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08 de maio de 2024

CÂMARA

Comissão de Finanças cobra estudo de impacto do projeto que recria cargos comissionados

Pedido tem como base pareceres de órgãos técnicos que apontaram que projeto do governo Saud é nulo por não ter apresentado o impacto de recriar cargos e funções de confiança

Por Julio Codazzi
Taubaté

14/11/2023 - Tempo de leitura: 3 min

Giovana Vasconcelos/CMT

Lateral da Prefeitura de Taubaté

A Comissão de Finanças e Orçamento da Câmara de Taubaté solicitou que o governo José Saud (MDB) apresente o estudo de impacto orçamentário-financeiro do projeto que recria parte da estrutura administrativa da Prefeitura que foi considerada inconstitucional pela Justiça.

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O pedido foi feito pelo vereador Serginho (PP), que preside a comissão e será o relator do projeto no órgão temático.

Quando o projeto foi enviado à Câmara, no fim de setembro, Saud alegou que o estudo de impacto não seria necessário pois, na prática, haveria uma redução no número de cargos comissionados e funções de confiança, com economia anual de R$ 12 milhões. No entanto, dois órgãos técnicos da Casa - a Procuradoria Legislativa e a Consultoria Legislativa - apontaram que, como os cargos comissionados e as funções de confiança inconstitucionais deixaram de existir no fim de outubro, a proposta resultaria em um aumento de despesa diante da situação atual, e que portanto o estudo seria necessário, sob o risco de tornar nula a futura lei.

IMPACTO.
No pedido de informações, Serginho ressalta os apontamentos da Procuradoria Legislativa e da Consultoria Legislativa e destaca a crise financeira da Prefeitura, que tem dívidas milionárias com o IPMT (Instituto de Previdência do Município de Taubaté), as terceirizadas da saúde e de limpeza urbana.

O pedido de envio do estudo foi recebido pela Prefeitura na última segunda-feira (13). Não há prazo fixado para a resposta.

Serginho pediu ainda que o TCE (Tribunal de Contas do Estado) preste informações sobre a situação financeira da Prefeitura. O presidente da Comissão de Finanças e Orçamento informou que pretende esperar 60 dias pela resposta do TCE.

TRAMITAÇÃO.
Além de apontar a ausência de estudo de impacto, a Procuradoria Legislativa também identificou que o projeto tem ao menos 93 cargos comissionados e 170 funções de confiança com as mesmas irregularidades apontadas pelo Tribunal de Justiça em junho. No caso dos cargos comissionados, o órgão técnico afirmou que "as atribuições apresentadas são técnicas e burocráticas", e que portanto deveriam ser providos por concurso público. Com relação às funções de confiança, a Procuradoria entendeu que elas recriam, com nomenclaturas diferentes, funções consideradas inconstitucionais pelo TJ. O parecer do órgão técnico alertou ainda que "reiteradas tentativas de aprovar lei já considerada inconstitucional" podem "levar a condenação por improbidade administrativa", e que o Ministério Público recomendou que a Câmara, ao analisar o projeto, não reitere "os vícios já apontados" pelo TJ, "ainda que" a "mera alteração da nomenclatura de órgãos, cargos ou funções se faça crer tratar-se de novidade".

Na Comissão de Justiça e Redação, o projeto passou com dois votos favoráveis - dos governistas Marcelo Macedo (MDB) e Dentinho (União) - e um contrário - da oposicionista Talita Cadeirante (PSB). Macedo e Dentinho apresentaram 91 emendas para tentar corrigir os apontamentos de inconstitucionalidade feitos pela Procuradoria Legislativa.

Após passar pela Comissão de Finanças e Orçamento, que tem maioria oposicionista, o projeto ainda será submetido à Comissão de Saúde, Trabalho, Seguridade Social e Servidor Público, na qual o governo também tem minoria.

PROJETO.
Em junho, após ação da PGJ (Procuradoria Geral de Justiça), o TJ considerou inconstitucionais 176 cargos comissionados e 425 funções de confiança da Prefeitura. O prazo para regularização terminou no dia 26 de outubro, quando os ocupantes dos cargos e das funções foram exonerados. A administração municipal manteve apenas as 216 funções de confiança relacionadas às escolas - diretor de escola (122), vice-diretor de escola (66) e supervisor de ensino (28); nesse caso, o STF (Supremo Tribunal Federal) concedeu prazo adicional de um ano para a correção, que inclui a transformação das funções em cargos efetivos e a realização de concurso público para preenchê-los.

Antes da decisão do TJ, a Prefeitura tinha 205 cargos comissionados. Apenas 29 continuam a existir. Pelo projeto, o número passaria a ser de 171 - ou seja, na prática, seriam recriados 142 cargos de livre nomeação.

Já com relação às funções de confiança, eram 507 ligadas à estrutura administrativa das secretarias (esse número não inclui 431 funções ligadas às escolas), número que caiu para 298 após a decisão do TJ. Pela proposta do governo Saud, passariam a ser 412, com a recriação de 114 das funções que foram consideradas inconstitucionais.