Vende-se.
Ponto comercial com excelente localização, boa infraestrutura e condição facilitada, perfeito para o seu negócio. Favor tratar direto com o proprietário. Sigilo absoluto.
A descrição acima pode muito bem ser de um imóvel qualquer em busca de um novo empreendedor. Mas também serve para revelar a maneira profissional e estruturada com que o PCC (Primeiro Comando da Capital) cresce como uma organização empresarial.
Originária do Vale do Paraíba, a maior facção criminosa do país completou 30 anos utilizando métodos corporativos para aumentar seu lucro na sua principal fonte de renda, o tráfico de drogas.
O PCC criou um sistema de franquias para vender ou alugar as ‘lojas’, como são chamados os pontos de venda de drogas, também conhecidos como ‘biqueiras’.
Com a rede de franquias das ‘lojas’, a organização movimenta cerca de R$ 1 bilhão por ano, segundo apurações do Ministério Público e das forças de segurança.
As ‘lojas’ podem ser vendidas ou alugadas e chegam a custar R$ 2 milhões, como apurou a reportagem de OVALE. O mercado imobiliário do crime do PCC define o custo das ‘lojas’ de acordo com a localização e o fluxo de clientes.
Além de atuar no varejo, com a venda direta para o usuário de droga, o PCC também é fornecedor e controla o mercado no atacado, buscando monopolizar o tráfico de crack, cocaína e maconha nas ruas.
"É crucial lembrar que todas as lojas (...) recebem o entorpecente única e exclusivamente do PCC. Assim, é importante imaginar, a título de exemplo, que as lojas do PCC não passam de franquias que só vendem o produto fornecido pelo PCC", diz trecho de acusação apresentada pelo MP na região de Suzano.