18 de dezembro de 2025
ATAQUE DE ESCORPIÃO

‘Anjo’ improvável e desconhecido ajudou no resgate de Clarinha durante a madrugada

Por Xandu Alves | São José dos Campos
| Tempo de leitura: 3 min
Reprodução
Clarinha segue internada

Um ‘anjo’ improvável e desconhecido ajudou a levar a menina Clara Vitória Costa Silva, de um ano e seis meses, até o pronto-socorro de Pindamonhangaba, depois de a menina ter sido picada por um escorpião, na madrugada de quinta-feira (21).

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Trata-se de um morador em situação de rua que ajudou a mãe da menina, Ellen Rose Costa, 33 anos, a levar a filha nos braços até a unidade de saúde.

Ele vive nas ruas de Pindamonhangaba juntamente com a mulher e foram os dois que ajudaram a desesperada mãe que carregava a filha nos braços, chorando e pedindo ajuda nas ruas da cidade do Vale do Paraíba.

MADRUGADA.

O drama começou na casa de Ellen, que trabalha no período noturno em uma pizzaria da cidade. Ela chega tarde em casa e a menina a estava esperando, para um tempo de brincadeiras com mãe.

“Nós estávamos brincando. Ela pegou uma bolinha e veio correndo para mim, chorando, desesperada”, disse a mãe, que mora no bairro Boa Vista, em Pindamonhangaba. “O escorpião picou na pontinha do dedo dela”, disse Ellen.

O ataque aconteceu por volta das 3h30, e aí começou o desespero da mãe, que saiu correndo de casa pedindo ajuda a vizinhos. Ela disse que bateu até na porta de uma unidade do Exército, mas ninguém ofereceu ajuda.

CORRIDA.

“Catei ela no colo e saí correndo pala rua. Ela começou a convulsionar. Bati na casa de uma família e não me ajudaram. O pessoal do Exército também não”, afirmou Ellen.

Foi exatamente um casal em situação de rua que estava deitado na praça Monsenhor Marcondes, também conhecida como Praça da Cascata, no centro de Pinda, que escutou os gritos de Ellen. Eles estavam perto de uma agência bancária.

“A gente escutou a mulher gritando com uma criança no colo. Corri na direção dela e ela gritava que precisava de ajuda, que a menina ia morrer porque tinha sido picada por um bicho”, contou Sabrina da Silva de Souza, 25 anos.

PRONTO-SOCORRO.

Segundo ela, o marido Jonatas de Paula Santos, 39 anos, pegou rapidamente Clarinha em seus braços e correu em direção do pronto-socorro de Pinda, distante quase dois quilômetros do local onde estavam.

“Ele correu mesmo. A menina estava mole, vomitando e virando os olhos nos braços dele. Meu marido até chupou o veneno na mão dela para cuspir, e ela grudou no meu marido, parecia que era filha dele”, disse Sabrina.

Quando chegou ao pronto-socorro, Jonatas gritou que a menina estava morrendo e pediu ajuda.

“Depois chegamos eu e a mãe da Clara, e até uns cachorros de rua foram com a gente. Meu marido deixou a menina no braço da médica. Para mim, ele foi um herói”, afirmou Sabrina.

Ellen contou que não conhecia o casal direito e que espera conhecê-los melhor. Eles trocaram contatos. Embora estejam em situação de rua nesse momento, Sabrina e Jonatas conseguem trabalhos eventuais e muitas vezes dormem em albergues e hotéis.

Sabrina e o marido disseram que acreditam na recuperação da menina: “A gente queria salvar a vida dela, que não aconteça nada com ela. Ela vai se recuperar. Ela é forte”.

INTERNAÇÃO.

Clara deu entrada no pronto-socorro municipal em estado grave. Na unidade, ela foi medicada com soro antiescorpiônico, mas com o estado de saúde piorando, a criança foi transferida para o Hospital Regional de Taubaté. “A vaga foi liberada muito rápido, e agora ela está aqui”, disse a mãe.

A menina segue entubada e sedada na UTI do Regional, e seu estado, segundo a mãe, é considerado "gravíssimo". "Estamos rezando para a recuperação dela. Tenho fé", disse Ellen.