27 de julho de 2024
CRIME BRUTAL

Morte de Danielle em ‘cativeiro’ revela drama da droga em SJC

Por Da redação | São José dos Campos
| Tempo de leitura: 3 min
Reprodução
Local em que Danielle foi queimada em São José

A morte brutal de Danielle Regina de Moraes Souza, 31 anos, revela o drama social de pessoas em situação de rua e que são usuárias de drogas em São José dos Campos, problema que aumentou nos últimos anos.

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Da adolescência até ser queimada viva pelo ex-namorado, Danielle desceu ao fundo do poço do uso de drogas e da vida nas ruas. Ela morreu no Hospital Municipal, na Vila Industrial, duas semanas depois de ter sido atacada, com 100% do corpo queimado.

O ex-namorado de Danielle foi preso pela Polícia Civil. Ele tem 34 anos e é o principal suspeito de tê-la queimado, juntamente com o atual companheiro dela, que teve 80% do corpo queimado e sobreviveu ao atentado.

Os dois foram queimados num lugar chamado “cativeiro”, um pequeno cômodo com grades e situado nos fundos de um ferro velho, na zona sul de São José. O lugar é ponto onde usuários escolhem para usar drogas, pernoitar ou fazer sexo. O caso foi investigado pela Delegacia de Homicídios de São José dos Campos.

Vida nas ruas.

Em depoimento à polícia, a mãe de Danielle relatou que a filha era usuária de drogas desde que tinha entre 17 e 18 anos. Nos últimos quatro anos, ela passou a utilizar crack e começou a viver em situação de rua por conta do vício, voltando para casa a cada 15 ou 20 dias.

Ela chegou a se casar com um homem e teve a primeira filha, hoje com 17 anos. A menina está grávida e Danielle morreu sem conhecer o neto. O casamento dela com o pai da filha durou por volta de três anos. Segundo a mãe, Danielle teve mais dois filhos com pais diferentes. Os três filhos dela têm 17, 12 e 7 anos.

No Natal do ano passado, Danielle visitou a mãe acompanhada de um homem que apresentou como namorado. Uma amiga contou à polícia que Danielle chegou a morar junto com esse namorado, numa casa no bairro Dom Pedro 2º, mas o caso não durou muito e Danielle voltou às ruas.

Foi então que, em 2 de junho, a mãe soube através de conhecidos que sua filha estava internada no pronto-socorro da Vila Industrial sem qualquer documento. Ela reconheceu Danielle e soube que outro homem havia sido internado com a filha, também queimado.

Na madrugada de 15 de junho, a mãe recebeu uma ligação do hospital informando sobre o falecimento de Danielle, que foi enterrada no cemitério municipal Colônia Paraíso, em São José.

Investigação.

Ao receber a notícia, a mãe de Danielle passou a rodar a zona sul da cidade para levantar informações sobre a morte da filha. Ela contou aos policiais que ouviu de pessoas que não quiseram ser identificadas que o responsável pelas queimaduras e posterior morte da filha era mesmo seu ex-namorado. A atitude “fria e egoísta” dele seria por “simplesmente não aceitar o fim do relacionamento”.

De acordo com o relato policial, o suspeito foi reconhecido por foto como sendo o autor da morte de Danielle e também a pessoa que começou a namorá-la no final de 2023. Ele foi preso.

Uma amiga da vítima disse aos investigadores que Danielle já havia reclamado da perseguição que sofria do ex-namorado, que a ameaçava. Ela contou que conhecia a vítima “há anos” e que as “circunstâncias e a crueldade empregada para assassiná-la não têm relação com o uso de drogas ou com a situação de rua em que vivia”. Para a amiga, se tivesse relação, a tragédia já teria ocorrido há muito tempo.

“Ela lamenta profundamente que uma mulher jovem, mãe e avó tenha tido um fim tão trágico”, diz trecho do depoimento da amiga.