Foi um mês para ouvir os quatro pré-candidatos à prefeitura de Campinas, e todos participaram da rodada de entrevistas no FPX Cast. A cada semana, o podcast ouviu os postulantes ao cargo mais alto do Palácio dos Jequitibás para uma eleição que promete acirramento e, para uma campanha que sequer começou oficialmente, ânimos exaltados.
O programa ouviu Wilson Matos, do Novo, Pedro Tourinho, do PT, Rafa Zimbaldi, do Cidadania, e Dário Saadi, do Republicanos. Um detalhe importante do pleito deste ano é que todos os que buscam a prefeitura não são “marinheiros de primeira viagem”. Os quatro nomes já disputaram uma eleição pelo executivo municipal e estrearam justamente em 2020, quando foram adversários.
Dário foi eleito em uma disputa no segundo turno com Rafa Zimbaldi, então no PL. Pedro Tourinho foi o terceiro mais bem votado e ficou a poucos votos de ultrapassar Rafa. Por sinal, a poucas urnas a serem apuradas, era o petista que ocupava o segundo lugar. Já Wilson Matos, um desconhecido do meio político, se apresentou como empresário de sucesso nos Estados Unidos, mas foi na reta final com uma postura mais circense que atingiu um quinto lugar, feito impressionante para um candidato sem histórico e, naquele momento, no Patriota.
Agora o jogo é outro. Todos seguem em busca do Quarto Andar e com foco em Dário Saadi. Afinal, sem 2020, Dário se apresentava como um defensor de legado alheio; agora ele é o prefeito com quatro anos de mandato, ou seja, a “vidraça” é dele. Talvez por isso, a estratégia neste momento seja apresentar um Dário mais firme, contundente, quase agressivo, tal qual o prefeito se portou na entrevista no podcast. Saadi estava diferente das entrevistas que fiz ao longo destes três anos e meio. Um ponto positivo do prefeito: ele não foge do assunto e não faz rodeios. Porém, é perceptível uma mudança recente. É como se ele estivesse debatendo com o entrevistador. Ah, e centrou a artilharia no PT.
Sobre Rafa Zimbaldi, o que era esperado: o ataque é à gestão Dário, nada diferente da performance de 2020 para cá, quando os adversários o intitularam como “eterno candidato”, já que não saiu do ‘personagem’. Sejamos claros, Rafa se apresentou como oposição ao governo Dário desde o início e assim perdurou por todo este período. Se tivesse esfriado, com certeza iriam criticá-lo justamente por isso. Um ponto importante que pode ser conferido na recente entrevista: Rafa Zimbaldi ‘bate’ em Dário, mas poupa outro adversário, o petista Pedro Tourinho. Rafa sabe que, em um eventual segundo turno contra Dário, precisa, e muito, desse eleitorado de esquerda e, por isso, reforçou várias vezes não "ter problema em dialogar".
Já sobre Pedro Tourinho, a impressão é de um político mais maduro e preparado para disputar a eleição do que há 4 anos. Mesmo assim, peca pela, até aqui, nula penetração com outros espectros para garantir uma real viabilidade. Tourinho parece falar para os seus e somente para os seus. O partido, apesar do investimento em marketing e na visível e estrondosa melhora na comunicação, ainda patina e fica nichado. Não é uma candidatura para vereador. É a busca pelo cargo mais importante da metrópole. Falta expansão. E talvez as circunstâncias políticas de Campinas e do Estado de São Paulo atrapalhem. Mesmo assim, a campanha é tiro curto e Tourinho se segura no jargão da “real mudança”, apontando o grupo que há 12 anos comanda a cidade, do qual, inclusive, fez parte o adversário Rafa Zimbaldi.
Para o Novo, tudo é novo: a candidatura, a campanha e, inclusive, o candidato, que o partido trocou por duas vezes, até se acalmar (assim esperamos) com Wilson Matos. Wilson voltou ao papel de empresário em solo americano que pretende emular projetos do Tio Sam para o setor público campineiro. Exemplos de Washington, DC, são divulgados pela sua rede social como factíveis para o município. Até aqui, o início é bem parecido com aquele de 2020. Fato é que ‘sobrou’ para Matos a corrida eleitoral do Novo, e isso ficou claramente exposto na entrevista que deu início à série. Um pré-candidato ainda procurando propostas com ideias até simplistas e que esbarram na burocracia ou mesmo na falta de orçamento para serem factíveis.
De todo modo, foi um enorme prazer e uma honra poder comandar uma rodada com os pré-candidatos e assim contribuir com um ‘tijolinho’ no alicerce democrático eleitoral de Campinas.
O governador Tarcísio de Freitas (Republicanos) é esperado para participar do megaevento que se tornou a convenção que vai selar a candidatura à reeleição de Dário Saadi, neste domingo, às 8h30. Convenhamos que é um tanto obrigatório o governador estar presente, afinal é o lançamento da principal candidatura do partido ao qual ele pertence no estado. Na capital, o Republicanos negocia com Ricardo Nunes (MDB). Sendo assim, Campinas é mais do que estratégica.
A convenção de Dário vai reunir no Expo Dom Pedro outros partidos aliados que farão suas próprias definições no mesmo espaço, e são esperados mais de três mil participantes. Tarcísio deverá estar em Campinas a partir das 11h.
Mais detalhes foram anunciados para a convenção do pré-candidato Rafa Zimbaldi (Cidadania), no dia 3 de agosto, a partir das 9h. O evento promete reunir lideranças políticas para consolidar o apoio à candidatura de Zimbaldi nas eleições municipais deste ano.
A coligação, até o momento, inclui os partidos PSDB, Cidadania, PDT, AGIR e PMB. Até aqui, nenhuma palavra sobre o vice.