23 de julho de 2024
PROJETO NA CÂMARA

Banheiro unissex: MP alerta sobre inconstitucionalidade de texto

Por Julio Codazzi | São José dos Campos
| Tempo de leitura: 2 min
Cleverson Nunes/CMSJC
Plenário da Câmara de São José dos Campos

O Ministério Público enviou um ofício à Câmara de São José dos Campos para comunicar que o Tribunal de Justiça considerou inconstitucional uma lei municipal de Mairiporã (SP) que visava impedir a instalação de banheiros unissex nos estabelecimentos públicos e privados daquela cidade.

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Na decisão, datada de abril desse ano, o TJ apontou que "o regramento de Mairiporã restringe a liberdade sexual e de escolha de parcela considerável da população que não se identifica com a tradicional divisão de gêneros 'cis', obrigando pessoas que se amoldam a outras orientações do espectro LGBTQIA+ a se adequarem ao conceito dual masculino/feminino, que não a representam", e que "ao fazê-lo, a legislação abraça ideologia sobre o que se entende por 'gênero' vinculada exclusivamente ao sexo biológico/anatômico, promovendo tratamento discriminatório como um todo, ferindo, em qualquer situação, a própria dignidade humana".

No ofício, o promotor João Marcos Costa de Paiva pediu que a decisão do TJ seja juntada a um projeto semelhante que tramita na Câmara de São José desde 2021. Essa solicitação do MP já foi atendida pelo Legislativo.

Projeto.

O projeto citado pelo promotor foi apresentado em novembro de 2021 pelo vereador Milton Vieira Filho (Republicanos), e tem coautoria de Marcelo Garcia (PRD), Renato Santiago (União) e Zé Luis (PSD).

Pelo texto, a proibição seria válida para "banheiros e vestiários, públicos ou privados", em "bares, restaurantes e similares, hipermercados, supermercados, hotéis, igrejas, shopping centers, instituições de ensino, repartições da administração pública municipal direta e indireta e equipamentos públicos". A proposta prevê multa de R$ 20 mil a R$ 60 mil e possibilidade de suspensão das atividades em caso de desrespeito.

Já em dezembro de 2021, a Assessoria Jurídica da Câmara apontou que o projeto seria inconstitucional. No entanto, o texto recebeu pareceres favoráveis das comissões de Justiça, Redação e Direitos Humanos, de Economia, Finanças e Orçamento e de Educação e Promoção Social, e está apto a ser votado desde agosto de 2022.

Procurado pela reportagem, o autor do projeto, vereador Milton Vieira Filho, não quis se manifestar sobre o ofício do MP e sobre a decisão do TJ.