04 de agosto de 2024
SOFRIMENTO

‘Queria poder curar a dor’, diz pai da menina que matou Ana Livia

Por Xandu Alves | São José dos Campos
| Tempo de leitura: 2 min
Repórter Especial
Reprodução
Tragédia da morte de Ana Livia vai completar dois anos

Um tiro calou para sempre a estudante Ana Livia, morta aos 13 anos em Taubaté, em setembro de 2022.

O mesmo tiro levou a tragédia para dentro da casa da menina que puxou o gatilho, então com 12 anos. Ela foi apreendida e enviada para uma unidade da Fundação Casa de São Paulo.

Em Taubaté, o pai da menina disse que “enfrentou uma guerra espiritual” e que buscou o direcionamento após a tragédia, que abalou toda a família. Ele se compadece da dor sentida pela mãe e os familiares de Ana Livia.

“Sinto toda a dor da outra parte e queria sinceramente curar a dor dela, mas estou dependendo de Deus, assim como ela [a filha]. A vida me colocou em xeque-mate e preciso entender o propósito de Deus, não tenho como falar a não ser que Deus me direcione”, disse ele a OVALE, tempos atrás.

Ele disse que a tragédia afetou as duas famílias, embora de forma diferente. Uma perdeu a vida, a outra ainda tem a vida pela frente, mesmo encarando a penalidade por ter-se envolvido em um crime. O pai disse que coloca Deus no controle para ver para onde Ele o direciona.

“Creio que Deus está no controle. Queria sim fazer alguma coisa pela outra parte”, afirmou.

A filha dele, a garota então com 12 anos que confessou ter matado Ana Lívia, foi apreendida, passou por julgamento e foi internada na Fundação Casa em São Paulo.

Ela passa por avaliações psicológicas regulares e os resultados são encaminhados ao Poder Judiciário, que avalia a evolução dela dentro da unidade de custódia do governo estadual.

Procurada pela reportagem, a Fundação Casa disse que o ECA (Estatuto da Criança e do Adolescente) não permite “divulgar informações sobre adolescentes em cumprimento ou que cumpriram medidas socioeducativas”.

O caso.

O caso de Ana Lívia aconteceu em 27 de setembro de 2022, no bairro Jardim Paulista, em Taubaté, antes da menina e uma colega então com 12 anos irem para a escola. As duas eram melhores amigas.

Pela manhã, Lívia ligou para a mãe perguntando se a amiga podia ir até sua casa para que as duas pudessem ir para a escola juntas, de carona com a mãe de outra colega. Horas depois, a mãe de Ana Lívia encontrou a menina já sem vida, em seu quarto.

Lívia foi encontrada com um tiro na nuca, com o corpo caído em cima de uma mesa de cabeceira. A arma utilizada no crime era de um tio da menina que a usou, que na época trabalhava como agente penitenciário. Ele foi multado em R$ 2,5 mil.

A multa aplicada foi resultado do julgamento de um Termo Circunstanciado de Ocorrência. O Ministério Público considerou que o agente deixou de adotar medidas necessárias para impedir que a adolescente tivesse acesso à arma.