A pouco mais de um ano das eleições municipais, as especulações aumentam em torno do cenário eleitoral em São José.
O prefeito Anderson Farias é candidato natural à reeleição.
Seu governo fez apenas entregas pontuais até o momento e muitas promessas apenas reciclam o que já havia sido prometido por seu padrinho político, Felício Ramuth.
Do ponto de vista eleitoral, no entanto, não importa. Anderson soube, como poucos, associar-se às bandeiras bolsonaristas em 2022, ganhando a confiança do eleitor conservador de São José, sem deixar de lado a imagem de “político cordial”, tão cara aos eleitores de centro.
Se não derrapar no discurso ou escorregar em alguma casca de banana de uma gestão muitas vezes medíocre, o prefeito chega como favorito em 2024.
Haverá alguma oposição?
Essa é a pergunta que efetivamente se impõe em São José.
Ao contrário de Taubaté, onde o clã Ortiz ameaça atropelar novamente, fazer oposição em São José tornou-se tarefa árdua não só para a esquerda tradicional, como para aqueles políticos que almejam se cacifar como terceira via (aquela que jamais decolou nos últimos 30 anos).
O ex-prefeito e ex-deputado federal Eduardo Cury é um nome bem cotado nas pesquisas de intenção de voto, seja pelo recall, seja pela avaliação positiva de suas duas gestões.
O PSDB parece, no entanto, um partido insepulto, inclusive em São José, onde reinou absoluto durante tantos anos.
Seus quadros migraram para o partido do governo. Seu legado foi apropriado pelos que mudaram de partido.
Cury virá como oposição a Anderson? É improvável. Se a previsão estiver errada, errada também está a postura pública do ex-prefeito: não se faz oposição sem expor por que se opõe.
O que Cury e Emanuel acham que está errado na Prefeitura de São José? O que precisa melhorar? Política não é só filosofia, o eleitor quer saber como sua vida e sua cidade poderiam mudar para melhor.
As mesmas questões desafiam o PT, que detém o monopólio da esquerda em São José. O partido segue fazendo a oposição clássica e minoritária em uma Câmara dominada e subjugada aos interesses do governo (um aprendizado político de Emanuel sob os auspícios de Jorley Amaral).
Com relação ao futuro da cidade, pouco ou nada parece ter a oferecer. É uma oposição focada no retrovisor.
Outros nomes e forças políticas? Há quem aposte em Dr. Elton e na força político-evangélica de Carlito Paes. Há quem sonhe com um bolsonarista “raiz”. Todos, de igual maneira, padecem da mesma dificuldade de apontar propostas para a cidade.
O fato é que nenhum eleitor será fisgado por um discurso construído apenas nos três meses oficiais de campanha política.