O desafio na pauta.
Cidade do ‘coração’ de milhares de migrantes, nacionais e estrangeiros, Campinas e seus 1,13 milhão de habitantes têm muitos desafios.
Nem toda a riqueza da cidade a livra de gargalos históricos, como o déficit habitacional e o meio ambiente, e outros que pioram com o aumento populacional, como o transporte público, o atendimento em saúde e a infraestrutura.
A recente polêmica com as casas embriões de 15 m² deixou mais evidente o déficit habitacional, cuja fila para a casa própria tem 40 mil pessoas.
A administração do prefeito Dário Saadi (Republicanos) foi criticada pela falta de uma política pública habitacional.
“Uma cidade com as condições financeiras como Campinas não tem política habitacional, não tem política de financiamento”, disse Alexandre Mandl, um dos advogados da Ocupação Mandela.
“O projeto mostra que, do ponto de vista da moradia, a prefeitura reforça as desigualdades”, afirmou a vereadora Mariana Conti (PSOL).
TRANSPORTE.
Ocupando área de 795 km², Campinas não conta com metrô ou trens para o transporte coletivo, apenas ônibus. O serviço é alvo de reclamações constantes dos usuários, tanto que a prefeitura aposta em um novo sistema.
A prefeitura relançou a licitação da nova concessão do transporte público, dois meses após o TCE (Tribunal de Contas do Estado) determinar correções no edital.
O contrato será de 15 anos por R$ 8,2 bilhões, acréscimo de R$ 600 milhões em relação ao valor previsto inicialmente.
A prefeitura informou que o processo inclui frota do sistema BRT (Ônibus de Trânsito Rápido) e veículos modernos e confortáveis. As ofertas devem ser apresentadas até 20 de setembro de 2023.
REVITALIZAÇÃO.
Outro desafio é a revitalização da região central, um dos principais projetos da gestão, com três áreas estratégicas: o aeroporto de Viracopos e o seu entorno, o centro e o pátio ferroviário, linha final do futuro Trem Intercidades.
Para incentivar a modernização do centro, a prefeitura lançou incentivos fiscais que podem chegar a 11 anos de isenção de IPTU para mudar a paisagem da região central.
Outra meta é recuperar parte do pátio ferroviário de 300 mil m² e implantar um grande parque, com escola, área de inovação e novo paisagismo.
Na saúde segue a reforma no prédio principal do Hospital Mário Gatti, uma das principais unidades do município e que completou 49 anos.
A previsão é de que, até o final do ano, entre em funcionamento um novo pronto-socorro adulto, que terá sua área ampliada de 1,86 mil m² para 2,58 mil m². Esse aumento ocorre com a incorporação da área do antigo pronto-socorro infantil.
Em dezembro, houve a inauguração do Hospital Mário Gattinho, nova unidade infantil da cidade, mas cujos leitos de UTI só foram abertos em 20 de abril deste ano.
PESQUISA.
O transporte público em Campinas foi considerado ruim ou péssimo por 41% da população em levantamento OVALE/Sampi/Ágili Pesquisas -- 0,49% classificaram como ‘ótimo’ e 11% como “bom”.
Presidente da Emdec (Empresa Municipal de Desenvolvimento de Campinas), Vinícius Riverete disse que o transporte público é um “desafio gigantesco”, mas que melhorias estão ocorrendo.
“Temos uma série de ações para priorizar o transporte público. A grande maioria da população usa o transporte e temos que melhorar a qualidade, a eficiência, trazendo mais tecnologia e inovação para o sistema. Isso vai acontecer com a licitação, que está próxima de acontecer”, afirmou Riverete.
“Vamos ter novos ônibus, novos meios de pagamento, readequação do sistema para criar linhas alimentadoras para os corredores do BRT”.