A Ipiranga anunciou que a partir desta terça-feira (11) os preços de combustíveis teriam reajustes em postos da rede. O comunicado informava que, "em adição à dinâmica habitual de repasses, os nossos preços de gasolina, etanol e diesel serão reajustados em função do efeito imediato da MP 1227/24, que restringiu a compensação de créditos tributários de PIS/Cofins". Essa medida provisória mencionada, porém, não chegou a entrar em vigor. O presidente do Senado, Rodrigo Pacheco (PSD-MG), devolveu parte do texto, por não obedecer a noventena, que estabelece alteração na cobrança de um tributo apenas 90 dias após publicação de lei.
Por conta disso, o aumento dos combustíveis foi relâmpago e nem chegou a todos os postos da rede. Presidente do Sindicato do Comércio Varejista de Derivados de Petróleo de Campinas (Recap), Emilio Martins explica a situação. "A Ipiranga anunciou o aumento na sexta-feira (7), reforçou na segunda (10) e hoje (11) subiu o preço dos combustíveis. Mas hoje foi revogada a medida provisória, os postos que receberam hoje pagaram o valor diferente e agora a Ipiranga vai ter que devolver o dinheiro a esses revendedores. A medida provisória estava em discussão ainda, tanto que só a Ipiranga fez o reajuste, e agora precisou voltar atrás."
Gerente de um posto Ipiranga de Jundiaí, Moisés Santos recebeu combustível na madrugada de hoje, mas nem sabia da alteração. "Ainda não chegou nada de aumento para mim. Não sabia disso. Chegou combustível de madrugada, mas com o preço normal, porque, quando tem mudança, já passam para nós e a gente muda o preço na bomba, avisa antes que vai aumentar. Já tem um tempinho que a gente não tem mexido em preço. Antes, na pandemia, tinha dia que a gente nem sabia o preço. Agora eu não tenho ouvido tanta reclamação por causa de preço", disse ele na tarde desta terça (11), pouco antes da devolução do texto da MP.
O JJ esteve na tarde desta terça em um posto Ipiranga de Jundiaí e, com a notícia de reajuste, o bobinador Rogério Oliveira, que abastece com gasolina, comentou que a alta seria ruim. "Estava um pouco caro, ainda mais para quem tem o carro um pouco mais forte, não dá para manter muito. E se fosse 100% dos postos bons, mas tem muita variação de posto para posto, então, se for no mais barato, é pior ainda. Agora, tem que sustentar o governo. Na minha opinião, o preço de combustível é má administração mesmo, tem que saber administrar os gastos", opina.
Também sobre o preço, antes de haver aumento, o pedreiro, Geraldo Rodrigues também criticou o governo. "Uso mais álcool para trajetos longos. Para dentro da cidade, uso gasolina. O combustível já está caríssimo. A governabilidade no nosso país é um lixo, acho que enquanto continuar assim, o preço vai subir. Acho que nem era para ter imposto. Você paga 30%, 40% de imposto."
O autônomo Bruno Eduardo da Silva usa diesel para trabalhar e reclama das variações. "Eu acredito que o preço realmente está alto para nós. Não tem veículo a diesel que faça 10 km com um litro de óleo diesel, então o consumo é grande, devido ao valor do combustível. Poderia estabilizar o preço do diesel, porque a gente dá um orçamento de serviço e o combustível tem muita variação, então é ruim."
O presidente da Recap chama atenção para a necessidade da compensação de postos agora. "Teve posto que comprou mais caro e nem repassou o reajuste ainda, mas não tem como aumentar agora para o consumidor final. Mesmo que companhias e postos tenham preço livre, possam colocar o valor que quiserem, a reclamação do consumidor é obrigatória", pontua.
E Emilio ressalta ainda a composição dos valores de combustíveis. "O que a gente tem visto não é só reajuste por causa de imposto e da Petrobrás. Todos os produtos têm tido muita oscilação de preço. A bomba só reflete o que acontece em toda a cadeia, não é o revendedor que faz alteração. Os preços têm se mantido em uma média constante, mas o etanol varia muito, por exemplo, tem que acompanhar o mercado."