27 de dezembro de 2024
Hélcio Costa

Ser ou não ser, eis a questão?

Por Hélcio Costa | Jornalista
| Tempo de leitura: 2 min

Só Freud explica. Ou, quem sabe, Shakespeare, mestre na arte de vislumbrar o que de mais profundo habita a alma humana.

A dedicação que Alexandre Blanco tem em solapar as bases do PSDB de São José dos Campos merece uma reflexão um pouco mais profunda. Enteado de Emanuel Fernandes e filho de Juana Blanco, casal símbolo desse novo jeito de fazer política em São José dos Campos, construído a partir do início dos anos 1990, Alexandre tem atuado com afinco para dinamitar o chamado "PSDB de raiz" na cidade.

Logo após seu partido ser "desossado" pelo acordo político firmado entre Gilberto Kassab e Felício Ramuth, ele aceitou um cargo de confiança no governo Anderson Farias, fazendo muita gente distraída acreditar na adesão dos tucanos ao projeto de hegemonia do PSD. Depois, com o PSDB dividido entre aderir ao governo (que havia ter sido seu) ou ser oposição, Alexandre resolveu disputar o diretório local do partido em oposição a José de Mello Corrêa, Eduardo Cury e ao próprio Emanuel --que, embora afastado da sigla, ainda é uma espécie de guru político desse "PSDB raiz". Barrado pelas regras internas, foi à Justiça. Barrado de novo, "espinafrou" as lideranças do PSDB e pregou abstenção na convenção do último domingo. Perdeu de novo. Acabou? Duvido.

Alexandre promete ser uma "pedra no sapato" do PSDB até as eleições municipais, no ano que vem. Para isso, conta com o apoio dos novos "caciques" do PSD da cidade, aliás, todos ex-tucanos de carteirinha. Isso tem uma razão clara: se tem quem possa fazer sombra a Anderson no pleito de 2024 é o PSDB e seu potencial candidato, Eduardo Cury, ex-prefeito e ex-deputado que desponta como favorito nas pesquisas sérias de intenção de voto feitas até agora, uma delas pelo "Vale". E, nessa briga PSDB-PSD, Alexandre já declarou: apoia a candidatura de Anderson, de quem é secretário de Projetos Especiais.

Vamos falar claro: Alexandre tem direito a brigar pelo diretório? Sim, é claro. Tem também o direito de defender posição pró-governo dentro do PSDB? Sim, também tem. Aliás, é bom lembrar que o atual governo começou tucano, com Felício nas eleições de 2016 e 2020, além de ter o PSDB impregnado em seu DNA. Alexandre tem também o direito de integrar o governo, já que, oficialmente, não há restrição do PSDB a isso. O que chama atenção, no entanto, é a insistência (para alguns, teimosia) que move Alexandre. Insistência já demonstrada em 2012, quando "arrancou" a fórceps sua candidatura a prefeito, dividindo o PSDB, descontentando diversas lideranças e abrindo caminho para a vitória do PT de Carlinhos Almeida.

Craque em desnudar a alma humana, Shakespeare já vaticinou em "Hamlet", clássico da dramaturgia escrito há mais de 400 anos: "Existem mais mistérios entre o céu e a terra do que pode explicar nossa vã filosofia." Como eu sempre digo e repito, de tédio, a gente não morre.