O cinema de Richard Linklater é o do encontro entre seres. Não é de todo diferente neste "Assassino por Acaso", bastante escorado pelos diálogos, mas que desta vez são portadores de informação e não tanto de duração e modulação. Estamos diante de um filme de gênero, com um conflito bem amarrado e de degustação fluida.
Na antológica trilogia em que os personagens feitos por Ethan Hawke e Julie Delpy se encontraram por três vezes entre "Antes do Amanhecer", de 1995, e "Antes da Meia-Noite", de 2013, os assuntos mudaram da leveza juvenil para a densidade implicada da maturidade. Em "Assassino por Acaso", Gary Johnson, papel de Glen Powell, é um professor universitário que presta serviço à polícia e acaba atuando como falso matador profissional. Ele se interessa pela personagem de Adria Arjona, que pretende eliminar o marido abusivo. A força motora está nos diálogos, mas a carga é ilustrativa. De certa forma, o filme trai aquilo que os cinéfilos chamariam de marca autoral, mas não há rótulos a quem reconstituiu Orson Welles. (clique aqui e veja mais sobre este filme e, também, sobre os filmes em cartaz nos cinemas de Bauru)