26 de dezembro de 2024
POLÍTICA

Flávio Paradella: A insatisfação crescente do eleitor

Por Flávio Paradella | Especial para o Todo Dia Campinas
| Tempo de leitura: 4 min
Divulgação/PMC
São 884.726 cidadãos que, neste ano, terão a responsabilidade de escolher o próximo prefeito e os vereadores da cidade

Com as eleições municipais se aproximando, Campinas se prepara para um processo eleitoral marcado por um crescimento significativo no número de eleitores aptos a votar. São 884.726 cidadãos que, neste ano, terão a responsabilidade de escolher o próximo prefeito e os vereadores da cidade. Este aumento de 4,9% em relação às últimas eleições municipais de 2020 reflete uma tendência crescente que, desde 2012, elevou o número de eleitores em 12,6%.

Os quatro pré-candidatos à prefeitura de Campinas enfrentam um desafio duplo: além de conquistar a confiança de um eleitorado numeroso e diversificado, precisam também lidar com o cansaço generalizado da população em relação a promessas não cumpridas e serviços públicos insatisfatórios.

Historicamente, a cidade tem visto um aumento gradual de eleitores a cada ciclo eleitoral. Em 2012, eram 785.274 eleitores aptos; em 2016, esse número subiu para 822.044, um crescimento de 4,6%. Já em 2020, o eleitorado aumentou para 843.433, um acréscimo de 2,6% em relação à eleição anterior. O crescimento atual de 4,9% é o maior registrado nos últimos anos, sinalizando uma participação cada vez mais ativa da população no processo democrático.

No entanto, vale aqui outro fato histórico: o eleitorado cresce e, na mesma toada, a abstenção. Vamos lembrar o que aconteceu em 2020, claro que foi em plena pandemia, mas mais da metade (53,8%) do eleitorado se absteve ou votou branco e nulo no 2º turno.

Com mais eleitores e a clara insatisfação com a política, aumenta também a responsabilidade dos pré-candidatos. Eles não podem mais se dar ao luxo de fazer promessas vazias ou de não entregar melhorias concretas nos serviços públicos. A insatisfação dos cidadãos com promessas inatingíveis e a qualidade dos serviços prestados criou um cenário onde a confiança precisa ser reconquistada.

Para os pré-candidatos, a tarefa é clara: oferecer propostas realistas e implementáveis que possam realmente beneficiar a população. O embate de ideias antagônicas e a polarização ideológica serão fatores presentes, mas não podem se sobressair à necessidade de um debate político sério e comprometido com a realidade da cidade.

Campinas precisa que seus líderes compreendam as necessidades e demandas de uma população crescente e diversificada. É imperativo que os pré-candidatos apresentem soluções práticas e factíveis para problemas crônicos, como saúde, educação, transporte e segurança. O próximo prefeito terá que provar que está à altura das expectativas de quase 900 mil eleitores, mostrando não só competência administrativa, mas também uma verdadeira disposição para ouvir e atender os anseios da comunidade.

Neste contexto, o papel da imprensa e dos cidadãos é fundamental. Fiscalizar, cobrar e participar ativamente do processo eleitoral são ações essenciais para garantir que Campinas siga no caminho do desenvolvimento e da melhoria contínua dos serviços públicos. O futuro da cidade está nas mãos dos eleitores e dos candidatos que, a partir de agora, têm a responsabilidade de construir um diálogo transparente e honesto com a população.

PSTU não vai com ninguém

Em uma decisão que, apesar de não surpreender pela falta de relevância eleitoral, chama atenção, o Partido Socialista dos Trabalhadores Unificado (PSTU) definiu que não participará das eleições municipais deste ano em Campinas. A decisão foi tomada durante a convenção partidária realizada na tarde do último sábado, na sede do diretório no Centro de Campinas. O partido também anunciou que não apoiará nenhuma candidatura à prefeitura, incluindo a de Pedro Tourinho, do PT, o único nome da esquerda na disputa.

Durante o evento, além de definir a estratégia para as eleições municipais, o PSTU também escolheu seus candidatos à Câmara de Vereadores. A orientação da liderança local foi clara: os filiados, militantes e simpatizantes do partido foram aconselhados a votar nulo nas eleições para prefeito. Um manifesto com essa posição deve ser lançado publicamente nos próximos dias.

O PSTU explicou a postura do partido ressaltando que a decisão é um reflexo da falta de identificação com as opções políticas disponíveis e uma crítica às promessas não cumpridas e à gestão pública ineficaz que tem marcado a política local.

Convenção de Zimbaldi

O pré-candidato Rafa Zimbaldi confirmou que a convenção da federação Cidadania-PSDB será no dia 3 de agosto. O evento para definir a candidatura e chapa será no Clube da Vila Marieta, a partir das 9h. Ficam duas expectativas para o encontro: o anúncio do nome do vice e a União de outros partidos à candidatura.