A Revolução Constitucionalista de 1932 teve o Vale do Paraíba como um de seus principais palcos, e algumas de suas principais histórias e batalhas. O movimento completa 92 anos nesta terça-feira, dia 9 de julho.
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A guerra visava derrubar o então governo provisório de Getúlio Vargas e definir uma nova constituição. O movimento paulista começou em 9 de julho e teve Cunha como palco da primeira luta travada entre as forças constitucionalistas e fuzileiros navais do governo federal.
Também aconteceu na região o primeiro bombardeio aéreo por aviões governistas, em Cachoeira Paulista. Já na vizinha Cruzeiro ocorreu o primeiro combate aéreo do país. As cidades de Lorena e Guaratinguetá também foram bombardeadas nos dias de conflito.
O chamado Túnel da Mantiqueira, que liga Cruzeiro a Passa Quatro, em Minas Gerais, foi palco de combates sangrentos, com mais de 200 mortes. O túnel de quase um quilômetro ficava na divisa entre São Paulo e Minas, e na proximidade com o Rio de Janeiro, tornando-o estratégico para a batalha.
"Construído por ingleses, sua localização estratégica entre os estados tornou o Túnel da Mantiqueira palco do embate mais sangrento da Revolução de 32. Assim como a Garganta do Embaú, o túnel registrou intensas batalhas entre paulistas e mineiros e entrou para a história como o front com maior número de baixas do conflito", diz texto na página Fatos Militares.
Além do teatro de guerra, um mártir nascido em São José dos Campos foi um dos motivos para o início do movimento. O estopim para a revolta paulista deu-se em 23 de maio, quando cinco jovens foram mortos por partidários da ditadura em São Paulo.
A morte dos jovens deu origem a um movimento de oposição chamado de MMDC, atualmente denominado MMDCA – um dos Ms é de Miragaia, sobrenome do joseense Euclides, um dos mortos na ação.
Além disso, o futuro presidente Juscelino Kubistchek atuou como médico no batalhão que ficava no Túnel da Mantiqueira.
A causa constitucionalista era apoiada pelo escritor taubateano Monteiro Lobato, que teve até seu filho alistado para defender a causa paulista..
Na capital da fé católica do país, a religião também teve papel importante na revolução paulista. O Vale abrigou dois ‘Batalhões da Fé’, grupos de combatentes com denominações religiosas.
A batalha não envolveu diretamente a Igreja Católica, mas não impediu que religiosos que concordavam com a proposta de uma nova constituição contra o governo provisório de Getúlio participassem do combate.
Foi criado o Batalhão Nossa Senhora Aparecida, em homenagem à Padroeira do Brasil, que lutou em prol da causa constitucionalista na região.
Aparecida foi bombardeada por ataques aéreos, o que motivou o então reitor do Santuário Nacional, padre Antão Jorge.
“A menor entre as cidades paulistas não quer ser a última a contribuir para o triunfo do ideal pelo qual São Paulo está se batendo”, escreveu o sacerdote ao arcebispo dom Duarte Azevedo. “A Padroeira do Brasil nos dê quanto antes a paz após a Vitória do Ideal Constitucionalista”.
Durante o conflito, a imagem de Nossa Senhora Aparecida foi escondida no subterrâneo, sendo visitada pelos combatentes antes e depois dos confrontos. Depois, ela foi levada para São Paulo, e, ao fim do conflito, voltou ao Santuário.
“Que será depois se nossos soldados ficarem desesperados de sua vitória, por verem retirada a Padroeira, como se nossa causa já estivesse perdida?”, escreveu Antão Jorge.
Em Guaratinguetá, um agrupamento foi batizado em homenagem a Frei Galvão, que se tornaria o primeiro santo brasileiro. O grupo atuou nas trincheiras na região da Serra da Mantiqueira. Com a proteção de Frei Galvão, nenhum integrante do batalhão morreu no confronto.