16 de julho de 2024
POLITICANDO

Sobre Bolsonaro, golpe de estado e as eleições

Por Julio Codazzi |
| Tempo de leitura: 2 min
Marcos Correa/PR
Tentativa de golpe incluiu Bolsonaro, integrantes do governo e militares

O PL (Partido Liberal) tem - ou tinha - uma meta bastante audaciosa para as eleições de 2024: chegar a 1.500 prefeitos no país.

Alguns comparativos ajudam a entender a dimensão desse objetivo. Esse número representaria 27% de todos os municípios brasileiros. Na última eleição, quatro anos atrás, o PL elegeu 349 prefeitos - ou seja, precisaria mais do que quadruplicar esse resultado. Além disso, o MDB, que historicamente é o partido que vence em mais cidades, alcançou 797 prefeitos em 2020. E outra: na história recente, o recorde é de 1.201 prefeitos de uma mesma legenda, marca atingida pelo próprio MDB em 2008.

E o que explica(va) essa meta audaciosa? Dois fatores. Um deles é que, turbinado pelo ótimo resultado nas urnas em 2022, quando elegeu 99 dos 513 deputados federais, o PL terá esse ano a maior fatia do fundo eleitoral para turbinar as campanhas nos municípios. Serão R$ 863 milhões. É muito dinheiro.

O outro fator que impulsiona(va) essa meta: um cabo eleitoral como o ex-presidente Jair Bolsonaro, que foi mais votado do que Lula em 2.445 municípios no segundo turno de 2022.

Aqui na região, dirigentes do PL disseminavam o otimismo do partido já no fim de 2022 e também ao longo de 2023. Prometiam candidatos fortes para disputar as prefeituras das maiores cidades, como São José dos Campos e Taubaté, na eleição desse ano. Mas até agora, nenhum nome foi confirmado.

Em São José, existe um namoro com o ex-prefeito Eduardo Cury, do PSDB, líder nas pesquisas realizadas no ano passado. Se o acordo for selado, crescem as chances do partido. Mas, se não for, a legenda pode ficar fora da disputa pelo Paço. Em Taubaté, os nomes de Eduardo Cursino (terceiro colocado na eleição de 2020, pelo PSDB) e Capitão Souza (quarto colocado em 2020, pelo PRTB) foram cogitados nos últimos meses, mas já há quem acredite que nenhum dos dois será lançado ao Bom Conselho, e que o PL irá apostar em uma surpresa.

O problema é que, em meio a tantas indefinições, a última semana ficou marcada pelas revelações que apontam que houve uma tentativa de golpe de estado para manter Bolsonaro no poder, com envolvimento do ex-presidente, de membros do alto escalão de seu governo e de militares de alta patente. E nessa operação, o presidente nacional do PL, Valdemar Costa Neto, ainda acabou preso em flagrante por posse irregular de arma de fogo.

Um dirigente do PL com quem conversei disse acreditar que a operação não afetará os planos do partido. Outro afirmou que o cerco a Bolsonaro pode até ser benéfico. "Se prenderem o Bolsonaro, aí ele vira herói. Tudo isso aí, essa perseguição, isso aguça mais o eleitor”.

Será? Tudo indica que teremos importantes desdobramentos antes da eleição. Mas já seria prudente o PL trabalhar com outra meta.