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09 de maio de 2024

RESISTÊNCIA

Calibre da cor: pretos e pardos são maioria entre mortos em confronto com as polícias

Relatório da Ouvidoria mostra perfil mortas em decorrência de intervenção policial em São Paulo

Por Xandu Alves
São José dos Campos

24/08/2023 - Tempo de leitura: 1 min

O perfil da morte.

Pessoas mortas em decorrência de intervenção policial têm um perfil específico: mais da metade são pardos e pretos, grupo que representa 56% das mortes, de acordo com relatório da Ouvidoria da Polícia do Estado de São Paulo.

Os brancos foram 31% das mortes entre 2019 e 2021, segundo os últimos três relatórios anuais divulgados pela Ouvidoria.

Ao todo, morreram 2.044 pessoas em ocorrências de 'resistência' ao trabalho policial de 2019 a 2021, sendo que 1.143 eram pardas e pretas e 636, brancas – em 265 registros não consta a etnia da vítima.

O Vale do Paraíba é a quarta região no ranking das mortes em confronto, com 83 ocorrências nos três anos, superada pela Baixada Santista (215), Piracicaba (120) e Campinas (90).

Contudo, no primeiro semestre de 2023, o Vale teve o maior aumento de mortes em confronto com as polícias de todo o estado: 150%, com 10 óbitos contra 4 no mesmo período de 2022. Os dados são da SSP (Secretaria de Estado da Segurança Pública).

PADRÃO

Para o ouvidor das polícias, Claudio Aparecido da Silva, há duas preocupações com relação à letalidade policial: mortes precisam ser evitadas e há populações historicamente mais sujeitas a essa violência.

“Os dados indicam um perfil ‘padrão’ das pessoas mortas em decorrência de intervenção policial. Nota-se uma maioria de jovens, negros e periféricos, indicando maior vulnerabilidade da população negra, da juventude e da população pobre.”

Segundo ele, é necessário o enfretamento à mortalidade da população preta, pobre e periférica, com a qualificação dos instrumentos de controle e formação das forças policiais, numa lógica antirracista.