23 de dezembro de 2025
DROGAS S/A

Crédito ou débito? Traficantes vendem drogas com pagamento por cartão e Pix em São José

Por Xandu Alves | São José dos Campos
| Tempo de leitura: 2 min
Reprodução
Consumo de crack

Traficantes que atuam em São José dos Campos usam a tecnologia para incrementar a venda de drogas na maior cidade do Vale do Paraíba.

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Em biqueiras de bairros como Campo dos Alemães e Dom Pedro 2º, na região sul, o pagamento pela compra de entorpecentes já pode ser feito por meio de Pix, além de cartões de débito e de crédito, com maquininha e tudo.

OVALE apurou que o Pix não é a forma hegemônica de se comprar drogas, mas vem conquistando adeptos entre traficantes pelas facilidades de recebimento. A principal fonte de pagamento ainda é o dinheiro vivo.

Segundo um policial civil que investiga o tráfico em São José, a venda de drogas procura meios diferentes para incrementar o comércio, o que inclui formas de pagamento por meios eletrônicos.

“Isso ainda não apareceu nas investigações, mas acredito que já esteja sendo usado o Pix e os cartões para o comércio de drogas na cidade”, disse um investigador.

Há traficantes que também fazem empréstimos para compradores de droga, como um financiamento a ser pago com juros, uma ‘linha de crédito’ do tráfico. Nesse caso, um tropeço na hora do acerto pode significar a diferença entre a vida e a morte.

Detalhe: os empréstimos poderiam ser obtidos por meio de um ‘operador’ do sistema que usaria uma moto para fornecer o ‘crédito’ aos usuários. A modalidade vem sendo investigada.

TRÁFICO

Tais ‘inovações’ no tráfico na zona sul de São José confirmam a região como a de maior influência na venda de drogas.

De acordo com dados oficiais da SSP (Secretaria de Segurança Pública do Estado de São Paulo), os bairros da região sul respondem por cerca de 40% das ocorrências de tráfico de drogas em São José. A zona leste aparece em segundo lugar.

Além das inovações para a venda das drogas, os traficantes também investem em grifes de drogas em São José.

Na cidade, biqueiras chegam a vender cocaína, crack e maconha usando nomes de personalidades, como o jogador Neymar, Osama Bin Laden e Pablo Escobar, além de personagens, como Papa Léguas e Hulk, ou ainda Hilda Furacão e Kryptonita.

Na pandemia, quadrilhas voltadas à venda de entorpecentes batizaram de ‘Covid’ os pinos de cocaína. Uma das 'marcas' é chamada de 'Covid-14', em referência à rua onde o grupo mantém a 'biqueira' ou 'loja', como são conhecidos os pontos de comércio de drogas.

Em diversas reportagens especiais, OVALE revelou que quadrilhas ligadas ao tráfico possuem até 'franquias' de pontos de venda de droga -- é o caso do PCC (Primeiro Comando da Capital), mais temida facção criminosa do país.

Há venda e aluguel de biqueiras, adoção de estratégias de marketing e até escala de horários, auditoria e outras iniciativas comuns no ambiente empresarial.

Os pontos de tráfico funcionam com uma estrutura organizada, com horários de funcionamento, turnos de atuação e funções definidas, como ‘gerente’, ‘vapores’ e também ‘vigias’.