A tentativa de comparar a atuação de Alexandre de Moraes nos inquéritos de fake news com a postura de Sergio Moro durante a Lava Jato é um equívoco que precisa ser desfeito. Ambos são figuras centrais em momentos de grande turbulência política no Brasil, mas suas posturas e ações são radicalmente opostas. Enquanto Moraes atua dentro da legalidade, protegendo as instituições democráticas, Moro usou a operação Lava Jato como um trampolim para alcançar ambições pessoais, manipulando o processo judicial de forma parcial e devastando o equilíbrio político do país.
A operação Lava Jato, inicialmente concebida como um símbolo de combate à corrupção, rapidamente perdeu seu brilho ao ser exposta como uma ferramenta política, nas mãos de Moro, para direcionar os rumos da política nacional. A “Vaza Jato”, um dos escândalos mais reveladores da história recente, mostrou o conluio entre o então juiz Sergio Moro e os procuradores da força-tarefa. As conversas vazadas revelaram um comportamento que desrespeitava os limites entre o papel de juiz e o de acusador, em que Moro orientava a acusação, moldava estratégias e atuava diretamente para influenciar o desfecho dos processos.
Esse comportamento culminou na prisão de Lula, um dos principais líderes políticos do país e o favorito para as eleições presidenciais de 2018. Com Lula fora do caminho, abriu-se a porta para a ascensão de Jair Bolsonaro, um candidato que, até então, estava longe de ser uma figura central no cenário eleitoral. A manipulação jurídica de Moro não apenas tirou Lula da corrida, mas também moldou o futuro do Brasil, com consequências catastróficas. O governo Bolsonaro trouxe o negacionismo, o desmantelamento de políticas públicas e ataques constantes às instituições democráticas, gerando este ambiente de polarização que vivemos hoje e incertezas.
Agora, em um cenário completamente diferente, Alexandre de Moraes surge como uma figura-chave na proteção da democracia contra as milícias digitais e as fake news. O que a oposição tenta fazer é equiparar sua atuação com a de Moro, sugerindo que Moraes também estaria manipulando o sistema judicial a seu favor. No entanto, essa comparação se desfaz diante dos fatos. Moraes, ao contrário de Moro, não age com base em interesses pessoais ou políticos, mas sim dentro das prerrogativas constitucionais que seu cargo exige.
As recentes “reportagens” sobre a colaboração entre o gabinete de Moraes no Supremo Tribunal Federal e o Tribunal Superior Eleitoral infelizmente têm sido exageradas, o que prejudica o bom jornalismo. A comunicação entre esses dois órgãos judiciais é totalmente legal e amparada pela legislação brasileira. O TSE, possui poder de polícia eleitoral e, dentro desse escopo, agiu para proteger o processo eleitoral contra ataques de desinformação que, como sabemos, têm sido usados como arma para desestabilizar a democracia.
Diferentemente do que ocorreu na Lava Jato, onde Moro agiu de forma parcial e conivente com os procuradores, Alexandre de Moraes tem mostrado um compromisso com a justiça e com a proteção das instituições. Suas decisões, embora firmes, têm sido referendadas por outros ministros do STF, confirmando a legalidade e a legitimidade de sua atuação. O que a oposição tenta fazer é jogar sombra sobre esse trabalho, promovendo uma narrativa de que Moraes estaria agindo como Moro, mas essa comparação é rasa e desonesta.
Moro, em sua ambição de poder, comprometeu o sistema de justiça brasileiro e, com isso, afetou diretamente o curso da nossa história política, levando à eleição de Bolsonaro e ao caos subsequente. Moraes, por outro lado, tem atuado para evitar que esse tipo de manipulação e desinformação continue a ameaçar o país. Ele não está apenas lidando com adversários políticos, mas enfrentando forças que tentam corromper a própria essência da democracia.
É importante deixar claro que as acusações contra Moraes são, em grande parte, motivadas politicamente. Enquanto Sergio Moro se revelou um agente de distorção da justiça, Alexandre de Moraes emerge como um defensor da verdade, enfrentando as fake news e protegendo o processo democrático de ataques corrosivos. A comparação entre os dois não se sustenta, e qualquer tentativa de equiparar suas posturas deve ser rejeitada com veemência.
No fim das contas, o que está em jogo aqui é a verdade. Enquanto Moro ajudou a construir um cenário de caos e desconfiança, Moraes está, com todos os desafios que enfrenta, trabalhando para restaurar a ordem e a confiança nas instituições. O Brasil não pode se dar ao luxo de repetir os erros do passado, e é exatamente isso que a oposição parece querer ao tentar minar a autoridade de Alexandre de Moraes.
A diferença entre os dois é cristalina. Um utilizou seu poder para manipular, o outro para defender. Um trouxe o caos, o outro busca restaurar a ordem. No final, a verdade sobre ambos será reconhecida pela história, e os papéis que desempenharam não serão confundidos.
* Fabrício Correia é escritor, historiador e geógrafo. Coordenou a cátedra de Diversidade da UNISE-PR e presidiu a Academia Joseense de Letras no biênio 2022-2024