06 de outubro de 2024
HÉLCIO COSTA

Que tal deixar os moradores do Banhado em paz?

Por Hélcio Costa | Jornalista
| Tempo de leitura: 3 min

Muita gente usa dezembro para traçar resoluções de Ano Novo.

Isto é, elaborar uma lista de compromissos para o futuro em busca de mudanças ou de uma vida melhor.  A lista, claro, varia de pessoa a pessoa: começar uma dieta após as extravagâncias da passagem de ano, parar de fumar, ter uma vida mais saudável, mudar de emprego, gastar menos. Boa parte da lista evapora no início de janeiro. É natural: mais do que cumprir resoluções de Ano Novo, o bom é fazê-las, até como uma reflexão sobre a vida, nossos desafios, o que nos deixa felizes, o que precisamos mudar. Você, leitor, já fez a sua?

Cuidado com o que colocar nela ...

Veja o caso do prefeito Anderson Farias: de tanto tentar, recebeu de presente de Natal a decisão do Tribunal de Justiça do Estado liberando a desocupação da área do Banhado, com uso de força policial, se necessário. Mais que presente, uma "batata quente". Mexer como Banhado na véspera de Natal? Precavido, Anderson avisou, de antemão, que nada seria feito no período de Festas. Melhor para ele, que evitou dor de cabeça em plena ceia de Natal. Melhor para os moradores do Jardim Nova Esperança, que ganharam tempo para que decisão do TJ fosse derrubada pelo STF, graças ao ministro Alexandre de Moraes. “Xandão” devolveu lógica ao caso. Afinal, que decisão fora do esquadro fora tomada pelo Tribunal de Justiça. Em audiência on-line, os desembargadores Luís Fernando Nishi e Miguel Petroni Neto decidiram pela remoção imediata das famílias alegando riscos ao meio ambiente. Olha, se fosse assim, o Banhado já seria um deserto: algumas famílias estão lá há 70 anos, bem antes da criação do Parque do Banhado, razão alegada pela prefeitura para toda celeuma. Pior: a decisão do TJ fez o clima esquentar no Banhado pouco antes do Natal, com um confronto entre moradores e PM. Precisava disso?

Bem que Anderson poderia estabelecer, como resolução de Ano Novo, deixar os moradores do Banhado em paz. Ou melhor, trabalhar por eles.

Afinal, o caminho para esse impasse em relação ao Banhado foi dado pela Justiça de São José dos Campos, em sentença da juíza Laís Helena de Carvalho. Qual é? A regularização da área. É simples, sem traumas. Esse seria um "presentão" para a cidade em 2024. Pode não render votos para Anderson, que está de olho no eleitor conservador, mas é o correto. Que tal, prefeito, fazer um pacto geral para resolver a questão da criminalidade e do tráfico de drogas naquela região? Esse é o problema real do Banhado e, até agora, o poder público tem fracassado nessa seara. Mas não é só: que tal devolver à comunidade do Banhado, prefeito, a infraestrutura urbana à qual ela já teve acesso, anos atrás? Isso é cidadania e faz bem. E cidadania serve de escudo contra a ação do crime organizado.

Frente ao poder público não pode haver cidadãos de primeira e de segunda classe. Que tal São José dos Campos ter um resolução de Ano Novo sobre isso? Artigo 1 da resolução: o morador do Nova Esperança tem o mesmo direito do morador do Esplanada do Sol. Afinal, mesmo com CEP diferentes, eles dividem a mesma geografia. Artigo 2: revogam-se todas as disposições em contrário.

Feliz 2024, segue o baile ...