28 de outubro de 2024
AVIAÇÃO

Como é montado o Gripen no Brasil? Conheça a produção

Por Xandu Alves | Gavião Peixoto
| Tempo de leitura: 3 min
Repórter Especial
Divulgação / Saab
Linha de produção do Gripen na fábrica da Embraer

Um dos mais versáteis e modernos caças supersônicos do mundo, o Gripen está sendo montado pela Saab fora da Suécia em uma linha de produção em parceria com a Embraer, na unidade da fabricante em Gavião Peixoto (SP).

Clique aqui para fazer parte da comunidade de OVALE no WhatsApp e receber notícias em primeira mão. E clique aqui para participar também do canal de OVALE no WhatsApp.

A linha do Gripen completou um ano de existência juntamente com a entrada, na fase final de montagem, do primeiro caça produzido no Brasil, que vai ser entregue em meados de 2025.

A Saab e a Embraer inauguraram a linha de produção em 9 de maio de 2023, um marco no programa de transferência de tecnologia entre as duas companhias e com outras empresas brasileiras.

Na unidade de Gavião Peixoto serão produzidas 15 das 36 aeronaves atualmente contratadas pela FAB (Força Aérea Brasileira) – contrato tem custo de 39,3 bilhões de coroas suecas (cerca de R$ 20 bilhões).

OVALE participou na quarta-feira (5) de uma visita às instalações da Embraer e da Saab na linha de produção do Gripen, e vai contar em detalhes como funciona a montagem do caça supersônico capaz de voar duas vezes a velocidade do som.

A linha de produção do Gripen no Brasil obedece a requisitos rigorosos de qualidade e reproduz a montagem feita na fábrica da Saab na Suécia.

“Os profissionais da Embraer que trabalham na linha do Gripen passaram por um extenso treinamento na fábrica da Saab em Linköping para garantir que estejam bem-preparados para suas funções”, disse Walter Pinto Junior, COO da Embraer Defesa & Segurança.

“O conhecimento adquirido na Suécia não apenas enriqueceu nossa equipe, mas também trouxe ensinamentos valiosos e tecnologias avançadas para a Embraer, contribuindo para nosso crescimento e inovação contínuos.”

LINHA DE PRODUÇÃO

Duas aeronaves Gripen estão atualmente na linha de produção, em estágios diferentes de fabricação, e uma terceira irá entrar na metade do ano. A primeira passou pela montagem estrutural, fase na qual são juntadas as quatro principais aeroestruturas: a fuselagem dianteira, a unidade de armamento, a fuselagem central das asas e a fuselagem traseira.

Ainda nesta fase, os tanques de combustível são selados, testes de pressão são conduzidos tanto no cockpit como nos tanques e medições geométricas são feitas. Ao final desta fase, é realizada a limpeza, pintura interna e aplicação de um verniz anticorrosivo em uma cabine de pintura externa.

De volta ao hangar do Gripen, a aeronave entra na fase de montagem final, que consiste em três estações. Na primeira, a fuselagem recebe aproximadamente 35 quilômetros de cabo e 300 metros de canos. Na segunda, é feita a instalação dos aviônicos, da unidade auxiliar de partida, do motor, do rádio, do estabilizador vertical, entre outros componentes. Na última estação o software da aeronave é instalado, testes funcionais são realizados e a aeronave retorna para a cabine de pintura para receber a camuflagem operacional.

Uma vez concluído esse processo, inicia-se a fase de preparação de voo, onde é feita a calibração final de vários sistemas, como o de navegação, combustível e controle de voo. O motor também é acionado pela primeira vez, testes funcionais são concluídos e ensaios em voo de produção são conduzidos para garantir que a aeronave funcione de acordo com o projeto verificado e certificado.

Após os testes, a aeronave é transferida para o último hangar, onde tem início o processo de entrega ao cliente. O primeiro Gripen E produzido no país será entregue à FAB em 2025. Além desta aeronave, um segundo caça está finalizando a montagem estrutural e um terceiro iniciará a produção em julho.

Segundo Luiz Hernandez, diretor de Cooperação Industrial na Saab Brasil, a empresa entregou sete aeronaves para a FAB, que já estão em operação. Um modelo é mantido para ensaio de voo e será entregue ao final do contrato.

Quando atingir o grau pleno de maturidade, após a chamada ‘curva de aprendizado’, a linha de produção no Brasil terá capacidade para montar de seis a nove aeronaves ao mesmo tempo, em etapas variadas do processo de fabricação, que vai girar em torno de 18 meses.