Em fevereiro de 2023, o torcedor do São José vivia um momento sombrio dentro de campo. Afinal de contas, se passavam seis rodadas do Campeonato Paulista da Série A-3 e ainda não tinha vencido ninguém, com apenas três empates e três derrotas, na zona de rebaixamento.
Após a quinta rodada, a diretoria da SAF (Sociedade Anônima de Futebol), que assumira o clube meses antes, agiu de forma radical para evitar a degola. Demitiu o então técnico Max Sandro e repatriou Ricardo Costa, o herói do acesso para a Série A-3 em 2020 e ainda contratou mais alguns jogadores, com a missão de evitar o rebaixamento de novo.
Mas, o resultado saiu melhor que a encomenda. Afinal de contas, sob comando do novo treinador, a Águia do Vale conseguiu uma incrível arrancada e se classificou para a segunda fase. E, não só ficou entre os oito melhores, como fechou na vice-liderança.
Depois, o melhor ainda estaria por vir. No quadrangular, avançou para a semifinal e, então conquistou o tão sonhado acesso para a Série A-2. Então, nove anos após o vexatório rebaixamento da Era Geleia, o São José estava de volta à divisão de acesso da elite estadual.
Ainda que tenha perdido as finais festivas da Série A-3 para o Capivariano, o mais importante era o acesso. Mais que, simbolicamente, representar o fim definitivo da ‘Era Geleia’, que colocou o clube na Quarta Divisão em 2016, também significava um salto na gestão do clube.
COPA PAULISTA E MOMENTO HISTÓRICO.
Contudo, o ano ainda não tinha acabado para o São José. Aliás, ainda não acabou. Isso porque ainda teria a Copa Paulista no segundo semestre, um torneio normalmente encarado como um ‘laboratório’ para a Série A-2 do ano seguinte.
Também é um torneio em que, historicamente, o São José não fazia boas campanhas. Tanto é que, na última participação, em 2015, somou apenas um ponto. Mas, em 2023, seria totalmente diferente.
Após uma estreia ruim com derrota fora de casa para a Portuguesa Santista e um empate frustrante contra a Portuguesa de Desportos em casa, quando levou gol no último lance, a Águia do Vale não tropeçou mais e foi ganhando jogos atrás de jogos.
Desta maneira, avançou à segunda fase e eliminou o tradicional Marília, um carrasco de anos anteriores. Depois, reencontrou o Grêmio Prudente na semifinal, o mesmo adversário contra o qual conquistou o acesso à Série A-2 no primeiro semestre.
Mas, agora, valia vaga nas finais da Copa Paulista e a volta a um torneio nacional após 24 anos. E deu certo. O São José passou pelo adversário e, desde a estreia, não perdeu mais.
Agora, decide o título da competição estadual em dois jogos contra a Portuguesa Santista. Se for campeão, vai poder escolher a vaga na Série D do Campeonato Brasileiro. Porém, se perder, poderá jogar a Copa do Brasil, caso a Briosa opte pelo outro torneio.
A última vez que a Águia esteve no cenário nacional foi em 2000, na Copa João Havelange, módulo branco, uma espécie de Série C. Mas, naquele ano, com problemas de gestão e sem dinheiro, teve uma campanha vexatória, somando apenas um ponto no torneio.
SALTO DE GESTÃO.
Por falar em gestão, o torcedor do São José agora vislumbra uma nova era no clube, com um novo comando. Afinal de contas, o grupo do empresário Oscar Constantino assumiu a SAF e já está injetando dinheiro, pagando salários em dia e atraindo a presença de mais torcida no estádio.
Além disso, a empresa também vai fazer a gestão do estádio Martins Pereira, onde São José poderá mandar os jogos sem maiores problemas. Em outros tempos, teve até mesmo que pagar para jogar no estádio que construiu.
E a mostra de que a gestão do clube evoluiu foi a própria campanha na Copa Paulista, onde o São José montou um time altamente competitivo e chegou a mais uma decisão. No jogo que garantiu a vaga nas finais, a Águia gerou uma renda de mais de R$ 130 mil, com um lucro líquido de R$ 105 mil, mostrando também a viabilidade do clube.
TORCIDA DE VOLTA AO ESTÁDIO.
Por falar nisso, o São José também registrou o retorno do público em peso ao estádio Martins Pereira. Por exemplo, no jogo contra o Grêmio Prudente, quando venceu por 2 a 0 e garantiu a vaga na final, teve mais de 9.200 pagantes.
Ainda nos outros jogos da Copa Paulista, a Águia do Vale sempre registrou os maiores públicos. Na final da Série A-3, contra o Capivariano, foram mais de 12 mil presentes ao Martins Pereira.
Agora, o time da região está de olho em mais uma final e em busca de um título inédito em sua galeria. O último título conquistado pelo clube foi o da Quarta Divisão, em 2020, contra o Bandeirante de Birigui.
E as finais contra a Portuguesa Santista já estão marcadas: neste sábado, dia 7, a partir das 15h, no estádio Ulrico Mursa, em Santos. Depois, no dia 14, recebe a Briosa no Martins Pereira, também a partir das 15h, ambos os jogos com transmissão ao vivo pela TV Cultura.