06 de outubro de 2024
OPINIÃO

Mobilidade: o que ainda não mudou?

Por Federica Fochesato | Mestre em Planejamento Urbano e Regional, é educadora e jornalista
| Tempo de leitura: 1 min

Como ciclista urbana que usa a bicicleta há 30 anos como meio de transporte - e não como mero lazer -, me perguntam sobre as mudanças que estamos assistindo quanto à ciclomobilidade em São José dos Campos.

Explico: construir ciclovias para a maior segurança de quem pedala, bem como ampliar os espaços pedonais para a caminhabilidade é lição mais do que básica. Porém, eis a questão: além disso não bastar e revelar cruciais erros de uma gestão que teima em aceitar a bicicleta como meio de transporte, muito do que vem sendo malfeito se explica justamente por aquilo que não vem sendo feito. Chega a ser deboche “jogar” para a calçada ciclistas e pedestres obrigando-os a compartilhar o espaço (para não dizer, disputar). Refiro-me à avenida José Longo, espaço que, recentemente, não foi contemplado com um inteligente projeto de acolhimento de quem experiencia a cidade a pé e de bicicleta. E, para completar o escárnio, cabe citar a polêmica e deliberada remoção da ciclofaixa de parte da avenida Anchieta.

Em ambos os casos, cabe sair da rasa discussão e refletir: enquanto o espaço que é dado à circulação e estacionamento dos veículos motorizados privados seguir imaculado, não só “remendos” restarão a quem não usa o automóvel como meio de transporte em seu ir e vir. Praticamente tem que se pedir – ainda - uma espécie de licença para estar, de bicicleta, aqui ou ali! Logo, nestes anos todos, à mudança maior não se assistiu: a de paradigma sobre quem deveríamos privilegiar na circulação urbana para muito além das infraestruturas.