23 de novembro de 2024
TEATRO

Cia estreia ‘O Corpo da Mulher como Campo de Batalha’ em São José

Por Da redação | São José dos Campos
| Tempo de leitura: 3 min
Divulgação / Malu Freire
Atrizes da peça ‘O Corpo da Mulher como Campo de Batalha’

A Cia da Entropia estreia em São José dos Campos, na próxima sexta-feira (2), a peça "O Corpo da Mulher Como Campo de Batalha", do dramaturgo, poeta e jornalista romeno Matéi Visniec.

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Um texto sensível, denso e dramático, que explora os limites entre o documental e a poesia ao discutir temas como o horror da guerra, a violência contra a mulher, o estupro e o aborto.

A apresentação é gratuita e acontece a partir das 21h, no CAC Walmor Chagas (Rua Netuno, nº 41, Jardim da Granja). Por conta da limitação de público do espaço, é preciso reservar ingressos antecipadamente pelo telefone (12) 99128-0524, com Elton.

Também haverá uma apresentação no sábado (3), no mesmo local e horário, abrindo a temporada que vai incluir outras quatro apresentações na cidade, até o início de setembro.

A peça é financiada pelo Fundo Municipal de Cultura, da FCCR (Fundação Cultural Cassiano Ricardo).

O espetáculo.

Escrita em 1996, a peça é um retrato chocante da guerra da Bósnia e da crise humanitária que assolou o leste europeu, com enfoque específico para discussão sobre mulheres vítimas do mais repulsivo crime de guerra.

A trama gira em torno de duas mulheres que se encontram em um hospital da Otan (Organização do Tratado do Atlântico Norte), em 1994, na fase final da Guerra da Bósnia. As duas personagens levantam uma discussão sobre a violência contra a mulher, o estupro como arma de guerra, os movimentos extremistas, o aborto e a maternidade.

No palco, as atrizes Milena Siqueira e Simone Sobreda dão vida às personagens Dorra (paciente) e Kate (psicanalista).

Dorra é uma mulher que tem a guerra fincada em seu próprio corpo. Com a vida marcada pela violência e pelo trauma. Entre sentimentos dilacerantes e crises de raiva, ela tenta reconstruir sua história.

Kate é uma psicóloga freudiana americana, formada em Harvard, que deixou sua família para trabalhar na guerra da Bósnia, com as equipes de escavadores de valas comuns, experiência que a colocou em contato com as piores atrocidades da guerra.

Ela tenta curar Dorra e inicia o trabalho com um frio distanciamento científico. Porém, com o desenrolar da história, ela se aproxima da paciente e acaba também revelando seus traumas.

Dorra e Kate, dois mundos que se encontram, Oriente e Ocidente, duas mulheres abaladas pela história, ambas vítimas marcadas pela guerra. Mas, desse encontro nascerá um diálogo, uma amizade, uma cumplicidade para buscar uma saída para o pesadelo.

O diretor Fernando Rodrigues diz que “foi um grande desafio” conduzir um trabalho com tamanha carga dramática e que envolve temas tão sensíveis. A peça chega num momento em que aborto e estupro estão no foco de uma polêmica discussão na sociedade brasileira.

"Nesse texto, o autor consegue traduzir, ao menos em parte, o pesadelo e o trauma de alguém que se vê obrigada a ter um filho de um estupro. Uma oportunidade para que o público sinta um pouco do que se passa pela cabeça da vítima de um crime tão brutal como esse. Mas, sem apontar saídas. É apenas um convite à reflexão. Esperamos que o público aprove", disse Rodrigues.

A Cia da Entropia nasceu em 2018, em São José, da união das experiências da atriz Simone Sobreda, em produção e atuação, e de Elton Dietrich, em administração e gestão financeira.

Com atuação em São José, o grupo tem trazido em seus espetáculos, desde a sua criação, temas que falam da mulher em situações limite: feminicídio, subserviência, performance de gênero, esgotamento físico maternidade, estupro, aborto entre outros.

 

SERVIÇO

"O Corpo da Mulher como Campo de Batalha"

Data: 2/8 (sexta) e 3/8 (sábado)

Horário: a partir das 21h

Local: Centro de Artes Cênicas Walmor Chagas (Rua Netuno, nº 41 - Jardim da Granja)

Entrada: gratuita

Classificação: 14 anos

Duração: 1 hora

Ingressos: Reservas no telefone (12) 99128-0524, com Elton