12 de dezembro de 2024
INVESTIGAÇÃO

PCC usa prostituição e agiotagem para lavagem de dinheiro em São José, aponta polícia

Por Da redação | São José dos Campos
| Tempo de leitura: 2 min
Imagem ilustrativa
Investigação foi realizada pela Polícia Civil

Maior facção criminosa da América Latina, o PCC (Primeiro Comando da Capital) está usando casas de prostituição e agiotagem para lavagem de dinheiro em São José dos Campos, segundo aponta investigação da Polícia Civil.

Após três meses de investigação, os policiais deflagraram uma operação em São José e identificaram um endereço na cidade usado pelo grupo criminoso como ponto de prostituição.

O principal objetivo da casa seria mascarar o dinheiro arrecadado com o tráfico de drogas, a maior fonte de financiamento do PCC. Mas a casa também servia como local de encontros das principais lideranças do crime organizado no Vale do Paraíba.

No imóvel, segundo a investigação, líderes do PCC distribuíam ordens vindas das cadeias, davam aval para assassinar rivais e debatiam o andamento dos ‘negócios’ da facção, como tráfico de drogas e de armas.

LEIA MAIS: Exclusivo: o estado paralelo do PCC no Vale do Paraíba

DISCIPLINA

Ocupantes da casa trabalhavam como ‘disciplina’ da organização criminosa, coordenando a região para assuntos relativos à justiça do crime, sob o comando do ‘Geral da Cidade’, como são chamados os líderes locais do PCC.

O ‘disciplina’ também participa e organiza os ‘tribunais do crime’, quando a facção faz seu justiçamento e impõe a ‘ética do crime’ nas ruas.

“Houve encontro de cadáveres com característica de execução [em São José]. Essa informação que estava esparsa foi trabalhada pela nossa inteligência. A partir daí, após três meses de investigação, a gente deflagra, em duas etapas, uma operação prendendo esse intermediário do PCC que é chamado de disciplina”, contou o delegado Renato Topan à TV Record. O policial pertence à Deic (Divisão Especializada de Investigações Criminais) de São José.

PRISÕES

Na operação, três pessoas foram presas em flagrante por suspeita de ligação com o crime organizado: Adriana Gonçalves, a ‘Navalha’, que coordenava os tribunais do crime no município, Laíssa Costa, responsável por transmitir ordens do PCC aos demais líderes da facção, e Raphael Marques, que coordenava uma das casas de prostituição utilizadas pelo grupo.

Durante a primeira fase da operação, a Polícia Civil apreendeu farto material com nomes, apelidos, contabilidades, ordens e demais anotações da facção criminosa. Havia nos papéis até de uma sentença de morte.

“Encontramos anotações de negócios ilícitos, como organizar esses negócios e até uma caderneta a respeito de uma casa de prostituição possivelmente usada para lavagem de dinheiro. Além disso, também foi encontrado um ponto interessante que é a agiotagem praticada por essas pessoas. Uma das formas de lavar o dinheiro e fazer com que esse dinheiro ilícito das drogas flua é fazer agiotagem”, afirmou o delegado.

Segundo ele, os policiais também encontraram material que prova a comunicação dos criminosos de São José com membros do PCC que estão em presídios.

“Tinha uma conexão muito forte entre essa célula da organização que estamos investigando e a comunicação que é feita para dentro do presídio. Há um fluxo de informações que passa de criminosos presos para criminosos soltos. Toda administração, como organizar os pontos de tráfico e tudo mais é feito entre essas pessoas.”

LEIA MAIS: Vida se paga com vida: o código penal do PCC