06 de outubro de 2024
INTEGRAÇÃO

PM do Vale faz parceria com Rio e Minas para combater facções

Por Xandu Alves | São José dos Campos
| Tempo de leitura: 4 min
Xandu Alves / OVALE
Coronel Luiz Fernando Alves, comandante da PM no Vale do Paraíba

A Polícia Militar do Vale do Paraíba estreita relações com as polícias militares do Rio de Janeiro e de Minas Gerais para combater o crime organizado, que ultrapassa as divisas entre os três estados para realizar atividades criminais na região.

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A atuação em parceria é fundamental para combater os criminosos para além das divisas territoriais, segundo o comandante do CPI-1 (Comando de Policiamento do Interior), coronel Luiz Fernando Alves, responsável pela Polícia Militar em toda a região.

Em entrevista exclusiva a OVALE, ele contou que uma reunião foi realizada em 23 de junho, em Campos do Jordão, entre as polícias militares dos três estados, além de representantes da Polícia Civil e do Ministério Público.

De forma inédita, segundo Alves, as polícias trabalham em três eixos: inteligência policial, comunicação via rede rádio e a parte operacional.

“A inteligência policial em cada um desses estados, nas divisas, levantando quais são os nossos problemas, não só de organização criminosa, mas aquele marginal que muitas vezes sai de um estado e vai para o outro, pratica o crime e retorna. Ou de forma deliberada, quando ele está procurado no estado, ele migra para outro”, disse Alves. “Então nós passamos a entender como esse movimento é feito, para que a gente possa combater”, completou o comandante.

Em entrevista exclusiva a OVALE/Sampi, o governador de São Paulo, Tarcísio de Freitas (Republicanos), disse que o Vale do Paraíba é palco de uma guerra entre o PCC (Primeiro Comando da Capital) e facções criminosas do Rio de Janeiro, como o CV (Comando Vermelho), que tentam se infiltrar em território paulista.

Em disputa está o controle de pontos de venda de drogas, além do domínio de uma área estratégia, por onde o crime organizado escoa 90% das drogas e armas que abastecem facções no Rio de Janeiro.

Integração.

O comandante do CPI-1 disse que a comunicação via rede rádio já é compatível com a Polícia Militar de Minas Gerais, mas aguarda adaptação da PM do Rio de Janeiro para a integração com a polícia fluminense.

Quanto às operações, segundo Alves, não há mais ações somente na divisa geográfica de cada estado, porque muitas vezes as organizações criminosas migram para além da divisa.

“A gente entender isso e essas operações sendo feitas de forma coordenada, planejada, com base na inteligência, para que a gente atinja esse alvo criminal, essas organizações criminosas. A gente consegue ganhar em produtividade, consegue ter um trabalho organizado, uma agilidade e facilidade muito rápida de conversar entre os comandantes, que é extremamente importante”, afirmou o coronel.

A comunicação integrada abrange tanto os centros de operação (Copom) quanto as viaturas policiais, o que dá agilidade no momento da ocorrência ou da operação.

“Eles se conversarem muito rápido e essa velocidade da informação, da comunicação, gera para o policial não só o efeito de segurança, mas também a possibilidade de combater algum tipo de delito que tenha acontecido nas divisas”, explicou Alves.

Ele deu como exemplo um estouro de caixa eletrônico, hoje classificado como “crime ultraviolento”, quando normalmente há uma quadrilha instalada para cometer esses crimes, fortemente armada.

“Essa rapidez na informação leva ao policial militar, primeiro, a condição de ele estar seguro para atuar. Segundo, a gente, de forma muito rápida, conseguir se organizar para combater esse marginal que muitas vezes vai sair de um estado e entrar num outro”, afirmou o comandante.

Pronta resposta.

Na região do Vale, a PM conta com a unidade especializada do 3º Baep (Batalhão de Ações Especiais de Polícia), empregado em ações de gravidade como “uma força de resposta 24 horas em condição de combater esse tipo de crime”.

“Então, tanto no estado de São Paulo, aqui na nossa região do Vale do Paraíba, no Litoral Norte e na Serra da Mantiqueira, como na divisa com o Rio ou com Minas, o nosso Baep tem um grupo de pronta resposta pronto pra atuar 24 horas.”

Admitindo a atuação das organizações criminosas na região, Alves destacou que precisa ter “uma organização das polícias para combater, independente de ser no estado de São Paulo, do Rio ou de Minas”.

“Combater esse criminoso que está organizado ou criminoso que não tem divisa geográfica. Cabe a nós o preparo e planejamento para que, se houver tanto aquele criminoso que está instalado em São Paulo ou aqueles que desejam entrar, a gente combater. Independente se é uma facção de São Paulo, do Rio ou de Minas, a gente precisa estar preparado, treinando e equipado para combater. “