munição para ser alvejado.
A corrida eleitoral começou oficialmente, com campanhas nas ruas e propagandas na internet e redes sociais. O início já evidenciou a tentativa de controlar a narrativa, com o atual prefeito, Dário Saadi, adotando uma postura claramente defensiva. No primeiro vídeo de sua campanha, Dário anunciou que "está aberta a temporada de caça ao Careca", como se uma tentativa de reeleição não fosse expor a "vidraça" de quem detém o poder. Além disso, ele sugeriu que seus adversários fazem parte da "turma que não gosta muito de Campinas."
Por outro lado, a primeira postagem de Rafa Zimbaldi não atacou diretamente o prefeito. Em vez disso, trouxe uma mensagem tranquila, destacando problemas óbvios da metrópole, como saúde, população em situação de rua e falta de infraestrutura nos bairros periféricos. Rafa também deu certo protagonismo à sua vice, Raquel Rímoli, que é desconhecida no cenário político.
Pedro Tourinho optou por uma mensagem incentivando o engajamento. Em uma postagem no estilo selfie, ele anunciou o início da corrida eleitoral e convocou a militância a participar da caminhada.
Já Wilson Matos iniciou sua campanha apresentando uma proposta e abordando as condições de degradação da região central de Campinas. O candidato do Novo exibiu imagens de moradores de rua e destacou o que chamou de programa Tolerância Zero para enfrentar o problema.
O Partido da Causa Operária registrou a candidatura de Angelina Dias para prefeita, mas com uma mudança na chapa aprovada na ata do partido. Saiu Leo Silva, que constava no documento original, e o PCO inscreveu Julia Guimarães Brick como candidata a vice. Dessa forma, o partido terá uma composição completamente feminina para a disputa eleitoral.
Como mencionado acima, o PCO também registrou o Plano de Governo e apresentou a lista de bens de Angelina Dias. De acordo com o declarado à Justiça Eleitoral, a candidata possui como patrimônio uma casa no valor de R$ 200 mil.