No plenário da Câmara de São José dos Campos, o vereador Thomaz Henrique (PL) usou o período da ditadura militar no Brasil para criticar a esquerda. Ele negou que houve um golpe dos militares no país em 1964.
Clique aqui para fazer parte da comunidade de OVALE no WhatsApp e receber notícias em primeira mão. E clique aqui para participar também do canal de OVALE no WhatsApp.
Em discurso na sessão da última terça-feira (2), ele disse: “Quem sabe se o governo militar tivesse matado mais comunistas, mais terroristas, tinha evitado o que está acontecendo hoje no Brasil”.
A fala causou polêmica e foi repudiada por outros vereadores, como Amélia Naomi (PT) e Dulce Rita.
Amélia chamou a fala de “fascista” e disse que “muitas pessoas foram torturadas e mortas” na ditadura. “Nunca imaginaria ouvir isso aqui na Câmara, de um ser humano. Repudio essa fala fascista”.
Dulce Rita lembrou os pais perseguidos e disse que não se pode esquecer o que aconteceu no país: “Tem que repudiar [a ditadura], porque acompanhei isso de perto. Nós vimos o que deu nesse Brasil. Todas as vidas importam”.
SEM GOLPE.
Thomaz, que trocou o Novo pelo PL, partido do ex-presidente Jair Bolsonaro, discursou contra moção proposta por Amélia Naomi em repúdio aos “60 anos do golpe militar de 1964 e solidariedade às famílias dos mortos e desaparecidos pelo regime militar”. A moção foi aprovada com quatro votos contrários.
Em sua fala, Thomaz disse que “não vamos mais permitir que a esquerda continue escrevendo a história no Brasil”. E continuou: “Em 1964, os militares impediram um golpe comunista em curso no Brasil, a partir da revolução que os militares lideraram junto com o Congresso Nacional”.
Ele acrescentou que votaria contrário à moção da petista: “Essa moção fala das vítimas, a maioria terrorista, bandido”. E concluiu: “Quem sabe se o governo militar tivesse matado mais comunistas, mais terroristas, tinha evitado o que está acontecendo hoje no Brasil”.
O vereador Walter Hayashi (União Brasil) também disse que não houve golpe dos militares em 1964. Ele preferiu classificar como “intervenção”. Segundo ele, o Brasil ia ser “dominado pelos comunistas” quando os militares reagiram.
“Governo brasileiro homenageou Che Guevara e outros [naquela época] e caminhava para uma ditadura comunista, e por isso que teve a intervenção. Foi muito bom o governo militar”, afirmou Hayashi.
REPÚDIO.
Amélia repudiou a fala de Thomaz e chamou a declaração de “fascista”: “Quero repudiar a fala fascista desse vereador, que disse que morreu pouco. Sabemos a história e o que fizeram os militares”.
“Fizemos uma Comissão da Verdade aqui na Câmara e teve estudante do ITA que foi morto. Quero repudiar essa fala incentivando que deveria ter mais violência, que infelizmente a Comissão da Verdade apurou pouco, teve muito mais mortes. Dizer que deveria morrer mais é um absurdo”, completou a petista, que chamou de "equivocada" a posição de Hayashi.
Procurado nesta quinta-feira (4), o vereador do PL chamou de “revolução” o que houve em 1964, um “contragolpe apoiado pelo Congresso Nacional para impedir um golpe comunista em curso no Brasil”.
“A partir daí, os comunistas que foram para a clandestinidade e formaram guerrilhas armadas se tornaram criminosos e promoviam ataques terroristas, roubos a bancos, sequestros e assassinatos de inocentes”, afirmou Thomaz.
“O governo militar reagiu e estes criminosos foram mortos em confronto. Os que sobreviveram se filiaram em partidos de extrema-esquerda e até hoje destroem o país”, completou o vereador.