16 de julho de 2024
TRANSPORTE PÚBLICO

Novo edital do sistema de ônibus será publicado na próxima semana

Por Guilhermo Codazzi, editor-chefe de OVALE | São José dos Campos
| Tempo de leitura: 4 min
Adenir Britto/PMSJC
Novela do novo transporte público já se arrasta desde 2021

O novo edital do transporte público de São José dos Campos vai ser publicado na próxima semana, de acordo com informações obtidas por OVALE. Na prefeitura, a expectativa é que a nova licitação seja anunciada na próxima terça-feira (28), mais de 120 dias após o revés da última concorrência. A reportagem apurou que, no novo edital, o Paço vai dobrar a aposta e manter o modelo que prevê a locação de 400 ônibus elétricos, por meio da Urbam (Urbanizadora Municipal), e a contratação de uma empresa para operá-los, por meio de uma outra licitação, feita pela Secretaria de Mobilidade Urbana. Os detalhes serão divulgados na próxima semana.

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Na última tentativa, fracassada em janeiro deste ano, o edital previa a locação de 400 veículos elétricos, a um custo de até R$ 2,846 bilhões em um período de 15 anos.

Em 23 de janeiro, a Urbam confirmou que o recurso da Master Brasil Mobilidade havia sido rejeitado e que a desclassificação da única empresa interessada na licitação para a locação das quatro centenas de veículos elétricos havia sido mantida. A estatal afirmou que os passos seguintes seriam avaliados pela Secretaria de Mobilidade Urbana. Desde então, passados 120 dias, não há informações oficiais sobre os novos rumos do processo.

O novo sistema já deveria estar em operação desde fevereiro de 2021. A novela da implantação de um novo sistema de transporte, promessa da administração municipal, já se arrasta há três anos.

IMPASSE.

A novela começou em janeiro de 2019, quando a Prefeitura pagou R$ 2,4 milhões para a FGV (Fundação Getúlio Vargas) elaborar o novo modelo de concessão. Seria um contrato tradicional, em que seriam escolhidas as empresas que operariam os ônibus, em dois lotes. Editais foram lançados em 2020 e 2021, mas não houve interesse do mercado no modelo proposto. Apenas o Grupo Itapemirim participou, mas o contrato não foi adiante pois a empresa não comprovou que seria capaz de entregar o que era exigido.

Em março de 2022, inspirada em proposta do governo de Goiás, a Prefeitura passou a apostar em um novo modelo, que consiste em alugar os ônibus por meio de uma estatal – a Urbam, no caso -- e contratar outra empresa para operá-los, em outra licitação, feita pela Secretaria de Mobilidade Urbana.

Até o fim do ano passado, a Urbam chegou a lançar quatro diferentes editais, mas todos fracassaram. Dois deles chegaram a atrair uma empresa cada, mas ambas acabaram desclassificadas. As outras tentativas foram barradas pela Justiça e pelo TCE (Tribunal de Contas do Estado) – entre falhas apontadas pelo TCE estão que o modelo que envolve a Urbam não foi discutido em audiências públicas (isso só foi feito com o modelo da FGV) e que a Prefeitura não comprovou a viabilidade econômica desse novo modelo.

Na última das tentativas, declarada fracassada em janeiro desse ano, o edital previa a locação de 400 veículos elétricos, a um custo de até R$ 2,846 bilhões em um período de 15 anos.

Devido aos fracassos nas licitações, a Prefeitura tem feito sucessivas prorrogações nos atuais contratos.

Firmados em abril de 2008, os contratos com a Joseense e a Expresso Maringá deveriam ter sido encerrados em abril de 2020, mas já sofreram quatro prorrogações: para fevereiro de 2021, outubro de 2022, outubro de 2023 e outubro de 2024.

Já o contrato com a Saens Peña, firmado em outubro de 2010 e que deveria ter sido encerrado em fevereiro de 2021, foi prorrogado três vezes: para outubro de 2022, outubro de 2023 e outubro de 2024.

REPASSES.

Em meio aos fracassos das tentativas de fazer novas licitações para o transporte público, a Prefeitura repassou R$ 194,1 milhões às três atuais concessionárias de outubro de 2020 a dezembro de 2023, sendo R$ 70,32 milhões para a Saens Peña, R$ 65,63 milhões para a Joseense e R$ 58,16 milhões para a Expresso Maringá.

Iniciados no fim de 2020, ainda na fase mais crítica da pandemia da Covid-19, os repasses eram justificados como uma forma de “proporcionar o reequilíbrio econômico e financeiro do contrato de concessão” – não há previsão de até quando serão feitos.

As transferências, a título de indenização, somaram R$ 15 milhões nos últimos três meses de 2020, R$ 48,1 milhões em 2021, R$ 63,7 milhões em 2022 e R$ 67,19 milhões em 2023.

*Com informações de Julio Codazzi, editor-executivo de OVALE