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08 de maio de 2024

PROCESSO

TJ julgará dia 25 ação do governo Saud contra lei que proíbe linguagem neutra em Taubaté

Lei municipal de novembro de 2022 proíbe linguagem neutra em escolas e concursos; ação que pede a derrubada da norma foi apresentada pelo prefeito José Saud em abril desse ano

Por Julio Codazzi
Taubaté

12/10/2023 - Tempo de leitura: 2 min

Divulgação/PMT

Sala de aula em escola da rede municipal de Taubaté

O Tribunal de Justiça deve julgar no próximo dia 25 a Adin (Ação Direta de Inconstitucionalidade) que visa derrubar a lei que proíbe o uso de 'linguagem neutra' em concursos públicos e em instituições de ensino públicas e particulares com sede em Taubaté. A ação será julgada pelo Órgão Especial, que é composto por 25 desembargadores.

A ação foi protocolada pelo governo José Saud (MDB) no dia 11 de abril, mas apenas 22 dias depois, no dia 3 de maio, a Prefeitura pediu a retirada do processo. Isso foi feito um dia após a reportagem solicitar um posicionamento da Câmara sobre a Adin – o presidente do Legislativo, Alberto Barreto (PRTB), que é um dos autores da lei, é da base aliada ao prefeito.

No fim de junho, o desembargador Francisco Casconi, relator do processo, rejeitou o pedido de retirada, destacando que a legislação não admite a desistência de ações diretas de inconstitucionalidade.

LEI.
O projeto que deu origem à lei foi apresentado em dezembro de 2021 pelos vereadores Alberto Barreto, Boanerge dos Santos (PTB) e Vivi da Rádio (Republicanos). O texto, aprovado na Câmara em agosto de 2022, prevê até a suspensão das atividades das escolas particulares que adotarem a 'linguagem neutra'. No caso das instituições públicas, as sanções seriam aplicadas aos servidores.

Em setembro de 2022, Saud vetou o projeto, sob a alegação de que a proposta seria inconstitucional, pois apenas a União poderia legislar sobre o tema. O veto acabou derrubado em outubro pelos vereadores. Em novembro passado, a Câmara promulgou a lei.

Na Adin, Saud repete a alegação de que apenas a União teria competência para propor esse tipo de lei. O prefeito argumenta ainda que “a valorização das diferentes variedades do Português” objetiva “combater o preconceito linguístico”. Em 17 de abril, antes do pedido de desistência e da rejeição dele, o relator negou a concessão de uma liminar que suspenderia a eficácia da lei até o julgamento do mérito da ação.

PARECER.
A PGJ (Procuradoria Geral de Justiça) emitiu parecer em que pede que o TJ julgue a ação procedente.

No parecer, a PGJ aponta que a lei “é inconstitucional”, pois trata “de questão que está na esfera de competência do legislador federal”, que são as “diretrizes e bases da educação nacional”.

A PGJ ressalta ainda que a lei aborda “tema relacionado à proteção da criança e do adolescente”, que é de competência federal e estadual.