28 de novembro de 2024
VLS, 20 ANOS

Após acidente com VLS, Brasil aposta em novo lançador de satélites com voo para 2025

Por Xandu Alves | São José dos Campos
| Tempo de leitura: 2 min
Divulgação
Torre de lançamento do VLS após o acidente

O sonho ainda pode decolar.

A tragédia da explosão do VLS-1 (Veículo Lançador de Satélites) na base de Alcântara, no Maranhão, completa 20 anos com marcas profundas na vida dos familiares dos 21 profissionais de São José dos Campos que morreram no acidente, em 22 de agosto de 2003.

Eles estavam a quase 3.000 quilômetros de casa almejando ir ainda mais longe: enviar ao espaço um veículo lançador de satélites todo construído no Brasil.

O equipamento abriria portas e oportunidades ao país dentro do cenário aeroespacial mundial, restrito a poucos países tecnologicamente mais avançados.

Mas essa janela de oportunidade morreu com a explosão do VLS, mudando para sempre a vida das famílias enlutadas e do PEB (Programa Espacial Brasileiro).

“Nosso maior desejo é de que a morte deles não tenha sido em vão. Que o programa espacial continue e prospere. Era o trabalho da vida deles”, diz Doria Maciel, 62 anos, empresária e viúva do engenheiro Sérgio Cezarini, uma das vítimas do VLS.

O país até tentou. Construiu uma nova e mais segura base de lançamentos lá mesmo no Maranhão – rebatizada de CEA (Centro Espacial de Alcântara) – e revisou o projeto do VLS-1, mas ele acabou extinto em 2016.

Em 2020, o primeiro satélite 100% brasileiro de observação da Terra, o Amazônia-1, projetado e desenvolvido no Inpe (Instituto Nacional de Pesquisas Espaciais), em São José dos Campos, foi lançado na Índia. Sozinho, o Brasil ainda não consegue levar um satélite ao espaço.

Para piorar, o orçamento do PEB encolheu desde 2016, com um declínio mais acentuado nos dois últimos anos. Um sopro de esperança renasce em 2023, com mais recursos e sinais de retomada.

Novamente São José dos Campos faz história, marcada pela tragédia das 21 vítimas do VLS e que pode ter um novo capítulo a partir de 2025, reavivando o sonho daqueles bravos técnicos e engenheiros.

Sediado na cidade, o IAE (Instituto de Aeronáutica e Espaço) está construindo o VS-50, maior motor para foguetes já desenvolvido no país. O primeiro teste em solo foi feito em outubro do ano passado.

O motor será o principal propulsor do VLM-1 (Veículo Lançador de Microssatélites), o acalentado projeto do programa espacial do país.

O investimento é de cerca de R$ 170 milhões, dos quais já foram gastos R$ 110 milhões. Maior parte serviu para contratar a Avibras, empresa da RMVale, para a produção de seis motores S50 para equipar o foguete VS-50, veículo suborbital que será construído antes do VLM-1. Contudo, os motores do VLM-1 ainda não foram contratados – os recursos dependem do governo federal.

O primeiro voo do VLM-1 está planejado para 2025. Ele está sendo projetado para colocar até 30 kg de carga útil em órbitas baixas, a 300 quilômetros de altitude. O equipamento será usado basicamente para lançar nanossatélites.